Coisas verdadeiramente importantes

A partir de 1 de Janeiro  de 2018 será proibido fumar em locais para menores, ainda que ao ar livre, como campos de férias ou parques infantis, segundo a lei que hoje deve ser aprovada no Parlamento. (SIC)

Ao ar livre. De seguida, o governo irá proibir a emissão de gases por parte de automóveis, autocarros e camiões que circulem ao ar livre. 

Neste país, quando se quer fazer de conta que se faz alguma coisa, faz-se uma lei.
Mas se o pretexto é a defesa da criança, não tivesse isto sido anunciado ontem, para quando a lei que faz verdadeiramente falta, para limitar a quantidade de açúcar nos produtos alimentares e bebidas?

Começa a ser frequente ouvir especialistas dizer que, um dia, olharemos para o açúcar como olhamos hoje para o tabaco. Concorda?

Eu acho que ainda é pior. O açúcar, em termos neurológicos, e de neurotransmissores, e de prazer, e da precocidade com que é introduzido, tem consequências mais nefastas do que o tabaco. A frutose, a dextrose, todos os açúcares criam dependência. Entramos no domínio dos recetores cerebrais, no domínio do prazer, da compensação, do conforto. Se eu me habituar a consumir açúcar e a ter prazer pelo açúcar, há modificações epigenéticas – genes que são acionados e que fazem com que eu passe a ter mais tendência para o açúcar. Ou para o sal. E a mesma dose não surte o mesmo efeito a longo prazo. Portanto vou aumentando o açúcar. (VISÃO)

Mas não deve ser sexy, como bater no tabaco, e há uma guerra com a indústria alimentar que os políticos não querem travar. Já agora, não fumo.

Comments

  1. Konigvs says:

    Faz-me bastante mais confusão entender por que é que se proíbem plantas que a Natureza dá livremente como a cannabis. E por falar em açúcar, durante muito tempo a stevia também era proibida porque não dava muito jeito à indústria (cana e beterraba).

    Sobre o tabaco, para mim, se os impostos não cobrem os prejuízos causados na saúde, então é simples: total proibição. Por que é que os meus impostos têm de pagar a saúde de quem se prejudica propositadamente? Ou então, sim senhor, cada um é livre de fumar mas depois que pague na íntegra os custos dos tratamentos da sua saúde.

    • Rui Naldinho says:

      Caríssimo, por essa ordem de ideias porquê pagar com os meus impostos a saúde a um automobilista que ia com excesso de velociadade e se escaqueirou todo? Ou conduzia com álcool no sangue? Ou a um doente da bola que teve um AVC no Benfica- Porto? Ou a um gajo que é um valente lambeirão, guloso que se farta, e obeso até mais não? Ou a um maluquinho que quer ir à Fátima a pé, e acaba a rastejar no calçadão do santuário, até ganhar chagas? Ou um fulano que se lembrou de se expor ao Sol sem protetor, anos a fio? Ou que se meteu na água da praia e/ou rio, sem saber nadar? Ou que foi correr depois de uma almoçarada, e teve uma indigestão?
      Não vá por aí, porque o mundo está cheio de almas perdidas.
      Fui fumador até aos 40 anos. Deixei o tabaco vai para 20 anos. Fumava pouco, mas fumava. Nunca fumava em jejum, nem a conduzir. Curtia o meu cigarro ou cigarrilha, depois do almoço ou jantar, com o meu café e um uísque. Era um prazer como tantos outros. Um dia deixei de fumar, porque achava que o cigarro em vez de me tirar o apetite, como aos demais mortais, abria-mo. E se fumava, sempre depois das refeições, tinha de “mamar” um doze anitos! Ou vice versa.
      O problema não é o tabaco. O problema é a falta de controle e de bom senso das pessoas. Se formos regrados morremos na altura certa. Que é depois de velhos. Tive colegas de trabalho que acendiam uns cigarros com os outros que estavam à acabar. Isso sim, mata! Como mata um gajo ser bêbado. Ou consumir drogas, em especial as injectáveis.
      Mas se eles se lançassem abaixo da ponte, também eram capazes de ter o mesmo destino.
      Tudo tem de ter razoabilidade, sob pena de se tornar ridículo.
      Entretanto os autocarros da maioria das empresas de transportes rodoviários, vão lançando na atmosfera aquele fumo intoxicante, já para não falar do cheiro pestilento, da mistura combustível mais barata do mercado, com adição de óleos de copra.

      • Konigvs says:

        Como eu comecei por dizer, não compreendo que uma planta, que até é medicinal e que a Natureza dá e que até tanta utilidade tem seja proibida, e depois o tabaco, que tantas complicações de saúde causa e anos de vida retira às pessoas seja totalmente permitido. Há qualquer coisa de muito tortuoso nisso.

        Mais: como é possível que a droga, que unanimemente, mais efeitos nefastos tem (mais que a cocaína e heroína) que se chama álcool seja vendida livremente, e que seja tão socialmente bem aceite que os adolescente que não a consomem é que são uns totós que não se sabem divertir (eu passei por lá).

        Eu vou por aí, porque se tem de começar por algum lado. Ainda há não muito tempo, era normal estar num restaurante a mamar o fumo dos energúmenos que fumavam livremente. E não era preciso uma lei se as pessoas tivessem um mínimo de bom senso. Mas infelizmente reina a lei dos “incomodados que se retirem”.

    • Paulo Marques says:

      Qualquer dia ainda olhas para os números e vês que são os fumadores que te pagam para ires ao centro de saúde – os impostos não são exactamente 5%.

  2. JgMenos says:

    Exibir vícios é algo diferente de apanhar um transporte.

    • teste says:

      ó nabo, ninguém aponta o dedo a quem apanha o transporte mas sim a quem FAZ NEGÓCIO Á CUSTA DO AR QUE OS OUTROS RESPIRAM.
      portanto, se a camioneta emite muita poluição, proíba-se!
      que comprem camionetas electricas…

  3. Paulo Marques says:

    Já sobre o alcóol, muito pior que os dois juntos, tá tudo bem.

  4. Rui Mateus says:

    Lei demagógica…ainda por cima num sistema que a criança é prioritária…😈…e estou à vontade não sou fumador.

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