Todos têm o direito à palavra

Desculpa meu caro João, mas não posso de forma concordar contigo. Jaime Nogueira Pinto que nem sequer é um radical por aí além, tem inteira legitimidade para expressar as suas opiniões. Olha, ele até pensa e defendeu a tese num medíocre programa de televisão, que Salazar foi o maior português de sempre. Uma enorme quantidade de imbecis concordaram com ele e não satisfeitos com a eleição do ditador, ainda foram eleger o aspirante a ditador, Álvaro Cunhal, como o 2º maior português de sempre. O que também revelou uma monumental ignorância sobre uma história quase milenar. No entanto jamais me passaria pela cabeça, mandar calar Odete Santos. É que entre o Tarrafal e um qualquer gulag, venha o diabo e escolha. Posso até brincar como fiz há dias, quando referi que Bernardino Soares considerou em tempos a Coreia do Norte uma democracia. Mas jamais defendi que o PCP deveria ser proibido ou ilegalizado.

Além do mais é contraproducente, já o escrevi aqui no Aventar, venham nazis, estalinistas ou maioistas, se quiserem marchar, descer a Avenida do Marquês ao Rossio, que sejam autorizados a fazê-lo. Pelo menos sempre podemos contar quantas dezenas são, se chegam a uma centena. O pior que existe é a censura. A superioridade dos verdadeiros democratas é lutar pelos direitos de todos, incluindo os que querem banir a democracia. E felizmente que Portugal vive em Democracia desde 25 de Abril de 1974, confirmada em 25 de Novembro de 1975. Oxalá que assim continue. E cada vez que cortares a palavra ou ilegalizares um movimento ou corrente de opinião, por mais extremista que seja, só lhe estarás a dar força. Enquanto amante da Liberdade, prefiro saber quem são os meus inimigos, aqueles que a querem derrubar, para me calarem. Porque como escreveu o poeta, “não há machado que corte, a raíz ao pensamento…”, seja o meu pensamento, o teu, o de Jaime Nogueira Pinto ou de quem quer que seja…

Comments

  1. Atento/Sempre says:

    Eu estava com algumas dúvidas se deveria responder a tantas provocações feitas numa altura em que os traidores á pátria foram corridos do governo (PSD/CDS do passos/portas, que me deu um certo gozo, apesar de nunca rer votado por nenhum deles! O Jaime Nogueira Pinto, que todos nós conhecemos, é um neoliberal com tiques a roçar o fascismo , e isso já o fez várias vezes…
    E por fim: Aconselho ler um pouco melhor a nossa história, pelo menos depois do 25 de abril de 74.
    Nem fascismo nem social-fascismo
    Um democrata e patriota

  2. tá bem tá says:

    “nogueira pinto nem é um radical por aí além” diz tudo o que é preciso saber acerca de antónio de almeida.

  3. O que me tem chocado no post a que este responde e nos respectivos comentários é a quantidade de gente que em nome da democracia quer silenciar os que falam diferentes deles, como se isso não fosse a primeira pedra atirada à democracia, como se esta última fosse possível sem a plena liberdade de expressão, inclusive dos que possam ser contra ela e é isto uma das razões desta ter uma superioridade moral face a qualquer ditadura ou totalitarismo..

  4. joão lopes says:

    eu tenho liberdade de expressão para dizer bem do estaline,ou do salazar? ou seja,qual a diferença? os dois citados eram contra a liberdade de expressão.Por outro lado este da direita,como outros da esquerda tem acesso previlegiado nas TVs para dizerem o que bem entendem…mas eu não tenho que concordar,por exemplo acho no minimo mal educado que o BE ou PCP sejam sempre apresentados como de extrema,quando não são…mas sendo assim,chamo de extrema direita o jornal Observado,que começou por fazer propaganda ao mario machado.ou seja,há gente em Portugal que nasceu com o rei na barriga(esquerda ou direita)

  5. Ferpin says:

    Não acho que o direito à expressão seja sagrado. Acho no entanto que a sua supressão deve ser reservada para casos extremos, como a defesa do nazismo, do holocausto, da escravatura, da pedofilia, etc.
    Ou então, deixe-se dizer as barbaridades e depois prenda-se.
    Deixar defender as coisas citadas em perfeita liberdade é relativizá-las.
    A conferência em causa não defendia genocídios e afins, apenas uns tipos com saudades do Salazar, coisa que se via em tempos em qualquer conversa de café.

    Já agora, o Bernardino não chegou tão longe na idiotice como afirma. Ele suavizou com “não tenho a certeza que a Coreia do norte não seja uma democracia”, o que me deu na altura a vontade de o mandar para lá para ele ficar esclarecido.

  6. Paulo Marques says:

    Ninguém o proíbe de falar, só não percebo é porque é que os clientes da instituição não lhe devem poder retirar o palco que são eles que pagam.

  7. José Peralta says:

    António Almeida

    Eu costumo ouvir, com muito agrado, aos domingos na Antena 1, depois do noticiário das 13 h., o interessante programa sob o sugestivo nome “Radicais Livres”, que são Rúben de Carvalho (PCP), e Jaime Nogueira Pinto !

    Também não concordei com o acto censório de impedir a conferência na U. Nova, que acabou por dar relevância e visibilidade aos promotores do evento !

    Não sabia o que era a “Nova Portugalidade” nem as suas “motivações patrióticas””, mas como o nome me “cheirasse” a esturro, fui ver quem eram tão “inocentes meninos” !

    A “nova portugalidade”… É ISTO :
    https://sol.sapo.pt/artigo/552442/nova-quem-convidou-nogueira-pinto-defende-que-salazar-e-uma-refer-ncia-em-tudo

    Curiosamente, inquirido na entrevista à SIC N, sobre o “acontecimento”, Jaime Nogueira Pinto respondeu, de forma evasiva, que “não sabia” quem eram os “meninos” nem as suas motivações ! Mas, curiosamente, estava muito bem informado sobre a Reunião Geral de Alunos, e que foi uma “minoria” que aprovara a moção de censura à sua palestra.

    E, “por mero acaso”, o acto censório provocou logo uma manifestação “muito numerosa de gatos pingados” (daquelas que você diz gostar de ver a descer a Av. da Liberdade…), à porta da FCSH, vociferando contra o ataque à liberdade de expressão !

    Foram esses “esquerdalhos do…pnr ! Que como se sabe, “não querem cortar a raíz ao pensamento” !

    • joão lopes says:

      em cheio,e mais uma vez aqueles que tem o rei na barriga,foram apanhados a defender regimes que proibiram a liberdade de expressão(salazar) por outro lado,os neocons lusos fartaram-se de fazer propaganda ao trump,e agora estão caladinhos que nem ratos(á espera da eleição da le pen,dai o constante ataque aos muçulmanos).

  8. Que nos livrem de fascistóides engravatados... says:

    Eu que não percebo nada de politica, digam lá se me pode esclarecer…

    De direita, salazaristas e afins tipos PP e afins, são aqueles que aldrabam as conta e mandam 10 mil milhões para o Panamá !
    São não são?
    É que ando cheio de duvidas.

  9. Rui Naldinho says:

    A excelente comentário, António Almeida. Subscrevo-o na integra.

    Só um pequeno pormenor no que diz respeito à votação dos maiores Portugueses de Sempre, feito pela Eurosondagem, penso eu.
    A RTP encomenda tudo à Universidade Católica, por norma, no que diz respeito a sondagens. Nessa, não sei porque razão, encomendou-a a outra empresa. Não ponho em causa a Eurosondagem, ela faz o seu trabalho em função das instruções do seu cliente. Mas isso até nem é relevante. Apenas um pormenor.
    Salazar e Cunhal foram os “eleitos dos portugueses nessa sondagem”, os que se predispuseram a isso, por uma “minoriazissima micrométrica”. Eu ignoro pura e simplesmente essas sondagens, conduzidas logo à partida com um propósito bem definido. Passar um atestado de estupidez ao cidadão eleitor, tornando-o um ignorante, para não dizer mesmo irracional. É óbvio, que os participantes valorizaram muito mais os sinais de honestidade, a sobriedade, o pudor, até uma certa castidade das figuras políticas, do que outros factores tão ou mais importantes. Mas isso também é culpa da medíocre classe política que por aí anda nas cadeiras do parlamento, do governo e até noutras instituições.
    Mas não necessitamos de ir muito longe. Temos exemplos do comportamento socialmente distorcido, ou mesmo assimétrico dos portugueses:
    Cavaco foi eleito com duas maiorias absolutas seguidas, como chefe de um governo. Depois caiu em desgraca, a seguir é eleito duas vezes seguidas Presidente, ainda que com menor adesão popular. Acaba de novo com níveis de popularidade medíocres.
    Por sua vez, o General Ramalho Eanes, figura ímpar da nossa democracia, pessoa séria, de uma integridade a toda a prova, apoiou sempre Cavaco em todas as eleições, mesmo depois de. alguns episódios de Cavaco, que em nada abonam o ex Presidente. Mas já não apoiou Marcelo Rebelo de Sousa, em detrimento do Professor Sampaio da Nóvoa, muito mais ligado à esquerda.

  10. É de homem , escrever e defender isso aqui (ou seja onde for). Concordo em pleno e a “criação” dos populismos é em parte culpa dos que se entretém a catalogar os que pensam diferente de radicais, extremistas e advogarem proibir; a outra parte importante de excluir as pessoas,estamos a assistir agora, em Portugal, com a protecção e criação de tachos e reformas douradas, ampliado pelo descarado nascimento de mais entidades e tachos , sem que os que já cá estão sejam responsabilizados porque temos que pagar trafulhices na CGD, BES, PPPś e ninguém é preso :

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