O SIRESP falhou novamente

Estrutura accionista da PPP SIRESP: SLN, PT Ventures,  Motorola, Esegur e Datacomp.

O SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança em Portugal) tem como objectivo ser um sistema de comunicações móveis comum às forças de segurança, emergência médica e protecção civil. Está marcado pela polémica desde o seu início. Falhou agora no incêndio de Pedrogão Grande e, ironicamente, já antes tinha falhado durante 6 horas neste mesmo concelho, aquando da grande tempestade de 19 de Janeiro de 2013 (cf. vídeo abaixo ao minuto 7:51).

Em caso de catástrofe, quando as comunicações são mais precisas, as falhas no SIRESP têm acontecido. Não serão a causa dos problemas, mas assim não contribuem para a solução. Vale a pena recapitular como é que este sistema problemático entrou em funcionamento (adaptado do tretas.org):

  • A necessidade de um sistema de comunicações integrado foi identificada em 1999, durante o governo de Guterres.
  • Cinco fornecedores pagaram 15 mil euros pelo caderno de encargos, mas só um apresentou proposta, alegando que o concurso estava decidido à partida.
  • Em 2005, três dias depois de Santana Lopes ter perdido as eleições, o ex-Ministro da Administração Interna (Daniel Sanches) e o ex-ministro das Finanças (Bagão Félix) assinaram o despacho de adjudicação do sistema num valor de 538,2 milhões de Euros.
  • Daniel Sanches fazia parte da Sociedade Lusa de Negócios antes de entrar no governo de Santana Lopes. Enquanto estava no governo adjudicou o SIRESP à SLN. E quando saiu do governo voltou à SLN.
  • O negócio foi posto em causa no início do novo governo de Sócrates. Foi decretada a respectiva nulidade devido a considerar-se que os signatários da adjudicação não tinham competência para o fazer, dado que faziam parte de um Governo de gestão. Mas um novo contrato, com um valor 50 milhões de euros abaixo do valor inicial e com redução de funcionalidades acabou por ser assinado por António Costa em 3 de Julho de 2006.
  • As suspeitas de tráfego de influências foram arquivadas pelo Ministério Público em Março de 2008.

Duas reportagens relatam o que se tem passado com o SIRESP.

 

A grande questão que se coloca é saber quando é o Ministério Público deixará de ser o Grande Arquivador, para passar a ser a força que impeça a praga da corrupção.

Leituras:

Comments

  1. Bronco says:

    É necessária uma alternativa credível a estes partidos. Que não seja uma “frente nacional”, quer infelizmente consegue ser bastante “credível” noutras paragens.

  2. Luís says:

    Esta coisa do SIRESP não foi um negócio do Dias Loureiro?

  3. A Sociedade Lusa de Negócios, aka BPN, aka Galiei, para alem de ter 33% do SIRESP é também dona da Datacomp e accionista a 50% da Esegur.
    Ou seja, o SIRESP foi feito pela malta do BPN.

  4. Ana Moreno says:

    “A grande questão que se coloca é saber quando é o Ministério Público deixará de ser o Grande Arquivador, para passar a ser a força que impeça a praga da corrupção.” É isso apenas. A impunidade é assassina.

Trackbacks

  1. […] nossa, com um historial tão negro de incêndios, nada funcione quando é preciso? De que nos serve essa patranha política que é o SIRESP? Que valor tem as leis que supostamente deveriam funcionar mas que a maioria ignora? E não nos […]

  2. […] centenas de milhões de euros aos cofres públicos, numa negociata à moda do bloco central, e voltou a falhar quando mais precisamos dele. Ontem, porém, recebemos a confirmação de que a patranha é pior do […]

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