Acha estranho, deputado Montenegro?

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Acho estranho que Luís Montenegro ache estranho que “o primeiro-ministro e os seus “acólitos” estejam “com tanto medo” que o Parlamento “queira descobrir a verdade” sobre o acordo com a equipa de António Domingues na Caixa Geral de Depósitos (CGD)“. Não que me pareça estranho que um primeiro-ministro e respectiva entourage se possam sentir aflitos com a descoberta da verdade, seja lá que verdade for, mas que o senhor deputado veja aqui qualquer tipo de estranheza.

Senão vejamos: esta posta começa com uma montagem, gentilmente roubada (mesmo à esquerdalho) à radicalíssima Uma Página Numa Rede Social, que nos confronta com alguns exemplos, em muito idênticos ao referido por Montenegro, de situações em que o anterior primeiro-ministro e respectivos “acólitos”, entre eles o próprio Dr. Montenegro, estariam “com tanto medo” que o Parlamento quisesse “descobrir a verdade” que acabaram por impedir que os directores da Autoridade Tributária fossem ouvidos a propósito do caso da Lista VIP, que Cavaco respondesse por escrito a propósito do caso BES, que Passos Coelho (ironia máxima) fosse ouvido sobre as suas dívidas à Segurança Social e que Maria Luís Albuquerque respondesse perante os deputados sobre os polémicos swaps.

O último exemplo, que visa a antiga ministra das Finanças e o caso dos swaps, tem similaridades fabulosas. Em Centeno temos SMSs, com Maria Luís Albuquerque o email é a ferramenta. Com Centeno é a esquerda quem poderá chumbar a segunda comissão de inquérito, com Maria Luís foi o PSD e o CDS que a impediram de ser ouvida no Parlamento.

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via Uma Página Numa Rede Social

A situação de estranheza, postulada por Luís Montenegro, torna-se ainda mais estranha quando recentes declarações de destacados deputados da oposição parecem assentar como uma luva no já esquecido caso Maria Luís Albuquerque/swaps:

“O que é que escondem? Porquê e que regime democrático credível, que Governo credível vive com esta falta de transparência e opacidade?”
– António Leitão Amaro, PSD

“As comissões de inquérito criadas por uma minoria, seja ela qual for, têm de funcionar para permitir que o apuramento da verdade se faça.”
– José Matos Correia, PSD

“Iremos até às últimas consequências pugnar, lutar pela dignidade da instituição parlamentar.”
– Luís Montenegro, PSD

“Esta inibição de os deputados fazerem perguntas é própria de regimes totalitários. É inaceitável, é inadmissível em qualquer democracia.”
– Nuno Magalhães, CDS-PP

“O bloqueio das esquerdas é inadmissível num Estado de Direito democrático.”
– Assunção Cristas, CDS-PP

O problema é que, tal como Luís Montenegro, nenhum destes deputados achou estranho que fossem eles próprios a impedir o apuramento da verdade quando impediram a então ministra de responder perante o Parlamento, apesar dos indícios que, agora como então, parecem demonstrar inequivocamente que um alto responsável do governo mentiu. Esconderam, pactuaram com a “falta de transparência e opacidade”, não foram “até às últimas consequências pugnar, lutar pela dignidade da instituição parlamentar” e promoveram um bloqueio à direita, “inadmissível num Estado de Direito democrático”.

É por estas e por outras, senhor deputado e respectivos colegas de hemiciclo, que cada vez acreditamos menos em vossas excelências. Que recusamos a vossa retórica escandalosamente facciosa. Que vos apontamos o dedo por colocaram o vosso partido à frente do interesse nacional. Que nos abstemos em massa e temos uma péssima imagem dos senhores. Pagam os honestos, coitados, que podem ser poucos mas existem, e pagaremos nós enquanto a governação for um jogo de interesses e não um projecto orientado para as pessoas e para o país. Para todas as pessoas e para todo o país. No dia em que a pasokização chegar para alguns de vós, algo que espero sinceramente que aconteça num futuro próximo, espero ainda cá estar. Vai-me dar um gozo tremendo.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    A mim preocupa-me pouco aquilo que diz Montenegro, pois, mesmo assumindo uma postura hipócrita e demagógica, esse é o seu papel.
    A mim o que me causa náuseas, é assistir àquele discurso moralista de certos ideolólogis da direita, que vivem permanentemente num plano inclinado, como por ex. Prof. João Duque. Mas há muitos mais, estecnao é o único.
    E cito a dita sumidade:
    “O caso Centeno numa democracia estável seria insuportável. Por muito menos demitiram-se ministros”
    (jornal “i” 20-02-2017)

    Onde é que andava este senhor na anterior legislatura?
    Onde é que este professorzinho da treta dava aulas quando três orçamentos de estado foram parcialmente chumbados no TC entre 2011 e 2015?
    Alguém ouvi dele algum reparo? Como é que um professor universitário se dá ao desplante de nem sequer ser um pouco coerente com as ideias que defende?
    Portugal está cheio de merda desta. E não é por ter um bom curriculum que ele passa a ser uma pessoa respeitável.

  2. Paulo Só says:

    Quem é João Duque? É aquele das carta de jogar?

  3. Ana A. says:

    Concordo com a “posta”! E por isso, habituada que estou à postura facciosa da Direita, que abomino, esperava que este Governo estivesse mais atento e menos propenso a trapalhadas, e quando elas acontecessem, que estivesse disponível para fazer a diferença! É que o eleitorado que não tem palas nem sofre de partidarite aguda, nem tem tempo para acompanhar o “diz-que-disse”, pode também ele desconfiar dos eleitos e virar as costas às eleições… Não é o meu caso, pois penso possuir o discernimento necessário para separar o trigo do joio!

  4. Pobres de espírito e sobretudo falhos de memória. O ódio e o desespero é tão grande que mentir para eles torna-se recorrente.

  5. Urgente o envio de uma palete de “MEMOFANTE” para São Caetano à Lapa. Já agora mais uma palete de KOMPENSAN. Passos e os seus compinchas para além de desnorteados andam doentes.

  6. Anti-pafioso says:

    OUTRO ; FEIO PORCO E ALDRABÃO. .

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