Justiça suspensa

O homicida autor do massacre na Freguesia de S. Verissímo, Barcelos, tinha sido, há meses, condenado a três anos de prisão por ter agredido com um ferro, de modo brutal, a sogra e a filha – esta grávida. A violência posta no acto só não foi fatal porque os vizinhos intervieram. Apesar disso, e apesar das ameaças às testemunhas que se recusaram a defender o criminoso, o juíz que, como é habitual e jurisprudência por cá, deve achar essa coisa de violência doméstica é uma modernice, suspendeu a pena, deixando em risco as vítimas – obrigadas a abandonar a região – e as testemunhas. Quer dizer, o confesso assassino deveria, nesta altura, estar preso, cumprindo a pena estabelecida, em vez de andar a matar pessoas. Espero que o/a juiz da causa tenha os pesadelos que merece. E espero, sobretudo, que a justiça no nosso país passe a pesar de outro modo este tipo de crimes .

Comments

  1. Konigvs says:

    É curioso de facto.
    Ainda por estes dias era noticiado que a única pessoa condenada (as outras foram absolvidas) num lar para jovens de uma Misericórdia, foi a diretora porque tinha sexo com um dos jovens, e este, por se sentir tão violentado e humilhado, depois andava a gabar-se e mostrando aos amigos os arranhões que ela lhe fazia. Nove anos de cadeia!! Acho que esta decisão do tribunal tresanda a machismo.

    Mas a Justiça está suspensa quando todos os corruptos, políticos e banqueiros, que tão mal fizeram às pessoas e ao país, continuam todos por aí à solta, porque a Justiça está também ela nas mãos do polvo, do dinheiro e da maçonaria.

    • José Fontes says:

      Konigvs:
      Esqueceu-se do outro braço invisível que influencia a Justiça, a Opus Dei.
      Lapso lamentável.
      Mas não inocente, certamente.

      • Rui Naldinho says:

        Pois, faltou essa parte. E a maçonaria aqui não entrará também?

        • José Fontes says:

          Rui:
          O Konigvs fala da Maçonaria mas esquece-se da Opus Dei.
          Ora, alguns da Maçonaria ainda têm comido pela medida grossa ou estão na calha: Sócrates, Vara, etc.
          Quanto aos da Opus Dei, são todos beatificados: Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Arlindo de Carvalho, etc.

          • Konigvs says:

            Sim, eu esqueci-me propositadamente da Opus Dei, porque sou, reconhecidamente, um cristão fervoroso! Tal e qual!

    • José Fontes says:

      Senhor Konigvs:
      Para si, se os adversários políticos, ideológicos ou religiosos cometerem uma infracção ou um crime, o senhor denuncia-os.
      E faz muito bem.
      Eu também faço isso.
      Mas se se tratar dos seus correligionários, o senhor fica calado.
      E faz muito mal.
      Eu não ficarei calado nunca.
      É a diferença entre um fundamentalista sectário e uma pessoa normal.
      Afinal, que diferença faz o senhor dos fanáticos do Estado Islâmico, intolerantes contra todos os outros, tolerantes com os seus?
      Não degolar ninguém?
      Deve ser isso, mas é pouco.

  2. A vida do alegado assassino não começou quando agrediu a filha grávida e a sogra. A “vida criminosa” visível sim começou aí.
    Ou seja, é de admitir a hipótese que o tal traço de personalidade sociopata ou psicopata de que falam os psiquiatras e psicólogos, já tinha expressão muito antes. Admito que o animal-homem já deveria ser um “traste” jeitoso, à semelhança de muitos que andam por aí a ameaçar familiares, vizinhos, etc. Os tais que não gostam de ser contrariados, insensíveis à dor que provocam aos outros, egoístas, que executam sempre as suas ameaças, obsessivos. Quem não conhece pessoas assim?! É ver alguns a ocupar lugares de poder!!!… No entanto não esperamos que cometem deste tipo de crimes.
    A justiça, faz parte do aparelho repressivo do Estado e, neste estado de coisas está na mão de quem o controla, ou seja da mão de parte dessas organizações que já foram nomeadas.
    O Povo é chamado apenas a delegar o poder nos representantes que são escolhidos nas listas de eleições por outros. é ver a “bagunça” na escolha dos candidatos às autárquicas. O regulamento do partido prescreve uma coisa, mas é outra que é decidida.
    A Justiça, apesar de ser parte do parelho repressivo deveria ser mais actuante, estar mais desprendida dos focos de inquinação ( dinheiro, maçonaria, opus dei).
    Até lá…

    • Konigvs says:

      Não percebi onde queria chegar. Se a culpa de determinada pessoa agir desta ou daquela forma é do ADN, então ninguém deveria ser punido por isso. No fundo somos todos inimputáveis.

      Mas depois, independentemente do ADN com que cada pessoa nasce, todos os seres vivos nascem com a capacidade de distinguir o bem do mal.

      Ou estava a querer dizer que, quando tivermos um aparelho para detetar no teste do pezinho, perfis de psicopatas, devemos prender ou matar os bebés à nascença, mais ou menos como no filme futurista Minority Report?

      De repente lembro-me de outro filme, “Trading Places” (Os Ricos e os Pobres) com Eddy Murphy. O argumento é muito simples. Dois velhotes multimilionários apostam como, nas condições certas, qualquer bom homem, honesto e empreendedor, pode-se tornar o pior dos criminosos; e um pedinte e pequeno ladrão, a quem possa ser dada boa educação, pode-se transformar num cavalheiro de caráter.

      Nesta perspetiva, somos de novo todos inimputáveis. Porque é a sociedade que, na sua desigualdade, torna as pessoas diferentes. Mas ainda assim,como disse, todos os seres vivos têm a capacidade de distinguirem o bem do mal.

  3. Gostava de saber o que é um cristão fervoroso e a sua relação com a opus dei. Essa seita integrista criada por um frade da Andaluzia que entretinha a donas durante a sesta “enquanto os seus maridos comiam as empregadas(?!)”. A frase entre aspas é uma especulação minha. Vale…
    O problema (criminalidade) não está no ADN, apenas. Está também na educação e na formação.
    O HOMEM não é uma parte. É um TODO, onde entra também o seu SEMELHANTE, aquele que é referido pelo Cristianismo e não só.
    Também sou Cristão, mas não sou estúpido ao ponto de negar a ideia de que se chega a Deus por outros caminhos. Claro caminhos trilhados na Fraternidade na Igualdade, na Solidariedade o que equivale a dizer sem fazer mal aos outros homens que não pensam ou agem como nós do ponto de vista das ideias.

  4. Eu mesma says:

    Se me permitem.
    Sobre o suposto Estado de Direito Democrático, de um lado, temos um Estado torto que leva ao colo os criminosos, os suspeitos, os arguidos, os cadastrados, sejam os de colarinho branco que usam os Panamás e Caimões da vida para esconder os milhões desviados, seja o Zé da Esquina que abusa do álcool e das drogas e bate na mulher e nos filhos e na sogra e no cão e no gato. Esse “nobre” Estado de Direito fecha os olhos ao delinquente que ameaça pessoas ou que pega num carro, sem carta e bêbado, e vai armado em Fittipaldi e atropela pessoas, destrói bens, mata uns, fere outros com gravidade, e no fim de contas leva no máximo pena suspensa com uma multa insignificante (e nem sequer lhe tiram a carta). Do outro lado, temos um “Estado de Direito” kafkiano digno de um thriller distópico de terror, onde o cidadão comum e honesto é espremido com impostos, maltratado com burocracias, perseguido pela precariedade e insegurança, não sabe o que vai ser o dia de amanhã nem a próxima semana, torturado com a tremenda falta de ética de um sistema social que quer ser primeiro mundo mas que ainda tem os tiques terceiro-mundistas salazarentos do costume, e que ao ser vítima dos criminosos (seja a própria administração pública, seja o bêbado da esquina que o tentou roubar), ainda vê negado o acesso à Justiça.
    Sobre os magistrados, vergonha deste País, tirando uma meia dúzia de profissionais com vocação e decência que ainda resiste, procurando fazer um trabalho digno e bem feito, a “classe” de magistrados faz a Coreia do Norte parecer um verdadeiro Estado de Direito Democrático, tal é o desnorte e o completo desprezo pelos mais elementares aspectos da justiça e da dignidade alheia. Não é possível aceitar que um grupo de arrogantes, apenas preocupados em exibir sinais de riqueza para fazer inveja ao vizinho e alardear uma pseudo-nobreza que não tiveram nem terão jamais, cometam erros crassos uns atrás dos outros na questão da penalização e controle da criminalidade, transformando processos judiciais exaustivos e dramáticos em palhaçadas e julgamentos sérios em farsas absurdas.
    Sobre as leis em vigor. Já descobrimos que a raiz dessas leis mais permissivas que um bordel não são convicções nem filosofias mas uma mentalidade do deixa-andar-não-há dinheiro-para-construir-prisões-não-me-chateies. Deixem-se de tretas, um criminoso não é um ser humano. Um tipo que dispara tiros de caçadeira contra a família da ex-mulher, porque se lhe acabou o reinado de esbanjar os bens da senhora, de lhe bater, de a violar, de abusar do álcool até cair no chão a roncar e a associada impunidade cobarde… não é nem gente nem animal. É uma aberração monstruosa. Os humanistas da trampa deviam era estar calados e permitir o regresso da pena de prisão perpétua com trabalhos forçados sem hipótese de recurso nem de perdão parcial ou total da pena, bem como permitir que a lei contemple, até que enfim!, que uma pobre mulher possa ter acesso a aulas de auto-defesa, a uma taser ou um spray de gás pimenta para evitar esfaqueamentos como o que sucedeu em Barcelos. As leis deveriam obrigar à expulsão do agressor da habitação do ex-casal, porque quem merece ter um tecto sobre a cabeça é a mulher e mãe de família que tem de andar com a vida para a frente, não o aberrante que lhe batia. E já agora, qualquer mulher que matasse em legítima defesa uma besta daquelas, não ia presa; julgavam-na, tentavam apurar se de facto foi legítima defesa, e uma vez provada, deixavam-na ir em paz. Assim, da próxima vez que um safado ousasse sequer pensar em retaliar contra um cidadão decente por este ter ajudado uma vítima a fazer justiça, ia pensar duas e três vezes – ou então ia ter os merecidos castigos.
    Direitos humanos? Para quem for humano. E o assassino de Barcelos e outros da laia dele não são.

  5. Konigvs says:

    Um terceiro filme: K-PAX

    Mark: Bem, Prot, gostava que me contasse mais a sua terra…
    Prot: O que é que quer saber?
    Mark: Bem… tem família em K-PAX?
    Prot: Em K-PAX não é como aqui. Não temos famílias como vocês as considerariam. Na verdade, a família seria um “nom sequitur” no nosso planeta. como em muitos outros.
    Mark: Por outras palavras…você…nunca conheceu os seus pais…
    Prot: Em K-PAX as crianças não são criadas pelos pais biológicos. mas sim por todos. Circulam entre nós, aprendendo, com um e com outro.
    Mark: Tem um filho?
    Prot: Não.
    Mark: Tem alguma esposa à sua espera?
    Prot: Mark, Mark, Mark… Você não está a prestar atenção ao que lhe estou a dizer pois não?
    Não temos casamentos em K-Pax. Não há esposas nem maridos. Não há famílias.
    Mark: Estou a ver.. e a estrutura social… Governo?
    Prot: Não precisamos.
    Mark: Não há leis?
    Prot: Nem leis, nem advogados.
    Mark: Como distinguem o bem do mal?
    Prot: Todos os seres do Universo distinguem o bem do mal.
    Mark: Mas e se… alguém fizesse algo de errado? Cometer um homicídio. Ou uma violação. Como o puniriam?
    Prot: Deixe-me dizer-lhe uma coisa Mark. A maioria de vós, humanos, subscrevem esta política do “olho por olho, dente por dente”…que é conhecida em todo o Universo pela sua estupidez. Até o vosso Buda e o vosso Cristo o entendiam diferentemente. Mas estão-se todos nas tintas, até budistas e cristãos.Vós humanos…Às vezes é difícil entender como conseguiram chegar tão longe.

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