A revolução bolivariana vergada ao capitalismo selvagem

Um homem lê uma coisa destas e fica de lágrima no canto do olho. Com a economia arrasada e um clima de guerra civil iminente, a Venezuela está em péssimos lençóis. Maduro não é Chávez, os rendimentos do petróleo já conheceram melhores dias e os expedientes usados pelo regime afastam os cada vez menos simpatizantes da revolução bolivariana. E no momento de maior aperto, quando já quase tudo escasseia, eis que surge o Goldman Sachs, o (nada) improvável salvador, a comprar 2,8 mil milhões de dólares de dívida pública venezuelana, pela módica quantia de 865 milhões de euros. Get rich or die tryin’, motherfuckers!

Pára tudo: o Goldman Sachs? Esse baluarte do capitalismo selvagem, da tirania dos mercados e do fascismo neoliberal, inimigo maior do povo oprimido, está a financiar o regime bolivariano anticapitalista da Venezuela? E o Maduro não diz nada? E a esquerda assobia para o lado? E este oposicionista, que segura o cartaz na fotografia, terá chegado agora ao planeta Terra? É que o Goldman Sachs não apoia a ditadura venezuelana. O Goldman Sachs apoia qualquer ditadura onde exista a possibilidade de fazer bons negócios, porque o Goldman Sachs está-se nas tintas para a opressão, para a democracia ou para a paz. O Goldman Sachs é um banco predador, um abutre canalha que se alimenta da desgraça alheia, uma das mais poderosas células do terrorismo financeiro que asfixia a liberdade. Porque o neoliberalismo, na realidade para lá do lirismo, é exactamente isto: lucro a qualquer custo, doa a quem doer. Não existem assassinos, não existem ditadores, não existe violência. Não existe ética. Só dinheiro, corrupção, tráfico de influências e desrespeito total pelos direitos humanos e pela democracia. O resto, caro leitor, é paleio de saco.

Comments

  1. Atento/sempre says:

    (…)”Pára tudo: o Goldman Sachs? Esse baluarte do capitalismo selvagem, da tirania dos mercados e do fascismo neoliberal, inimigo maior do povo oprimido”! E fico por aqui…

  2. Rui Naldinho says:

    Já perguntaram ao Durão Barroso, se concorda?

  3. Rui Mateus says:

    A notícia deve ser lida completamente :Banco norte-americano comprou dívida venezuelana na esperança de triplicar lucros com mudança e estabilização do regime…portanto eles como “bons”capitalistas estão apoiar dois cavalos, se cair um deles, já cá canta…portanto não é como afirma um opositor que “o banco está no lado errado da história”, eles estão sempre em cima do acontecimento, sejam o regime ditatorial ou democrático…a dita oposição pelos vistos não terá pejo de entregar o país a esses vampiros…😈

  4. JgMenos says:

    Tudo porque o coirão do Maduro não quer eleições…mas a G&S é que é o mau da fita. Tá visto!

  5. A.Silva says:

    O resto caro leitor é que pelos vistos João Mendes em relação à situação na Venezuela como em relação a outros países, está do lado dos fascistas que estão a pôr a Venezuela a ferro e fogo. João Mendes mais uma vez está do lado dos criminosos, João Mendes dá o seu contributo, pequeno é claro, mas não deixa de ser um contributo para a continuação da destruição e da morte na Venezuela.
    Os sociais-democratas, nestas situações estão quase sempre do lado dos criminosos, do lado do nauseabundo passado.

    Que miséria de “esquerda”

  6. Paulo Só says:

    Na realidade a América Latrina é um lixo. É uma grande Africa do Sul pré-Mandela. A auto-denominada elite se aproveita da onda neo-liberal e está a retomar todas as alavancas de poder que vinha perdendo nas urnas de há 15 anos para cá . É óbvio que é essa elite que mais ganha com a corrupção generalizada nesses países, e não os magros governos de esquerda, com alguns de poder apenas. Claro que a situação não é completamente maniqueísta: houve erros da esquerda, que se aproveitou da fase de expansão da China, hoje em relativo recesso; China que comprava qualquer matéria prima e com isso a industrialização nascente foi pelo ralo. Até porque para segurar a direita garantiram juros estratosféricos aos rentistas que desviaram lucros e poupança do investimento, e valorizavam artificialmente a moeda. Agora o programa dessa elite, consiste apenas em representar nesses países o grande capital internacional, e explorar ao máximo a maioria negra. índia e pobre, agitando o fantasma da corrupção e da moral. Na realidade as elites latino-americanas sequer veem os pobres, eles são transparentes, animais, ou máquinas destinados apenas a produzir riqueza, que é gasta em consumo supérfluo e investida nos paraísos fiscais. Bastará ver as estatísticas da esperança de vida, mortalidade infantil, analfabetismo, desmatamento, distribuição de renda e escravidão daqui a uns anos. Isso é aquilo a que na Europa os media chamam democracia.:Os regimes que têm prevalecido desde as independências no século XIX, passando pelas grandes imigrações de origem europeia, destinadas a manter indígenas e negros em regime de escravatura disfarçada.

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