Assunção Cristas, chique a valer

Na apresentação da poderosa coligação que reúne CDS-PP, PPM e MPT em torno da candidatura de Assunção Cristas à CM de Lisboa, Gonçalo da Câmara Pereira, vice-presidente dos monárquicos, elogiou a candidata por ser, “acima de tudo“, “uma mulher casada, que provou, como a maioria das portuguesas pode trabalhar e ter filhos“, uma vez que “não descurou o trabalho e não descurou a casa“. Podíamos ficar horas à volta destas declarações, que colam a mulher ao papel de simples dona de casa, numa era em que os casais modernos dividem irmãmente as tarefas da lida, e que de resto nos transportam para as declarações de Paulo Portas em Setembro de 2015, que dissertava sobre o papel da mulheres na sociedade, que ” sabem que têm de organizar a casa e pagar as contas a dias certos, pensar nos mais velhos e cuidar dos mais novos“. Porque o homem, Deus nos livre e guarde, tem tarefas mais másculas para fazer.

Para as lisboetas que prezam e se batem pela igualdade de género, declarações como estas, que nos remetem para os anos sombrios do fascismo, quando a mulher era, na esmagadora maioria dos casos, um objectivo ao serviço do pai ou do marido, serão suficientes para descartar esta opção alt-right no sufrágio de Outubro. Mais ainda quando procuram equiparar Assunção Cristas aos cidadãos comuns que não podem pagar amas, empregados domésticos ou colégios que ocupam as crianças durante todo o dia.

Porém, o bafo salazarento não se resume à subalternização do papel da mulher na sociedade. Temos também esta deliciosa frase, da autoria da candidata, que afirma ter “calçado botas e calças de ganga muitas vezes para estar nos bairros sociais, junto das pessoas que não conhecem visitas por parte do executivo camarário, excetuando da polícia quando é para os pôr fora das suas casas“. Vejam bem como é magnânima, a Dra. Assunção. Tão magnânima que está disposta a sair do traje snob, que habitualmente a acompanha, e descer ao nível do povinho, de botas e calças de ganga, para não sujar a saia travada, o blazer acetinado, a camisa branca e o sapatinho de tacão, que, já se sabe, os bairros sociais são uma grande poça de lama, impróprios para a utilização de trajes parlamentares. Reparem como se indigna a Dra. Assunção quando, munida do seu uniforme à prova de bairro social, glorifica a sua higiénica visita a estes antros de sujidade, que o executivo camarário, tal como a candidata Cristas, nunca visita, excepto quando se encontra em campanha, como é o caso.

Assunção Cristas transforma-se, aos poucos, numa caricatura que espelha o desespero de um partido órfão de Paulo Portas, acumulando tiros e mais tiros nos pés, fazendo promessas demagógicas, entre o despesismo eleitoralista de exigir 20 novas estações para o metro de Lisboa e a falta de vergonha na cara de se dizer empenhada em acabar com os sem-abrigo na cidade de Lisboa, e sem aquela noção do ridículo que caracteriza episódios como ao do radicalismo do amor, da institucionalização da cunha ou do “tau-tau” que levaremos da UE se não nos portarmos bem. Palavras para quê? É a credibilidade da ex-ministra, a tal que assinou a resolução do BES de olhos fechados, em todo o seu esplendor.

Fotomontagem via Uma Página Numa Rede Social

Comments

  1. Konigvs says:

    Foda-se! De repente tive uma visão e parecia estava a ouvir o Paulinho das Feiras a falar do que se sacrificou, tendo inclusive de dormir em hotéis de três e quatro estrelas!!

  2. Paulo Marques says:

    A direita a provar que adora o séc. XIX mais uma vez.

  3. Rui Naldinho says:

    ” Eu também quero uma mulher assim, porra!
    … que a minha obriga-me a aspirar a casa todas as semanas, a ir comprar o pão todas as manhãs, salvo honrosas excepções, para lhe fazer o pequeno almoço, umas vezes com torradinhas e manteiga, outras com tostas mistas de queijo e fiambre, acompanhadas de uma cevada com bebida de soja, vejam lá ao que o mundo chegou, “leite de soja”, já nem o leite pode ser de vaca,… mas antes, ainda quer que lhe leve um copo de água morna à cama, com três ou quatro gotas de limão, … a seguir ao jantar tenho de levantar a mesa e colocar a louça na máquina de lavar, sacudir a toalha na marquise, se estiver a chover, eu tenho de recolher a roupa do estendal, pois, diz ela que a chuva pode dar cabo dos penteados femininos, mas não dos masculinos, em especial quando eles já têm pouco cabelo.”
    Cristas é uma mulher ” Prá Frentex”. Daí a sigla PàF. Veio de Famalicão em direção a Lisboa para conquistar o coração dos Lisboetas, com novas estações de metro, novas avenidas, e acima de tudo, muita demagogia aos pobrezinhos.
    Quem não gosta desta caridadezinha cristã de Cristas, que resolvem tudo com o banco alimentar contra a fome?

  4. Ricardo Almeida says:

    Calma! O CDS juntou-se ao PPM e aos primos Teles do MPT?? Quase que jurava que era tudo a mesma coisa.
    Quer dizer que o CDS agora também faz parte dos latifundiários, essa boa gente e exemplos de masculidade?
    Com que então as gravatas de seda e os vestidos repletos de fruta tropical juntaram-se às 4×4, as botas ensebadas e as camisas abertas até ao umbigo… Engraçado, entre todos continua a não haver um que saiba distinguir uma égua de um texugo e a terra que vêm agarrada às botas é a que apanham quando têm de sair do Land Rover para abrir a cancela de acesso à quinta.
    E é esta gente que pretende governar Lisboa? A maior cidade do país e uma das capitais cosmopolitanas mais famosas do mundo?
    Qual será a primeira ordem de trabalhos deste “executivo”? Provavelmente substituir os taxis lisboetas por charretes e riquexos puxados por subsidiados do RSI ou instituir o fado como disciplina obrigatória no 1º ciclo.

  5. José Peralta says:

    D. cristas, a “nova rica provinciana”, a mostrar a “xanata” que tem no pé, e a “jorra ” que tem no cérebro ! Uma vergonha de gentinha medíocre sem vergonha, presunçosa e bolorenta, que
    quando tenta “ser popular” só lhe saem “bojardas” destas !

  6. Eu só quero encontrar essa declaração dela! “calçado botas e calças de ganga muitas vezes para estar nos bairros sociais, junto das pessoas que não conhecem visitas por parte do executivo camarário, excetuando da polícia quando é para os pôr fora das suas casas“ Seria possível alguém me facilitar as mesmas?

    Agradecido!

  7. Paulo Só says:

    Não admira que a Monarquia em Portugal seja apenas uma vaga lembrança; com dirigentes desses em breve nem isso será. Porque se o que qualifica A. Cristas é ser casada, ter filhos e trabalhar, isso significa que o tal PPM poderia apoiar qualquer mulher portuguesa, ou então, como se dizia antigamente, a lógica é uma batata. Os 0,001% de eleitores que o PPM vai trazer a A. Cristas já provocaram estragos irreparáveis à sua candidatura. Ou Cristas ou Coroas.

  8. Agora se percebe como foi a gerencia do Ministério da Agricultura seata senhora , só ainda naõ sabemos é para onde foram os MILHÔES gastos no mandato desta senhora , cheira-me a Vila Nova de Gaia .

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  1. […] mata e Cristas é a prova viva […]

  2. […] mata e Cristas é a prova viva […]

  3. […] e da maioria das mulheres portuguesas, feito pelo monárquico Gonçalo da Câmara Pereira, já hoje aqui citado pelo meu colega João Mendes, não pude evitar que cenas da imaginada vida familiar e […]

  4. […] o silêncio cobarde de pessoas como a senhora. Ligeireza e irresponsabilidade, senhora deputada, é tratar as mulheres como subalternas dos homens, para gáudio dos cadáveres salazaristas que ainda se arrastam no seu partido. Ligeireza e […]

  5. […] Leite Capelo Regos desta vida, apenas para citar alguns exemplos. Assunção Cristas, a tal que fez o sacrifício de vestir umas calças de ganga e calçar umas galochas para se misturar com o pov…, não tem credibilidade para pedir a demissão de ninguém. Porque uma ex-ministra, que nos […]

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