António Costa ou a cobardia na luta contra os poderosos

Não me custa admitir que António Costa nasceu para governar. Ali é que ele se sente bem. Todos nos lembramos quão desastrosa foi a sua prestação como líder da Oposição, ao ponto de conseguir perder as eleições para um Governo miserável que vinha de 4 anos de Troika.
A constatação deste facto não me leva a sentir maior simpatia por ele. Pelo contrário. Não gosto de António Costa e gosto ainda menos do PS, um Partido que desde o início traiu a sua matriz ideológica. O facto de estar neste momento aliado à Esquerda é puramente circunstancial. Era a única forma que o primeiro-ministro tinha de chegar ao poder e salvar a sua carreira política. Da próxima vez, se necessário for, aliar-se-á ao CDS com o mesmo à-vontade e com o mesmo sorriso cínico de sempre.
Apesar de tudo, ao votar no Bloco, contribuí para a actual solução governativa. Não me arrependo porque, no fim de contas, a alternativa passista seria bem pior. Mas não escondo que esperava muito mais de um Governo que se ancora nos Partidos de Esquerda e que precisa deles para desenvolver as suas políticas.
A política energética e as rendas excessivas da EDP são um bom exemplo. Como é que não se consegue cortar um cêntimo que seja nestas rendas escandalosas? Foi o PS que as criou, é o PS que tem rectificar o erro e acabar com elas. Ou a coragem de lutar contra os poderosos e os grandes grupos económicos esgotou-se toda com a questão dos colégios privados?
Não ignoro que há quem goste. Pessoas que ainda há pouco tempo estavam na área do PCP/Bloco e paulatinamente se foram aproximando do PS. Essas pessoas esquecem o que esse mesmo PS lhes fez no passado (como professor, só para dar um exemplo, nunca esquecerei a humilhação dos anos de Maria de Lurdes Rodrigues, a pior Ministra da Educação de sempre) mas revelam, de forma muito óbvia, a massa de que são feitas.
Por isso é que o PCP faz muito bem em agitar as águas e promover a contestação social, por mais que exista uma facção de socialistas nos sindicatos afectos à CGTP que está mortinha por abocanhá-los e conduzi-los à Direita.
A 2 anos das próximas Legislativas, o momento é de luta. Ver o PSD a chegar ao poder seria muito mau, mas ver o PS a governar com maioria absoluta não seria muito melhor.

Comments

  1. Pedro Soares says:

    Maria de Lurdes Rodrigues, factualmente, foi a ministra que mais contribuiu para a melhoria da escola pública portuguesa.
    Como indicam todos os rankings internacionais de avaliação da aprendizagem dos alunos.
    E como até ver, as escolas servem para ensinar os alunos…

    • Rui Naldinho says:

      Tenho de reconhecer que me identifico com este texto do Ricardo.
      O PS se for deixado à solta, descamba logo. E parece que tem dificuldade em mudar.

    • António Fernando Nabais says:

      Factualmente? A ignorância é mesmo muito atrevida. As escolas servem para ensinar alunos (ao longo de vários anos) e o mérito da subida nos “rankings” internacionais (que avaliam apenas alguns aspectos) era de uma ministra, que, ainda cima, é outra ignorante atrevida? Boa malha, Pedro!

      • Rui Naldinho says:

        Os rankings, seja no ensino, seja na economia, tem servido como arma de arremesso para todo o tipo de dissertações, desta “gente sábia” que vê nas estatísticas, feitas à medida de cada um, diga-se, a mãe de todas as ciências, cuja infalibilidade daria origem a um conhecimento.
        Só ainda ninguém me conseguiu explicar a razão pela qual, os colégios privados fora dos grandes centros urbanos, por ex: o Externato do Sabugal, ou o Colégio de Cernache, entre várias dezenas de estabelecimentos do ensino privado espalhados pelo país, não ficam no topo desses rankings, e se perdem pelo meio, quando não mesmo, no fundo da tabela.
        Será bruxedo?
        Também ainda ninguém me conseguiu explicar, a razão pela qual, Portugal, com tão mau desempenho nos rankings passados, tem nas últimas décadas “exportado” para outros países, com elevado sucesso, carradas de licenciados e mestrados, nas várias vertentes das áreas ciêncitificas ministraras nas nossas universidades e politécnicos, com especial incidência, nos enfermeiros, fisioterapeutas, e outros profissionais de saúde?
        Há uma agenda ideológica para embaratecer o ensino público e o SNS, na razão inversa das rendas da EDP, da Luso Ponte, das concessionárias de autoestradas, “and so on”, porque ser professor, não é tarefa para os gajos super dotados das Jotas, que um dia ocuparão os lugares de CEO, nos “mamadouros do regime”.

        • Rui Naldinho says:

          Deve ler-se
          “…daria origem a um novo conhecimento.”

    • Ferpin says:

      Tretas.

  2. Paulo Marques says:

    É preciso não esquecer que o PS é um partido do regime e só é amigo de si próprio.

  3. Fernando says:

    Só não percebo por que razão o Ricardo tem de fingir que votou no Bloco. As suas ideias de direita, o seu amor ao Passos e ao PSD não são menos visíveis por isso. Assuma-se, homem, e podemos começar a discutir as suas ideias em vez da sua desonestidade intelectual.

  4. Orlando Sousa says:

    “As suas ideias de direita, o seu amor ao Passos e ao PSD não são menos visíveis por isso. ”
    Já me ri bastante à custa do Fernando?
    Ricardo, não gastes o teu latim com esse bárbaro!

  5. motta says:

    Bom… falando de educação, numa coisa a actual administração educativa – pela voz do seu secretário de estado – tem razão: A escola tem de preparar para a vida. Notoriamente, até aqui, não preparou, pois a ser assim não teríamos estes hipócritas a governar.
    E não teríamos os engenheiros, enfermeiros, médicos, professores (sim, também professores!) a ser disputados um pouco por todo o mundo (pelo menos aquela parte com alguma grana para contratar pessoal qualificado).

  6. Concordo com o texto. Mais, caso o governo dure a legislatura, o PS vence com maioria absoluta e o BE e PCP diminuem os seus deputados. Entretanto à excepção da reposição mais rápida de rendimentos, vemos quase nada de esquerda. Costa aproveita-se de Jerónimo e Catarina.

  7. Nascimento says:

    É pá, o que pra aqui vai! Atão eu é que sou ” ordinário” e tal…mas, não sou estupido como grande parte de gente que aqui Posta! O que é que querem? O PS de ASSIS?Jaime GAMA?Mas, está tudo maluco?Vamos lá fazer o que pudermos para esta merda dar resultado! Já está a ser um caso de estudo por essa Europa fora. Ou não? Já se tenta imitar em Espanha! Ou não sabem? Vejam a moção de censura do Podemos e a carta aberta de intelectuais e outros, a Iglesias! Devemos ter orgulho! Ou não? Discutimos? Chamamos nomes uns aos outros? Tá bem, mas, ESTES SÃO OS NOSSOS F. DA P.! Qual é o lado da ” barricada” se assim me premitis ???Tou -me a cagar para daqui a dois anos. Não sou naife, sei a História, mas, também sei que sou Eu que a FAÇO!Badamerda par tanto calculismo.

  8. anti pafioso. says:

    Se o PCP não gosta é porque o P S está a governar bem .só pela ousadia de Maª de Lurdes Rodrigues querer a avaliação devia de ser condecorada ,todos sabemos que o srº Nogueira se fosse avaliado tinha nota 1 ,assim como os professores funcionários do P C P . Maª de Lurdes Rodrigues a melhor Ministra da Educação de SEMPRE .

    • Professor excelente says:

      Pois, o problema foi a avaliação… o c(R)ato não teve problemas com os professores, apesar de todas as malfeitorias feitas à escola pública, porque a avaliação de desempenho ficou na gaveta. Esperto, o bicho!

  9. Um texto que relata o verdadeiro PS. Um partido com uma matriz de esquerda mas que, desde o 25 de Abril, para desgraça dos trabalhadores portugueses, foi protagonista das maiores canalhices feitas aos portugueses. Num golpe asa, teve a ousadia de com a ajuda de Gonelha, Carlucci e Soares, criar uma mistificação travestida em central sindical chamada UGT que tem vendido duma forma miserável os interesses e direitos dos trabalhadores de tal forma, que hoje as condições dos trabalhadores portugueses estão ao nível do que pior existe nas denominadas democracias europeias. Mancomunados com o patronato transformaram o CES numa espécie de inquisição-mor cujo libreto é esse manual de patifarias por eles aprovado e que eufemisticamente se chama “Código do Trabalho”.

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