As economias do sul europeu salvaram as do norte

Quando a crise do sub-prime estava no auge e a estratégia europeia foi despejar dinheiro na economia, Portugal colaborou abrindo cordões à bolsa. Foi coroado com a maior dívida pública de sempre, que continua a aumentar, e com a terceira intervenção financeira no país.

Sócrates podia ter recusado seguir o plano mas tinha uma eleição para ganhar. E a Alemanha e seus satélites podiam ter travado o suicídio mas precisavam de manter o mercado das suas empresas.

A evidência deste enunciado está no superavit da Alemanha, por exemplo. Que contraria, sem consequência, as preciosas regras europeias.

Quando Dijsselbloem, o pau mandado de Schäuble, ontem vociferou aquele absurdo, mais um, e hoje o reafirmou, como pseudo-defesa, ignorou este contexto. Não porque o desconheça mas, certamente, porque precisa de reafirmar o seu lugar perante o directório europeu,  agora que o seu partido levou uma razia eleitoral. Em resumo, um caso de apego ao conforto financeiro que uma prateleira dourada com estrelinhas azuis traz.

Ou, ainda mais sumariamente, o retrato de um cretino.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Era bom que alguma esquerda socialista, em vez de se por a insultar o Sr. Jeroen Dijsselbloem, não é que ele não mereça, fizesse antes um exame de consciência, e se questionasse como puderam ir tão longe nos seus devaneios pequeno burgueses, ao ponto de esta gente sem escrúpulos, ávidos de protagonismo, subservientes ao poder financeiro, representarem hoje a social democracia europeia?
    Se estivéssemos a falar de um caso isolado, eu diria que no melhor pano cai a pior nódoa. Infelizmente as coisas são bem diferentes, e a social democracia europeia tornou-se nos dias que correm, numa coisa híbrida, sem um rumo, ziguezagueante, um manta de farrapos cheia de nódoas destas, não nos lembrássemos nós do legado de Tony Blair, José Sócrates, Geórgios Papandréu, François Hollande, Zapatero, entre muitos outros.
    Faz algum sentido falar hoje em social democracia? E qual o lugar que ocupa no xadrez politico internacional? Pelo que vejo na União Europeia, o seu papel é pouco mais do que decorativo. E com protagonistas destes, ainda pior. Nos EUA, apesar do Partido Democrata não estar representado na IS, é com estes que a social democracia mais se identifica. Viu-se o que se passou em 2016. Bernie Sanders foi derrotado pelos camaleões.
    Não, não se enganem. O tumor está cá dentro, e, ou o expurgamos depressa, se é que ainda vamos a tempo, ou cairemos, isso sim, nas armadilhas que a extrema direita nos há de colocar no caminho.
    “Assim, mais do que a direita – que apesar de ter protagonizado a agenda austeritária vai resistindo a estes embates – é sobretudo a social-democracia que está a sucumbir às ondas de choque provocadas pela austeridade. Este dado não deve causar estranheza, pois se para direita a austeridade é consonante com parte do seu ideário político, já para a social-democracia esta representou desde o seu início, um programa contranatura à sua matriz fundacional”

    PS. É lógico que este texto, nada tem a ver com o autor em cima, pessoa que prezo, e com a qual me identifico, em quase tudo o que ele escreve. Tem sim a ver, com aqueles que andaram anos a dormir, embriagados com os mercados, são sempre bons enquanto nos vão enganando, e agora se queixam que são os seus “próprios familiares” que os estão a sacanear.

  2. Paulo Marques says:

    E salvar a banca dos amigos do rodinhas, não se esqueça, razão pela qual também não estão interessados em resolver o problema grego.

  3. joão lopes says:

    acontece que em vez de falar de “povos”, se falar de nomes como joe berardo,pereira coutinho ou felipe vieira(estes são alguns dos que tiveram acesso a credito muito facil,e agora não pagam),o homem tem absoluta razão…

  4. José Manuel Brandão Pinto says:

    Que dizer do precioso auxílio das empresas PSI20 que pagam impostos na Holanda e não cá, onde operam??

  5. anónima says:

    Muito antes de Disselblom, já nós próprios falávamos em “Ferraris no Vale do Ave”, em “patos bravos da construção civil”, em “presidentes de câmara das rotundas, dos pavilhões e das piscinas olímpicas”, em “Fundo Social Europeu e cursos de formação de formadores”, …

    Corolário:
    “Sócrates podia ter recusado seguir o plano mas tinha uma eleição para ganhar.” Poder podia, mas no fundo nenhum de nós queria.

  6. É mesmo o retrato duns cretinos. O homem não mencionou ninguem (até disse eu) mas apareceram tanto ofendido. Será que o retrato encaixou ?

Trackbacks

  1. […] ‘extra-conjugais’, cozinhadas nas panelas fundidas mais a norte. Compreendemos Jerrorrejdfdijhvchem que estejas preocupado com a panela, mas acalma-te filho… vai dar uma volta, ver as montras, […]

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