Jogos de spin e contra-spin

Pelo caminho, que se lixem as pessoas. Valores mais altos se levantam, nomeadamente, o poder. Esse que uns têm e os outros perseguem.

Do lado do governo, procura-se controlar os danos resultantes da fractura exposta que é a descoordenação do Estado. Os cortes nos serviços sucederam-se ao longo dos anos e, para piorar, os governos tratam de mudar as chefias para lá colocarem os seus correligionários, o que parece ter acontecido apressadamente em Maio passado  Nada de novo, não se desse o caso de a bomba ter  explodido agora. 

Quanto à oposição, assistimos à construção da narrativa. A estratégia é repetida e consiste fazer aparecer um conjunto de teses que vão sendo repetidas aqui e ali, num círculo de soprar o spin, para depois o cavalgar. Depois da tentativa falhada de escalar os suicídios, continuam a maximizar o lado emocional da questão, agora pela contagem dos mortos. Zero de racionalidade.  Nada de olhar para as causas estruturais da falha, até porque essas não vêm de há dois anos. São transversais e é fogo que todos queima. 

Entretanto, o dinheiro da solidariedade continua a crescer em juros e capital eleitoral algures. E o Estado já virou os holofotes para o que arde presentemente, deixando as cinzas para mais tarde – quem sabe se não as levará o vento. Pobres daqueles que apenas são gente para o Estado no momento de pagar impostos e de apelar ao voto.

Comments

  1. Antônio Araújo says:

    Muito bem, parabéns pelo texto verídico 👍

  2. Paulo Só says:

    Eu não consigo perceber. Deve ser por ter morado muito tempo fora. O que eu sei é que graças à internet eliminei definitivamente toda a media nacional. Apesar de duas ou três luzes é de uma mediocridade de chorar, a somar à mediocridade da política. É como essa história da Altice. Ninguém se informou na época sobre quem eram esses bandidos, mas eram mais que conhecidos. Qualquer idiota que lesse meia dúzia de jornais estrangeiros sabia disso. Os incêndios? Alguém se preocupou, ou não, em ver o que é feito no outros países? Desconfio que não, só lhes interessa saber se a culpa é do Benfica ou do Sporting. É uma parolice total. Toda a gente opina ninguém se informa. O Marques Mendes é o cúmulo. Não lhes parece estranho que um político seja pago para dar opiniões? reparem os assunto sobre os quais ele opina: nada de importante. Qual o sentido do Brexit? Nada. Só quer saber se o Passo Coelho espirra. Vai ver ainda será eleito presidente da República. Outro é aquele João Miguel Tavares. É uma pessoa que vive de dar palpites. Isto realmente o subdesenvolvimento é como a educação, . o tempo não apaga nada, só confirma.

  3. “spin”?!!! Em língua portuguesa será: palpites e contra palpites.
    Na cidade do Porto diz-se mandar “bocas”.
    Agora sobre o texto: Gostei. Oportuno.

    • O termo não é de fácil tradução. É uma forma de propaganda baseada em apresentar explicações tendenciosas. Querendo usar um termo em português, eu iria mais para “manipulação”.

  4. Rui Naldinho says:

    “Jogos de spin e contra spin”. Um país que arde diariamente sem que ninguém consiga controlar os seus efeitos devastadores.
    Um país que nos períodos mais agudos das mudanças climatéricas, seja no Verão quente, com os incêndios, seja no Inverno pluvioso, com as cheias, se torna incapaz de minorar os danos causados pela fúria da mãe natureza, agastada por tanta incompetência.
    Foram anos e anos de decisões desastradas, sempre a pensar no negociozinho de ocasião, em vez de se olhar ao bem comum.
    Foram reduções, cortes e amputações na Soberana tarefa de salvaguardar a aldeia global e as suas gentes, em detrimento do saque que alimentou o ego das elites, partidárias ou não, com faustosos repastos, orgias e virtuosos investimentos que ruíram à primeira paulada.
    São promessas e juras de emenda, rezas na fidelidade à pátria, que se adiam “sine die” por burocracias várias e interesses incompatíveis, entre o bem coletivo e o arranjinho de uma qualquer corporação.
    Porra, Jorge, eu já estou farto deles!

  5. “(…) interesses incompatíveis, entre o bem coletivo e o arranjinho de uma qualquer corporação.
    Porra, Jorge, eu já estou farto deles!”… Idem aspas, aspas.

  6. Paulo Marques says:

    Tanto tempo a falar no mesmo incêndio e ninguém conta as mortes causadas pelos cortes na saúde pelo ministro VIP.

  7. JgMenos says:

    Gente inteira, escolhe a linha da frente.
    Está lá o dos afectos, honra lhe seja feita.

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