Embuste na Câmara Municipal do Porto

Acredito, piamente, na primazia da democracia sobre todos e quaisquer outros sistemas políticos. Para mais quando nos dias de hoje, vários estudos técnicos, nomeadamente, os efectuados sobre a denominada “sabedoria das multidões” permitem conferir àquela convicção, alguma sustentação científica. Mas, obviamente, ninguém pode decidir bem se a informação recebida que fundamenta a sua opção, foi pervertida ou adulterada.

Serve o introito para explicar a suprema irritação que me causa a enorme popularidade de alguns políticos, determinada não pela sua competência, eficácia, seriedade, etc., mas sim pelo constante recurso a máquinas de comunicação que os exalta e os engrandece e ao apoio de órgãos noticiosos dispostos a colaborar com autênticos embustes. E neste nível, não há melhor exemplo que aquele do actual Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira.

Quem está próximo dos meandros da Câmara Municipal do Porto, sabe que é quase unânime o reconhecimento que Rui Moreira como Presidente da Câmara é uma autêntica nulidade. Aliás, a sensação dominante é que sem o trabalho invisível da vice-presidente, Guilhermina Rego, a Câmara já teria entrado em colapso. Mais, toda a estratégia política da Câmara é determinada pelo Partido Socialista, caindo, manifestamente, pela base a tese dos “independentes” à frente dos destinos da cidade do Porto.

Mas apesar da incontestável verdade do acima exposto, o certo é que Rui Moreira se prepara para ganhar as próximas autárquicas com uma maioria, no mínimo, confortável. E porquê? Porque com a ajuda das tais ferramentas de comunicação e de jornalistas subordinados aos contratos de publicidade outorgados entre a Câmara e os seus jornais, perpassa, avassaladora e massivamente, a ideia de um político honesto, competente e desprendido. Nada de mais falso e desajustado da realidade.

Além de inúmeras irregularidades, entre as quais se destaca o execrável dossier “Selminho” (que só será, realmente, esclarecido quando o DIAP Lisboa se interessar pelo assunto), Rui Moreira tem pautado a sua magistratura pela evidente incompetência, tentando, com êxito, apropriar-se do actual sucesso da cidade do Porto que sobrevém, diga-se, apesar dele. A juntar a isto, encontra-se, completa e totalmente, manietado pelos ajustes e arranjos que fez com o PS Porto.

Este, espero, é apenas o primeiro post de uma série que pretendo escrever sobre o descalabro escondido que a minha Cidade vive. Como primeiro post não enuncia, desde já, os factos que sustentam o que acima se escreve. Mas, os seguintes fá-lo-ão.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Carlos G. Osório, não vou discutir as qualidades autárquicas de Rui Moreira, porque na realidade desconheço a sua obra, se é que ele a tem. Há de facto um certo fetichismo na figura de Rui Moreira. Ainda que a brincar, eu estaria quase tentado a plagiar Trump, acerca de Meryl Streep, por acaso a minha artista preferida da sétima arte: “um autarca há muito sobrevalorizado”
    Mas tirando a ironia, há uma coisa que é inequívoca, e isso dificilmente alguém o poderá negar. Ele foi lá colocado pelo PSD e não pelo PS. Foi uma certa direita nortenha que o ajudou a eleger. Muito mais que os votos socialistas.
    Recuemos uns anos:
    Rui Rio nunca se quis candidatar a três mandatos como Autarca da Invicta. Titubeou por diversas vezes, na decisão. Mas fê-lo, ao que dizem amigos meus do PSD, para evitar a possibilidade de Luís Filipe Meneses e a sua tropa MAC, entrarem no Porto, qual “Napoleão da Gaia”, apesar dele viver na capital do Norte, passasse a ponte com as suas tropas em formatura, numa entrada triunfal na cidade sem que ninguém se lhe opusesse. Depois da gestão de Fernando Gomes, o PS não estava em condições de ganhar nada no Porto, muito menos com Manuel Pizarto. Restava o PSD para ganhar a cidade. Com ou sem ajuda do CDS. Até nisso o PSD foi sobranceiro. “Que se lixem as eleições!”
    O PSD sabia disso. Sabia que Rio nunca gostou da gestão ruinosa de Menezes em Gaia. E sabia que Rio nunca facilitaria a sua entrada na autarquia. Também é bom lembrar esse facto. Mas ainda assim arriscou candidatá-lo, como quem tem necessidade de pagar um favor a Luis Filipe Meneses e Marco António Costa, pelos serviços prestados, e para ter apoios na velha guarda, que escasseavam com a debandada do velho PSD. É óbvio que me estou a referir a Meneses, a Fernando Seabra, em Lisboa, e o outro artista perdedor, em Sintra.
    Não havia mais ninguém para candidatar no Porto, para além de Menezes? Ou a massa crítica do Partido Laranja, resume-se a norte, a Luis Filipe Menezes?
    Rui Moreira pode até ser um personagem mediano, como autarca, mas convém perceber como chegámos até aqui.
    E também não é com este novo candidato que o PSD lá vai.
    Não haverá por aí um gajo melhorzinho do que este artista?

    • Fernando Roboredo SEARA (e não Seabra), natural de Viseu e nascido a 1 de Abril (ano omitido propositadamente), 1º vereador em Lisboa pelo PSD, à frente da Teresa Leal Coelho, ora candidata em 2017.
      É mesmo, PSD, concordo com o Rui Naldinho, vê lá onde é que erraste e não venhas queixar-te. Noutros casos, foi o PSD o beneficiário das guerrinhas em que a política autárquica partidária é fértil e cada vez mais sanguessuga de recursos.
      Mas, ponderando tudo o que conheço há mais de 40 anos, prefiro um independente que não venha “ungido” com os óleos do partido, seja ele qual for.

  2. Manuel Torres da Silva says:

    Fico à espera dos factos, mas, descanse, não sou dado a partidos, muito menos nas autarquias, seja ela qual for, da maior de todas, onde trabalhei sete anos (Lisboa) até à mais pequenina (não sei, de momento, qual é).
    Para que o seu 1º post não se pareça com qualquer ajuste de contas – para o que as redes sociais são óptimos veículos -, por favor, esclareça se é independente, se é do PSD, do PCP ou do BE:
    De outro modo, não percebo este afã em escrever “tudo” sobre Rui Moreira, que só conheço como adepto do FCPorto, tendo pedido para sair de um programa televisivo, depois de muito atacado pelo António Pedro Vasconcelos acerca do caso do apito dourado. Na altura, pensei que não aguentou a “parada”, mas os seus comentários desportivos traziam qualidade ao programa.
    Por fim, saiba que “organigrama” está errado: devia ter escrito “organograma”, para respeitar a raiz da palavra, que tem origem no Grego (órganon), e não no Francês (organisation). Descanse, é um erro infelizmente muito comum e até costumam responder-me que se trata de um caso de dupla grafia facultativa,o que agrava o erro. Não contribua para o disseminar, sff.

  3. Mário Reis says:

    Há dias o Eng.º Rui Sá lembrava-o como o “Rei Sol”:
    Fosse só a utilização ilegítima de dinheiros públicos para se auto-promover. Não sabe lidar com quem tem opinião diferente. O verniz estala como foi o caso do incidente diplomático com o alcaide de Vigo ao “deitar abaixo” o Aeroporto de Vigo ao classificá-lo de “salsicha fresca dentro de uma francesinha”.
    O caso Selminho continua abafado nas cavernosas investigações do MP.
    Os portuenses que dão vida e são a alma da cidade só estrovam né?
    Pelos vistos o que é bom para o Moreira (e negócios da familia) e fundos imobiliários, de pouco vai interessar à cidade, como muito bem lembrava há dias a jornalista Dora Mota na Evasões. Nem tudo o que reluz é ouro…

  4. Recisvaro says:

    Como e possível ser-se tão ignorante e demonstrar tanta mesquinhez.
    Porquê só agora denunciar, 4 anos ainda e muito tempo.
    O trabalho do rui não e reconhecido só de agora já e do tempo da associação.
    Aguardo outros post’s.

  5. Antonio luis Castro says:

    Optimo e certeiro comentário A sua visão sobre o actual chico esperto da Camara do Porto é brilhante. Não lhe doam as mãos e se gosta da Cidade continue, que a minha modesta parte também vai ser feita.

Trackbacks

  1. […] eu a tomar café e a ler a posta do Carlos, que sendo um indivíduo da Invicta conhecerá os meandros da sua autarquia melhor que eu, e dou […]

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