Tancos estava mesmo a pedi-las, não estava, senhor ministro?

Uma quantidade armamento militar, demasiadamente grande para ser ignorada, foi roubada, com aparente facilidade, do paiol de Tancos. Centenas de explosivos e munições, entre outros materiais que desconheço, presentes numa longa lista apresentada por um jornal espanhol que não é assinada por Sebastião Pereira, estão agora no mercado negro, à espera de comprador, seja ele um terrorista, um traficante de droga ou um mercenário a soldo.

A leveza com que este caso está a ser tratado pelas autoridades responsáveis é chocante. Quem ouve o ministro da Defesa falar no sucedido fica com a sensação de que não foi assim tão grave. Sacrificaram-se cinco comandantes no altar da desresponsabilização, para serenar os ânimos, mas por muito menos se pediram cabeças ao anterior governo. E se de hoje para amanhã, num qualquer local densamente povoado, um atentado for levado a cabo, usando os vários explosivos desviados de Tancos? Será que Azeredo Lopes e Constança Urbano de Sousa apresentam a sua demissão?

A questão da videovigilância, porém, é a que mais me perturba. Existe um complexo militar, onde está armazenada uma quantidade muito significativa de armamento, e a videovigilância não funciona há dois anos. Num país onde se gastam milhões de euros anuais na manutenção de uma luxuosa frota automóvel estatal, onde autarcas torram milhões em publicidade e serviços de comunicação que, não raras vezes, mais não são do que pagamento de favores ou acções de propagada, estamos há dois anos à espera que se repare algo que custará 20 ou 30 mil euros, e que poderia ter evitado ou ajudado a evitar um alarmante roubo de armamento.

Portugal é um país de prioridades invertidas. Vamos fazer um europeu de futebol? Toca a construir 10 estádios de raiz, ainda que metade seja insustentável. É preciso reforçar os Bombeiros e a Protecção Civil para o combate aos fogos? Tomem lá uns trocos e amanhem-se. Tancos estava mesmo a pedi-las. Explosivos e munições, mesmo ali à mão, com a vedação degradada e a videovigilância em parte incerta, foi um simpático convite para os profissionais que levaram a cabo o assalto. Mas isto não pode ficar por cinco comandantes exonerados. Não quando é o próprio ministro da Defesa a afirmar que a falta de videovigilância em Tancos não é admissível. Resta-lhe, enquanto responsável máximo pela tutela, retirar daí as devidas ilações.

Foto: Nuno André Ferreira/Lusa@Sapo24

Comments

  1. teste says:

    foda-se, demitem-se 5 responsáveis pelas instalações e isso é “Sacrificar no altar da desresponsabilização, para serenar os ânimos”
    e qual é a solução apresentada?
    “Sacrificar mais uns quantos” se possível Ministro, Primeiro-Ministro e quiçá Presidente da Republica “no altar da desresponsabilização, para serenar os animos” do escriba.
    é preciso pachorra

  2. Areia para os olhos says:

    Vamos pôr as coisas em perspectiva:
    Quem tanto insiste em parecer acreditar na relação directa entre um ministro/governo e um buraco numa vedação (e o consequente roubo), ou entre um ministro/governo e um incêndio florestal (e a operacionalidade da sua extinção), então também acredita numa relação directa entre a oposição a esse ministro e o buraco na vedação e o incêndio florestal, não acredita?

  3. Intrigado says:

    O curioso é que os cinco militares exonerados são comandados por um general, comandante de toda a Brigada a que pertencem aquelas unidades, de quem nem sequer se fala, provavelmente para não subir a fasquia da responsabilidade, já que o próprio chefe de Estado Maior do Exército não põe o seu lugar à disposição.
    Nem sei por que não demitem o pastor que leva as ovelhas para as imediações e até podem passar pelos buracos da rede!

  4. Ana A. says:

    Vejamos o problema por uma outra perspectiva: um roubo destes não é obra da oportunidade fortuita. Foi, certamente, bem organizado e bem pago! E nestes tempos conturbados em que os chamados “lobos solitários” usam qualquer objecto como arma, não me admira nada que, sendo o exército uma instituição de acesso mais ou menos livre, não se possam alistar pessoas cujos objectivos a médio prazo passem por fornecer os seus comparsas cá fora!
    Mas isto, sou só eu a pensar em voz alta. Afinal, nestes casos devem ser considerados todos os cenários, não é?!

  5. Fui militar como milhões de portugueses. Estou seguro que a quase totalidade gosta da sua Pátria (Terra onde nasceu). Mas estou também certo que alguns se “amotinam” contra a sua tribo. Conheço o perímetro de Tancos e Santa Margarida como milhões de portugueses. Estava longe de admitir, até este acontecimento, que alguém facilitasse por negligência ou outro meio o roubo de material de guerra.
    Isto é próprio de uma “tribo doente”.
    A questão da rede, das câmaras, das rondas, não justificam nada esta “catástrofe”. Estes argumentos são posições relativistas.
    Temos que nos capacitar que estamos, efectivamente, em guerra. Acontece que as características desta guerra têm pouca relação com o tipo de guerra anterior.
    Os refugiados são uma manifestação característica da guerra de hoje. Meto no mesmo plano o facto de um jornal castelhano ter divulgado a lista do material. Se divulgaram são nossos inimigos. Ponto.
    Quem forneceu a informação é também um inimigo. Com informações militares não se brinca…
    Fico pasmado porque isto coloca em evidência o facto de o nosso exército ter sido infiltrado (informações e contra informações).
    Acho curioso, muito curioso o facto de surgiram conotações destes factos com os paraquedistas.
    Os paraquedistas são uma “unidade de elite”.
    Os paiós estão na zona do perímetro perto do quartel de engenharia que os guardavam.
    O exército sempre invejou os paraquedistas devido à sua autonomia logística e operacionalidade. Ou seja, os paraquedistas não passavam “cartão” ao exército e isso deixava-os nervosos. Enfim conseguiram tê-los sob o seu comando, assim como aos comandos. Agora envolvem-nos nesta desgraça.
    Não chega despachar ministros, comandantes-burocratas.Temos de despachar os ideólogos de algum tipo de globalização palerma e das fronteiras abertas a todo o tipo de lixo (organizações pseudo-bondosas, etc.).

    • teste says:

      lixo és tu, meu fachozinho de vão de escada. com milhões de portugueses pelo mundo este aqui quer fechar as fronteiras e ainda diz que é em defesa do país! é com cada um

      • Ó senhor onde diz no texto”fechar fronteiras”?
        Outra coisa é escrutinar bem que vai a tua casa (país) que também é a minha.
        Se algum dia foste militar, mesmo de forma voluntária, e se soubesses o que é a Pátria e o que é Ser Português não fazias comentários tolos.
        Compreenderias o que significa este roubo de material de guerra.
        ou tens dúvidas que houve fuga de informação ou infiltração das Forças Armadas que têm por missão proteger-te?
        Toda a gente entende como normal que as fotos dos paióis aparecem no google?
        Há fotos no google de bases americanas ou de qualquer país decente?
        Se há é aberrante… E uma vulnerabilidade de segurança.

      • Que sabes e mim para me chamares facho. Sabes lá bem o que é um facho?!

  6. Santa ignorância e verborreia pegada.

  7. joão lopes says:

    coronéis,tenentes,generais,sargentos,sargentos ajudantes é o que há mais,por aquela zona,ou seja,gente que gosta de mandar ,ser obedicida…e não fazer nenhum.um exemplo:basta tirar uma lista,dos “militares” reformados,em pre reforma(e não poem lá os pés) e até reformados desde os 50 anos de idade…pergunta:porque não querem os militares trabalhar,mas adoram as piscinas de Santa margarida?e a eletricidade paga,a agua paga,tudo pago pelo estado?

    • E como é que as regalias dos militares estão associadas ao roubo de material de guerra?
      Ignorância…

  8. joão lopes says:

    já agora,o que fez o distrito de Santarem de mal para tudo isto acontecer,abrantes e tomar a arder,enquanto os falabaratos de lisboa e porto,estão no ar condicionado a filosofar sobre incendios,roubos e outras coisas.e que tal sairem da zona de conforto e apanharem com 40 graus de calor e humidade zero?

    • Foram os do Porto e Lisboa que pegaram o fogo no Distrito de Santarém?
      Valha-te deus…

  9. anti pafioso. says:

    A direitalha quer prender os policias e deixar os ladrões á solta ?.

  10. Tentar, como o faz a oposição, meter guerrilha política nesta coisa só torna mais denso o clima de parvoíce surrealista a que se chegou!.. Trata-se duma falha inqualificável e negligente por parte da “tropa” e ponto final. Não tem a ver com ministros, secretários de estado, este governo ou outro governo… – Trata-se, isso sim, de gravíssima falha do Exército e concretamente da estrutura responsável pela segurança daquele perímetro. Não tem CCTV, e sabiam que não o tinham, certo? Ativavam meios alternativos; cães, sentinelas, patrulhas, carros de combate, etc. Ou, em último caso, punham lá generais de espada à cinta… Deixarem-se roubar, não!…

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