O encerramento da CGD de Almeida, o cobarde Paulo Macedo e um Governo que não é de Esquerda*

A Caixa Geral de Depósitos decidiu encerrar o balcão de Almeida, um dos municípios mais deprimidos do interior português.
Paulo Macedo, o gestor-maravilha continua assim uma política de cortes que é a sua imagem de marca por onde passou. Por isso foi convidado por este Governo: para cortar.
O problema de Paulo Macedo é que a cobardia está-lhe na massa do sangue. Todos nos lembramos como tremeu quando era Ministro da Saúde e um doente se passou em pleno Parlamento por causa dos medicamentos para a Hepatite C. Dias depois, aí estavam os tais medicamentos milagrosos que durante anos não apareceram. Antes que alguém lhe chegasse a roupa ao pelo.
Nos últimos dias, porque um cobarde será sempre um cobarde, recusou-se a receber o Presidente da Câmara de Almeida e mandou em seu lugar um subordinado. Este tipo de gente é assim e só vai ao sítio à base de pancada.
Ouvi na TSF António Baptista Ribeiro a falar do luxo e da ostentação da sede da Caixa em Lisboa e tem toda a razão: aquilo dava para pagar não sei quantos anos de funcionamento do Balcão de Almeida e de todos os outros balcões encerrados.
Quanto ao Executivo, mostra uma insensibilidade social digna de um Governo de Direita.
O que não admira, porque se não fossem os Partidos de Esquerda, António Costa governaria exactamente como Passos Coelho governou. Louvo as críticas do PCP e do Bloco e sei que mais não podem fazer – como já disse aqui, estão reféns do PS.
Passando ao lado da demagogia do PSD, que fez muito pior enquanto estava no poder, a conclusão que fica é que este Governo é mais do mesmo. Fecha, corta e desertifica o interior. Esquece os mais velhos, os mais pobres, os mais fracos. Porque uma coisa é encerrar o balcão de Valbom, Gondomar, onde as pessoas têm acesso a muitos outros Bancos, transportes públicos constantes e ferramentas que lhes permitem o acesso on-line às suas contas. Outra coisa bem diferente é encerrar o balcão de Almeida, onde muitos dos utentes nem um cartão Multibanco sabem utilizar.
Ninguém quer uma Caixa Geral de Depósitos que dê prejuízo, mas também ninguém pode esquecer que estamos a falar de um Banco público. E um Banco público tem responsabilidades sociais. Como dizia ontem o Presidente da Câmara, não foi a população de Almeida e do interior que desfalcou a Caixa em milhões e que obrigou o Estado a injectar outros tantos milhões.
Porque a hipocrisia e a demagogia são iguais, à Esquerda ou à Direita, já nem fico espantado por não ouvir reparos por parte daqueles que se atirariam ao ar se as cores da governação fossem outras.

* corrigido

Comments

  1. não, não é mais do mesmo. é apenas menos do que se desejava.

  2. Ana A. says:

    “…porque se não fossem os Partidos de Esquerda, António Costa governaria exactamente como Passos Coelho governou.”
    Eu nunca tive dúvidas! Por isso é que não voto PS!

    • Rui Naldinho says:

      Pois! É uma evidência, Ana.
      Há mais pequena distração, ao PS dão-lhe logo aqueles tiques…

  3. JgMenos says:

    Na linha da palhaçada esquerdóide-ó-ordinária…

    • Ricardo Ferreira Pinto says:

      Tenha juízo.

      • José Fontes says:

        Ò Ricardo:
        Pedir a um tolo, ainda por cima provocador, que tenha juízo é como pedir que a água ferva a 0ºC.
        Ainda não percebeu que se trata de um troll, provocador, aqui a mando do Passos para chatear.
        Este foi destacado para vigiar o Ladrões de Bicicletas e o Aventar.
        Lá é José, aqui é JgMenos.

  4. Luís Neves says:

    Esse medicamento para a hepatite C (era e) é um roubo. E as associações de doentes (como é normal) e a esquerda estiveram ao lado dos ladrões. Tem alternativas. Mais eficazes, com menos efeitos secundários e mais baratas. Mas esta conversa continua pouco inocentemente bloqueada.
    Não sei se é normal a esquerda estar ao lado dos ladrões. Mas vejo-a muito solidamente ao lado do complexo médico-farmacêutico.

  5. Manuel Azevedo says:

    “Faltando à promessa de não deixar qualquer concelho sem Caixa Geral de Depósitos(…)”
    Sabe onde fica Vilar Formoso, que é, de longe, o maior aglomerado populacional do concelho de Almeida e vai continuar a ter agência da CGD?

    • Ricardo Ferreira Pinto says:

      Obrigado pela correcção, já alterei o post.
      Embora nade mude na questão de fundo. Fechar o balcão de Almeida é uma vergonha.

      • K. Humberto says:

        Onde é que estava o Ricardo quando o governo PSD-PP cortou em tudo o que era serviço público e as pessoas morriam nas urgências sem serem atendidas? Eu respondo: caladinho que nem um rato, porque indignação e a justiça só se pedem, para os Ricardos deste país, ao opositores políticos, porque em relação ao seu querido Passos aldrabão Coelho o Ricardo achou sempre que o silêncio era de ouro, mesmo quando o biltre de Massamá fazia as maiores malfeitorias.

        • Ricardo Ferreira Pinto says:

          Estava aqui. https://aventar.eu/2011/10/13/pedro-passos-coelho-best-of-2010-2011/
          364 comentários no Aventar, quase 600 mil visualizações no youtube. Um orgulho para mim!
          Estive sempre aqui. E continuarei sempre a estar, por mais defensores do PS que apareçam a tentar condicionar as minhas opiniões.
          Mas de quem nem a coragem tem de assinar em nome próprio – nuns dias é K. Humberto, noutros é Fernando, noutros é Gaudêncio, noutros é Rui ou José Rui ou Rui Tovar, não se pode esperar grande coisa.

  6. Paulo Marques says:

    Nada me surpreende de alguém que ganha dinheiro com a morte de pessoas.

  7. Mário Reis says:

    Ricardo, além de reparos, houve mobilização e, um requerimento na AR (ver link)
    http://www.guarda.pcp.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=391:pcp-questiona-encerramento-da-cgd-em-almeida&catid=37:assembleia-da-republica&Itemid=76

    Fraquinho… dirão alguns. É verdade, mas a capacidade para o velhinho PS (e a fantochada da social-democracia…) enganar vezes repetidas, e travar a ação das pessoas que transforma, sem nada aprendermos com isso, é história antiga que fará cair o queixo a quem venha a estudar o nosso tempo daqui a uns anos.

  8. anti pafioso. says:

    Não me parece que a culpa de que a maioria das pessoas de almeida sejam analfabetas seja culpa deste governo. Alguem tira dividendos da situação dessas pessoas .

  9. ferpin says:

    Não há em Almeida os CTT? O banco postal?
    Não me acredito que a CGD feche nenhuma operação lucrativa ou mesmo de saldo zero.

    Imagine um balcão em que as quantias transacionadas diariamente são tão baixas que não justificam tudo o que uma agência tem, cofres, gerentes, sub~gerentes, tesoureiros , etc.

    Não seria viável para almeida e vantajoso para a própria população abrir uma mini agência tipo daquelas que os ctt têm em meios pequenos articulados com a Junta de freguesia? O horário até poderia ser mais alargado.

    Sou absolutamente contra as terras pequenas ficarem sem operação bancária. E mesmo sem multibanco, embora o problema aqui pareça ser a dificuldade de pessoas mais velhas em usar novas tecnologias. Agora, uma terra em que a cgd tem 100 clientes que vão ao banco uma vez por mês levantar 200 ou 300€ de reforma, precisa de uma agência “comme il faut”?

    Gostava que alguém que esteja a par dissesse alguma coisa que elucidasse. Dispenso bocas sectárias.

    Ah, e já agora, o macedo não construiu a sede, nem fez falir o banco. E demolir aquele mamarracho que é a sede de lisboa deve custar milhões, muitos.

    Quanto a não receber o presidente da câmara, o dito cavalgou a população nesta questão, eu também não o recebia (só que não fecharia nenhuma agência sem ter a certeza que gica lá uma solução diferente adequada do género que sugeri acima)

  10. ferpin says:

    Acompanhei a questão da hepatite C.

    Ao que parece o macedo andava há meses a negociar uma solução com a empresa farmacêutica em causa que queria mais de 50.000€ por cada doente tratado.

    Em vez disso o governo tentava chegar a acordo por um valor muito mais baixa (acordou em cerca de metade), mas trataria todos os doentes e pagaria só as curas, enquanto o que estava em vigor era pagar o tratamento apenas para quem corria riscos.

    Aquela pressão no parlamento veio ajudar a posição da empresa farmacêutica e terá feito o governo provavelmente acordar num valor mais de 10.000€ a mais em cada tratamento, ou seja a empresa terá ganho dezenas de milhões de euros a mais do que acabaria por ganhar.

    Se fosse doente de hepatite C, fazia a mesma coisa que fez o dito doente, mas compreendo o lado da negociação de portugal nesta questão. (Ao que julgo saber, em espanha ainda pagavam mais de 50.000€ por cada doente tratado, e só tratam os casos terminais.)

    Quanto à palavra cobarde usada com essa facilidade, você fala assim porque sabe que o macedo não tem o perfil de lhe dar duas bofetadas. Se lhe chamar pulha ou afim é uma coisa, se lhe chama cobarde arrisca-se a que ele lhe acerte o passo ou que alguém decida testar a sua valentia.

  11. Ena tanto cliente do que os outros “devem” pagar. Assim também eu era “democrata# – alguém, vai pagar, desde que não seja eu.

    • José Fontes says:

      Ó cromo Cristóvão:
      Se for para pagar os «delírios criativo-financeiros» dos teus correligionários Dias Loureiro; Oliveira e Costa; Duarte Lima; Arlindo de Carvalho, Isaltino Morais, etc., nesse caso não te importas e dás um passo em frente.

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