Há uns anos, Manuela Ferreira Leite (MFL) sugeriu suspender a democracia durante seis meses, para meter tudo na ordem. Nove anos depois, em pleno consulado de um governo totalitário de extrema-esquerda, que até já meteu ordem em algumas coisas, a antiga ministra das Finanças, que foi “derretida” pela entourage do (ainda) líder do PSD, volta a causar estragos no bote a remos de Pedro Passos Coelho. Sobre a polémica do momento, que já proporcionou ao PSD mais um belo momento para estar calado, MFL afirma que o histerismo da direita, em torno da nega dada por António Costa às sugestões do Banco de Portugal e do Tribunal de Contas para o Conselho de Finanças Públicas (CFP), mais não é do que “folclore para mostrar que somos muito obedientes“, esse desígnio divino da direita nostálgica do Gaspar e da Maria Luís a beijar o anel do Drácula alemão das finanças.
MFL vai mais longe a afirma mesmo que, no lugar de Costa, não faria diferente e recusaria também os nomes propostos E explica porquê:
E acrescenta, sobre a composição do CFP:
Pessoalmente, chumbar estes nomes parece-me também uma boa decisão, e a resposta está no blogue oficial da direita liberal portuguesa: um não tem currículo (e de tipos sem currículo – ainda que com o cartão partidário certo – está a administração pública cheia) a outra é uma emissária do FMI, que liderou a equipa de abutres que por cá andou em 83, depois dos Sócrates de direita terem enterrado as contas públicas do país. E para abutres, como para boys com tachos, já não existem mais vagas. Está tudo preenchido e a fila de espera é longa.
Quanto à Dra. Ferreira Leite, nada a acrescentar. Há nove anos pedia a suspensão da democracia, hoje legitima esquerdalhices como a reestruturação da dívida ou o chumbo da sinistra Teresa Ter-Minassian para o CFP, entre muitas outras críticas ao PSD pseudo-liberal que aprisionou a social-democracia na sua Caxias imaginária. E, a julgar pela lógica da batata da direita ressabiada e imbecil, que usa da propaganda mais reles para tentar convencer uns quantos comatosos de que Marine Le Pen e Catarina Martins são farinha do mesmo saco, não tardará até que acusem MFL de comunista dos quatro costados, de resto como vem acontecendo com o dissidente Pacheco Pereira, esse violento marxista-leninista. As sondagens podem ser um desastre, porém, a nível de palermice, não há pai para estes tipos.
Ouvi ontem, por acaso, a Dr.ª MFL e senti-me esclarecido quanto a esta questão. Fiquei com pena de não ter lido nem ouvido nada de tão esclarecedor por outras paragens, e ainda não percebi por que estranha razão há-de ser a Dr.ª MFL a dar a conhecer aquilo que me parece impossível não ser do conhecimento de pessoas que me inspiram muito maior confiança política.