Pelo fato de não existir obra em curso

Eu falo com factos concretos.

— Rodolfo Reis, 28/5/2017

Cæs. The Ides of March are come.
Sooth. I sar, but not gone.

— Shakespeare, “Julius Caesar” (Folio I, 1623)

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Convento, Tomar mais cuidado com as Fogueiras da Inquisição

Depois da tempestade mediática a propósito de incomensuráveis e gravíssimos danos provocados no Convento de Cristo, em Tomar, pela equipa do filme “O Homem Que Matou Dom Quixote”, tempestade criada, como é habitual, pela apresentação unilateral daquela versão dos factos que mais interessa ao “clickbait” e à inflamação das audiências – e sem prejuízo do resultado do inquérito que será sempre necessário aguardar para formar uma opinião mais consistente sobre o assunto – entendi, porque prezo o contraditório e torço o nariz quando esse princípio não é devidamente respeitado por quem o deve respeitar (os jornalistas, óbvio), republicar o seguinte esclarecimento da produtora UKBAR, responsável pelas condições de rodagem do filme parcialmente rodado no Convento de Cristo:

[Ukbar Filmes]

“Em virtude das alegadas informações que têm sido veiculadas nos últimos dias relativas a “destruição” no Convento de Cristo em Tomar durante a rodagem do filme “O Homem Que Matou Dom Quixote” do realizador Terry Gilliam, cabe à UKBAR, produtora portuguesa do filme, assumir as suas responsabilidades e esclarecer o seguinte:

Verificaram-se, de facto, alguns danos, que foram devidamente contabilizados, pela equipa de peritagem associada ao Convento, que tão bem conhece o espaço e fez a sua avaliação antes e depois da rodagem. Para que conste, esses danos saldaram-se em seis (convencionais e de fabrico recente) telhas partidas e quatro fragmentos pétreos de dimensões reduzidas e variáveis, de aproximadamente 8 centímetros, no máximo. Importa também esclarecer que, segundo o perito independente, nenhum destes danos foi causado por algum tipo de uso indevido ou excessivo, mas poderia ter ser provocado por qualquer visitante. Em referência às tarefas de recuperação, irão ser aplicadas as mesmas técnicas que se aplicam habitualmente para este tipo de construção e que o Convento utiliza ano após ano para tratar a deterioração habitual do mesmo. Os danos a reparar estão contabilizados num orçamento total de 2.900€.

No que toca ao corte de árvores, ele ocorreu durante a limpeza no final da rodagem, tendo os serviços do Convento de Tomar justificado a decisão com o facto de não se tratarem de espécimes autóctones (e que foram plantados há alguns anos para a rodagem de outro filme), que deveriam ser substituídos.

No que à utilização do fogo dizia respeito, ele não pôs de forma nenhuma, em momento algum, a integridade do edifício, nem dos presentes na rodagem, em causa. Sob a supervisão do Comandante do Corpo dos Bombeiros Municipais de Tomar e de elementos da Proteção Civil, os bombeiros foram convocados, fizeram-se presentes e estavam alerta para qualquer eventualidade. Mas a sua intervenção não foi necessária, uma vez que tudo se processou dentro da normalidade e com o profissionalismo que a situação exigia.

Desde o primeiro momento, tivemos consciência da responsabilidade de estar a utilizar um espaço histórico, que para além de Monumento Nacional é Património Mundial, e nunca nos passaria pela cabeça desvirtuar. Alertámos todos os participantes na rodagem para esse facto de forma a que se movimentassem com delicadeza e respeito. Foram cumpridas todas as condições estipuladas nos termos do aluguer do espaço. Houve sempre acompanhamento técnico por parte dos profissionais do Convento, tanto nos períodos diurnos como noturnos; e foi também nossa preocupação que o seu normal funcionamento fosse afetado o mínimo possível. Não deveriam, portanto, a mesquinhez e as pequenas invejas ser suficientes para criar fantasmas que atentem contra o potencial que nosso cinema tem.

Este filme trouxe a Portugal um capital genuíno e criou trabalho para técnicos, atores e empresas portuguesas. Veio demonstrar também que Portugal tem talento e capacidade para estar a par de países com mais avultados recursos económicos. Quando o filme estiver concluído, teremos um grande orgulho em mostrar ao mundo inteiro um edifício com a riqueza cultural milenar do Convento de Tomar, que será projetado em ecrãs à escala planetária. E contribuirá, esperamos, para incrementar o interesse em Portugal, trazer mais turistas ao país e chamar a atenção para o cinema – e a cultura – que aqui se produz.
Para mais informações ou esclarecimentos, contactar, por favor:

press@ukbarfilmes.com

http://www.ukbarfilmes.com/

 

 

 

Terry Gilliam, o Magnânimo

A jornalista da RTP visitou todos os locais que quis. Foi para isso devidamente autorizada por Terry Gilliam.

Livros infantis para adultos

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[Alex Gamela]

Tenho a mania que escrevo umas coisas, e não escrevo tanto que justifique a mania.
Leio muita coisa, mas não leio talvez o suficiente ou suficientemente bem.
Leio muito sobre escrita, o que me reforça a crença nos pontos anteriores, mas também me dá alguma noção sobre a qualidade dos textos que me aparecem à frente.
Escritores por aqui tenho muitos, e muitos muito maus, que, se calhar deviam ler mais e melhor, e sobre escrita também, a ver se escreviam melhor.
São raros os textos que encontro com qualidade ou diferentes dos bitaites à la chagas freitas, com personagens que não nascem do umbigo ou presos a dilemas sentimentais infantis.
Esses maus escritores têm o mérito de ter alinhado 50 mil palavras, umas atrás das outras, sem terem conseguido sair do mesmo lugar. É mais do que eu, que não saio do meu lugarzinho para alinhar tanto palavreado junto, como neste postzinho inútil.

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Jihad Americana

A extrema-direita, seja a oficial, seja aquela que se infiltra disfarçada entre conservadores e liberais, atravessa hoje uma das fases mais complicadas da sua estranha existência. E a culpa, em larga medida, é de Donald Trump.

Reparem na contradição: enquanto se masturbam com a diarreia mental diária do presidente norte-americano, que num dia emite uma fatwa contra o mundo árabe e no outro se desloca a Riade para bater continência à casa-mãe do fundamentalismo islâmico, a quem de resto aproveitou para vender cerca de 110 mil milhões de dólares em armamento, estes tipos desenham teorias da conspiração, que mais parecem saídas de um bolinho da sorte chinês, acusando a esquerda, não se percebendo muito bem porquê, de ser uma espécie de suporte ideológico do terrorismo islâmico. [Read more…]

Donald Trump sucks!

Sondagem da Gallup revela que apoio à destituição é superior à popularidade. A saída do acordo de Paris e as ligações à Rússia estão a dar frutos.

O Banco Popular está a arder

e a factura já vem a caminho.