Pedro Pereira Neto
Paulo Dentinho, na sua qualidade de director-logo-especialista-em-tudo, em directo a generalizar a partir de pessoas que vão a mesquitas para pessoas que são terroristas, falando de “esta gente”. Nada de novo.
Talvez na sua qualidade de português-logo-católico-logo-equivalente-ao-terrorista-cristão-anders-breivik, devesse ter algum cuidado com a ligeireza da generalização xenofobico-doce que aplica a outrém.
Nem vou comentar esta prática de consanguinidade profissional de fazer-se convidar para o noticiário do próprio canal: prefiro deter-me na constatação de que estamos tão bem servidos de pirómanos nas ruas como nas redacções.
Talvez por isso seja tão mais fácil noticiar Wilders em vez de Klaver. Talvez também não seja apenas nas forças de segurança que o pensamento exclusivista tem ganho terreno.
Depois de o ler, e eu até sei que Paulo Dentinho, um retornado como eu, tem deslizes que me parecem inadequados e indignos de um Diretor de Informação de uma Estação Pública,
Depois de ouvir aquele holandês imbecil, xenófobo e racista, apateceu-me reler aquele poema de Brecht, e antes dele, a mesma concepção, a indiferença diante da escalada do autoritarismo, com o “E Não Sobrou Ninguém” de Vladimir Maiakovski,
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns “islâmicos”. (operários)
Mas não me importei com isso
Eu também não era “islâmico”. (operário)
Depois prenderam os “sul americanos”. (miseráveis)
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou “sul americano” (miserável)
Depois agarraram uns “europeus do sul ” (desempregado)
Mas como Eu “não nasci no sul” (tenho emprego)
Também não me importei.
Agora estão levar-me.
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Mas eles ainda não perceberam que a ganancia não é saciável e que os que não lhes importa agora são só o aperitivo, o banquete vão ser eles.
Sim, isso faz-me lembrar os “mercados” que a Marilu queria satisfazer. Ora a essência do mercado é a diferença, não o equilíbrio. Na informação é a mesma coisa. Há que saber quando se apagar. Mas nunca contentar. O liberalismo só funciona com a escassez, natural ou provocada. No mercado da abundância que é o nosso (consumo e informação digital) ele se transforma em corrupção, e em casino. O valor do jornalismo é o esquecimento, o silêncio.
Infelizmente não é um deslize…é propositado.
O deslize foi de quem o nomeou diretor de informação, ele está no seu papel, coitado, faz o que pode. Já não se lembra, mas tudo começou com o Bush e o Blair. E a maioria das vítimas está em Alepo e Mossul, não em Paris, nem Londres, nem Bruxelas. Alguém é sempre o vândalo de alguém.
Porque é que cada vez mais me parece que estes supostos jornalistas, não são mais que propagandistas dos piores terroristas que grassam por este mundo?