Macron

Um liberal tardio, desde 2015,  pelo que se diz, que andou pela ala direita do Partido Socialista Francês e que viu a oportunidade de se candidatar à presidência por si mesmo, fora do partido onde fez carreira.

Apoia o CETA e defende que este tratado entre o Canadá e a União Europeia não deve ser ratificado pelos parlamentos nacionais por minar a credibilidade da UE. É, também, um apoiante potencial do TTIP, o tratado congénere do CETA, mas entre a UE e os EUA. 

Define-se como como sendo uma alface política, dado que afirma não ser carne nem peixe quanto a diversos assuntos, tais como direita vs. esquerda ou pro-europa ou eurocéptico. Não destoa, sabendo-o um adepto da Terceira Via. 

É um homem do seu tempo. Defende o mercado livre e a redução do défice das finanças públicas, talvez por ter lido as costas do envelope do seu colega. Acha que reformas estruturais correspondem a redefinir o mercado de trabalho e defende que os impostos e os sistemas sociais, tais como o salário mínimo, precisam de se reconciliar. Segue a mesma linha de Merkel quanto a emigrantes e refugiados, veste o fato de ecologista e é favorável aos muçulmanos.

O político que parece moldado a partir de uma sondagem  de opinião poderá vir a ser o próximo presidente da França. Resta saber o que é que defenderá se a opinião pública mudar.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    É o homem de Bildberge e está tudo dito.

  2. Rui Naldinho says:

    O Partido Socialista Francês é uma miscelânea de tendências e de costumes que ninguém se entende. Tal como cá, em Espanha, em Itália e na Grécia.
    Só no Sul?
    Não, o Sr. Holandês do Eurogrupo é outro igual. E mais haverá por essa Europa fora.
    O que eu acho mais caricato nisto tudo, foi a derrota em toda a linha da direita francesa, que depois de um mandato desastroso de Hollande, a maior merda como Presidente que a França teve até hoje, a par de Sarkozy, ainda assim, não conseguiu colocar um homem na segunda volta das eleições. Sim, a direita foi derrotada sem apelo nem agravo. Comecemos pelo principio:
    Sarkozy, ex Presidente Francês, perde para Fillon e Alain Juppé. Juppé perde para Fillon. E já na primeira volta do ato eleitoral, Fillon perde para Macron, um independente saido do PSF. Ou seja, a direita já só pode contar com Le Pen.
    Macron parece ser uma pessoa honesta pelo menos no plano dos princípios. E começa logo por aqui. Em vez de fazer com Valls, que usou e abusou do PS estilo Chico esperto, para depois de perder para Hamon apoiar Macron, este saiu do Partido há muito tempo, e foi tratar de si.
    Politicamente Macron é um Sócrates, à Francesa. Se quiserem é um António Vitorino ou um Francisco Assis. Com a excepção de não ter casos de Justiça como o nosso ex primeiro ministro, até ao momento.
    Mas, ver hoje a direita bater palmas a Macron até me dá vontade de rir. Fosse ele um “portuga” e os JgMenos, os Saraivas, os Fernandes, os Avilez, entre muitos outros, já estavam fartos de malhar nele e de lhe chamarem xuxialista.
    A direita tem destas coisas. Adaoata-se ao discurso sempre que lhe dá jeito.
    Não acham melhor esperar para ver o que vale Macron?
    Não se pode julgar Macron, antes. Só depois de ele mostrar o que pretende fazer e como.
    Agora, a direita que se cale. Estavam mas é borrados de medo com a hipótese de Melenchon poder ser o adversário de Le Pen e serem obrigados a mostrar o seu verdadeiro caráter.
    Aliás, alguns até mostraram, pois é bom lembrar que Fillon teve quase 20% dos votos expressos nas urnas, isto para além dis 21% de Le Pen.
    Como eu disse no passado, a propósito da eleição de Trump, há uma direita que fala muito dos valores da honestidade e da integridade dos políticos, mas são só dos outros. Os deles podem fazer todo o tipo de cagadas, tráficos de influências, roubos, que a gente esquece isso, e vota na mesma neles. Afinal, os mercados e o dinheiro não podem esperar pelo Céu, e muito menos pelo Juízo Final, com a qual o seu Deus escolherá os seus eleitos.

    • Rui Naldinho says:

      Adapta-se ao discurso.

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Caro Rui Naldinho:
      Escreve que … “O que eu acho mais caricato nisto tudo, foi a derrota em toda a linha da direita francesa”.
      Com isto quer dizer que considera Macron um homem de esquerda, comparando-o com personagens como Sócrates, Vitorino e Assis?
      Mas que grande confusão ver neoliberais “baratuchos” chamados de esquerda.
      Porquê? Porque são socialistas da rosinha e da cor rosa ou seja, “xoxialistas”?
      Talvez o erro seja meu, uma pessoa com 68 anos que viveu o fascismo e que guardou um conceito de esquerda que em nada se coaduna com o que vejo no panorama político Europeu em geral e Português em particular.
      O que me preocupa é a facilidade como se alijam valores e se confundem conceitos.
      Estou certo que melhores dias virão para substituir toda esta gentinha que aqui chegou “embrulhada” em diplomas tão cinzentos quanto eles, depois de terem feito os seus estudos pela mesma cartilha..
      Cumprimentos.

      • Rui Naldinho says:

        O conceito de estar mais à esquerda ou mais à direita é sempre relativo.
        Se me diz que Macron está mais à esquerda do que Fillon, eu tenho de concordar. Se me diz que Macron está mais à direita do que Melenchon, também concordo. Se me diz que Macron não é genuinamente um homem de esquerda, eu até poderia acreditar, mas não tenho argumentos para dizer que ele não tem um pensamento de esquerda, apenas porque trabalhou na banca, ou em termos táticos se declara do centro.
        Sei que não é um neo liberal como os nossos PSD’s e os nossos CDS’s, agora tão afoitos em bater-lhe palmas. O seu candidato Fillon perdeu, ainda que lhe dessem quase 20% dos votos.
        Eu sei que Macron teve a honestidade intelectual, tal como Jean Luc Melenchon, de abandonar o Partido Socialista Francês para fundarem o seu próprio movimento político. Contrariamente, Manuel Valls, que seria o herdeiro de Hollande, foi despachado por indecência e má figura, e revoltado com o seu próprio eleitorado, apelou o voto em Macron, como se os eleitores Franceses não soubessem o que querem, e necessitassem das suas explicações.
        Eu só me poderei pronunciar definitivamente sobre Macron, depois de perceber como ele influenciará o novo governo Francês. E não se esqueça que Macron não tem Partido. Vai ter de conviver com o que sair das eleições de Junho, para a Assembleia Nacional Francesa.

        • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

          Caro Rui.
          É exactamente isso que me preocupa.
          Macron não tem partido e isso quer dizer que é de todos e de ninguém ou seja, como escrevi noutro sítio, “nem é carne nem é peixe, muito antes pelo contrário”.
          O pior que um político pode ter, é não ter ideologia… porque ao não tê-la, não tem coluna vertebral. Para mim, o homem de direita convicto tem o mesmo valor do homem de esquerda convicto. E os conceitos de esquerda e direita são bem conhecidos. Com quem eu não vou, é com os “traçados”, pois não passam de seres com opinião sobre tudo, mas que nunca sabemos o que vai sair em termos de decisão.
          Manifesta e resolutamente, políticos como Macron, sem ideologia visível, deveriam ser proscritos, pois não passam de negociantes.
          Tenho muitos contactos com muitos franceses, pois a França é o meu segundo País e posso afirmar-lhe que a maior preocupação dos franceses é o terrorismo e o desequilíbrio em termos políticos. A França vai mudando completamente de ideologia, baseado nos dois elementos que atrás lhe referi e por isso mesmo lhe digo que, bem ao contrário do que afirma, a direita francesa ganhou em toda a linha e não é isso o que os franceses querem, embora neles votem. Estão carregados de medo e começam a acreditar em D. Sebastiões, o que representa o términus de um passado de referência.
          Foi a crença no Sebastianismo que nos trouxe Cavacos, Portas e quejandos … Isto para falar apenas dos nossos dias

  3. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Um pouco mais do mesmo…
    A pergunta de fundo é: Onde está a esquerda francesa, aquela que foi capaz de transformar uma Sociedade em 1968 e abri-la para a modernidade?
    Macron define-se como sendo “uma alface política dado que afirma não ser carne nem peixe …” O não ser carne nem peixe, é uma característica do político Europeu actual e a razão pela qual a Europa perdeu todo o seu protagonismo, incluindo o cultural. Com gente que não é carne nem peixe, não se vai longe, pois são gente de meias tintas, estando sempre de acordo com tudo e o seu contrário.
    Cinzentismo.
    Quanto à “alface política”, vem no seguimento do que atrás escrevi. Pessoalmente, não tenho dúvidas que foi regado com a água choca da política europeia neoliberal.
    Esperam mudanças? Eu não.

    • Fernando Manuel Rodrigues says:

      100% de acordo. Macron é bem o espelho do que de pior tem a classe política actualmente. Completamente desideologizado, capaz de defender tudo e o seu contrário, consoante lhe der mais jeito conforme as circunstãncias, é bem o exemplo acabado da famigerada “3ª via” de triste memória. Para isto, mais valera um político da direita liberal assumido. Pelo menos desse lado saberíamos o que esperar. De Macron, tudo pode ser esperado.

  4. Coincidências: leio que Pacheco Pereira também usou a metáfora da carne e do peixe.
    https://www.publico.pt/2017/04/24/mundo/noticia/gostam-muito-do-novo-aqui-tem-o-novo-1769810

    • Rui Naldinho says:

      Sim, já o li. Por acaso estive para colocar aqui o link do artigo dele, hoje, no Público.

    • Rui Naldinho says:

      Ó Jorge, antes das eleições legislativas em Junho, falar da política Francesa política é um tiro no escuro.
      Ninguém tem certezas de nada. Imagine uma fragmentação do eleitorado como nas das eleições presidenciais. Construir uma base eleitoral não vai ser fácil.
      Por exemplo, na Grã Bretanha, o Brexit ganhou, e o Partido Conservador vai à frente nas sondagens podendo ganhar com uma maioria absolutíssima.

  5. A. Pera says:

    Este é mais um camaleão tipo Blair. Tenho dúvidas que o francês médio seja bem representado por este artista, mas o mainstream apresenta-o como o salvador da pátria…

  6. um tozé seguro com melhor imagem e mais trendy.

  7. Nascimento says:

    Francois Bayrou de esquerda?Foi a partir deste apoio que o Guru ” cresceu” nas sondagens.Depois? Fácil!!
    Mérdia em barda na Press demokratique franciú. Uns pozinhos de traição dos xuxas franciús á la Valls/ Assis / tózes lá do sitio e está tudo explicado.
    Não é preciso tirar nenhum curso de politiquice bacoca pra explicar a mais simples afirmação: os…:” inimigos estão cá dentro, os adversários la fora….” É uma STARTUP francesa!
    E querem saber uma coisa ?daqui por um ano estamos fo…dos!! Juntem-no á salchicha alemã e o Augusto Santos Silva vai morder a língua sobre aquilo que disse da
    ” esperança” Macron!!
    Quem segue este tipo á anos sabe que o que aí vem vai ser ” lindo” de ver!!De esquerda? Mas, está tudo vesgo ?Melhor que o Passos? Mas por acaso sabem o que é a lei Macron???E Ele não tinha PODER que vai ter!!!vão-se catar mais a vossas
    ” fezadas” e ” esperanças”!! O animal JÁ DISSE AO QUE VEM..está a dizer TUDO! ” reforma do trabalho , mexida na educação…querem mais???Esta malta mesmo com cutelo á frente ainda tem uma reste-a de “esperança” ..em quê? Que ele seja um bocadinho de ” esquerda”???Delirante.

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