Um belo arraial de porrada

Caricatura: “O jovem turco” de Fernando Santos, no seu Sítio dos Desenhos

Foi o que veterano Francisco Louçã deu no imberbe Hugo Soares.

Segura-me depressa se não eu bato-lhe

Se o leitor ou a leitora tem estado com atenção, estes dias recentes têm demonstrado uma das características mais divertidas do discurso político em Portugal: essa curiosa mistura de presunção e pesporrência, que tem erguido brilhantes carreiras pelo menos desde o Conde de Abranhos. Se para mais tivermos alguém que precise de se afirmar neste campeonato do peito feito, então a receita é certa, vai haver superlativos.

(…)

Entradas de leão, saídas de sendeiro, ou segura-me se não eu bato-lhe, tudo isto é uma maçadora repetição de um discurso político que começou em tragédia com o anúncio dos falsos suicidados de Pedrógão e termina com esta farsa de aproveitamento político dos mortos verdadeiros. Mas é a isto que estamos reduzidos quando faltam argumentos onde sobra azedume, não é?

Segurem-no, que ele quase marcou uma reunião. “Na frase pesada, na pose solene, no queixo aprumado, está toda uma política. Ou se chegam em 24 horas, ou nem sabem o que vai acontecer.”

Comments

  1. ..não que o sujeito sequer mereça mas, por uma boa causa, cá vai ; o Governo tem que ter cuidado com o isco que lança ao bis-Hugo, pois que é um desperdício perder toda e qualquer oportunidade para dar sonoras gargalhadas SO à custa dos ARES.

  2. JgMenos says:

    Esse lacaio do Bloco armado em analista é tão só mais um coirão ao serviço da geringonça.
    Como discutir Política está fora do âmbito de uma governança feita à medida de acordos de uma página de ‘broas’ , só sobra discutir incidentes.

    • O Jgmómetro é um indicador avançado para aferir a assertividade de uma ideia. Quanto mais baixo for o nível mais se sabe que se acertou.

      • JgMenos says:

        Sempre disponível para zurzir o pedantismo do referido coirão.

        • Rui Naldinho says:

          Ó Menos, enxerga-te, bebe muita àgua, e vais ver que isso passa-te!

    • Nascimento says:

      Vai lá dar beijinhos no cuzinho do teu barrasco.O Passos tem falta de papel higiénico.

      • JgMenos says:

        GRUNHO!

        • José Peralta says:

          Ah, grande “menos” !

          A tua raivinha de dentes, que quase se “ouvem” aqui a ranger, é bom sinal…

          E um coirão raivoso, um lacaio admirador de canalhas abjectos, e defensor de abutres a aproveitarem-se de uma tragédia, como o huguinho lambedor de coelhos em vias de extinção, é sempre um gozo de ler…

          Como também é um gozo, ver um biltre, a quem esvaziaram “o balão” e em menos de 24 horas (muito antes de ter terminado ” o prazo do ultimato”, tornar-se um manso a “meter o colh…na virilha” e a praticar “hara-kiri” !

          Como se constata, em certos casos O RIDÍCULO MATA…

          Adeus huguinho, adeus aldrabão coelho ! Vão morrer longe…

          E as tuas “melhoras”, ó “menos” !

          • JgMenos says:

            Sempre foi parida a lista, provisória, mas parida.
            Palhaçada de segredo!
            Cretinice geringonça!
            Tótós festivos!

        • Sempre foi parida a lista, provisória, mas parida.
          Palhaçada de segredo!
          Cretinice geringonça!
          Tótós festivos!

          Acho muito lamentável quem consegue fazer política com isto. Enfim, não me apetece gastar latim. Como li algures, quem não tem diabo, caça com mortos.

    • Paulo Marques says:

      Para alguém que só vem atirar soundbytes de propaganda ideológica das classes a quem gosta de limpar o rabo, esse argumento é muito fraquinho.

  3. A culpa irá continuar a morrer solteira?
    VICENTE JORGE SILVA

    https://www.publico.pt/2017/07/30/sociedade/noticia/a-culpa-ira-continuar-a-morrer-solteira-1780768

    Nada justifica que se tenha tentado aproveitar o lado mais tétrico dos acontecimentos, como o número de mortos dos incêndios, para efeitos de chicana partidária e populismo desbragado, como aconteceu com o PSD e alguns dos seus acólitos tribunícios.
    30 de Julho de 2017

    Nada se compara, é certo, com o delírio que assaltou a Casa Branca, ultrapassando tudo o que se poderia prever – e já era deveras inquietante – desde a tomada de posse de Donald Trump. Quando é o Presidente da primeira potência mundial que, incapaz de concretizar qualquer iniciativa política, exceptuando a nomeação de um juiz ultraconservador para o Supremo Tribunal, introduz um cavalo de Tróia dentro da sua própria fortaleza e parece querer fazê-la ir pelos ares com alguns dos homens mais fieis da sua equipa inicial, somos obrigados a rever os parâmetros de demência a que estávamos habituados.

    Estamos felizmente ainda longe disso, neste jardim à beira-mar plantado mas já muito ardido pelos fogos de Verão, com as incongruências, irresponsabilidades, oportunismos mórbidos e faltas de decência elementar que puseram a nu. Em todo o caso, há muito que não assistíamos a uma tal erupção de casos e comportamentos tão descontrolados, inexplicáveis e reprováveis, como se as altas temperaturas tivessem secado também o discernimento mental e moral dos actores políticos (mas não só). O facciosismo chegou a um tal nível caricatural, quase de afrontamento «futebolístico», que impede qualquer escrutínio sensato das questões em causa, desde os incêndios e a estatística das respectivas vítimas ao roubo de armas nos paióis militares. Oscila-se entre a desresponsabilização pura e simples e os ultimatos bélicos, como num combate primitivo entre os bons e os maus.

    Ora, nem uns nem outros têm razão e é até demasiado fácil percebê-lo, o que nos arrasta para o terreno pantanoso da má-fé. Por um lado, parece evidente que, para além de motivos sazonais ou fortuitos, nem os incêndios nem os roubos de armas isentam as autoridades (políticas ou militares) das graves imprevidências que elas, persistentemente, recusam assumir. Mas, por outro lado, nada disso justifica que se tenha tentado aproveitar o lado mais tétrico dos acontecimentos, como o número de mortos dos incêndios, para efeitos de chicana partidária e populismo desbragado, como aconteceu com o PSD e alguns dos seus acólitos tribunícios.

    Obviamente, pode discutir-se o «segredo de Justiça» que rodeava a divulgação da estatística oficial dos mortos de Pedrógão, até a PGR o ter feito, aparentemente, sob pressão política. Fazia sentido ou não esse segredo? À primeira vista, não. E o facto de o Governo se ter distanciado do caso, argumentando com a separação de poderes, pode ter justificado especulações de que desejaria evitar expor-se ainda mais num terreno tão candente.

    Mas o frenesim doentio da polémica sobre a exactidão desse número (e que motivou, por exemplo, uma manchete absurda do Expresso) logo expôs um propósito de exploração panfletária e obscena de uma grande tragédia humana. Não será possível destrinçar uma coisa da outra? Ou seja, o direito a saber quem efectivamente morreu é compatível com a disputa macabra sobre a estatística dos mortos (os que soçobraram por efeito directo do incêndio e os outros)?

    Ora, a exploração despudorada deste tema acabou por dissolver o debate necessário sobre as graves falhas políticas (e militares, no caso de Tancos) que explicam a devastação e a insegurança do território (nomeadamente a descoordenação das forças de combate e equipamentos de prevenção), além da ausência de uma estratégia florestal e de desenvolvimento do interior esquecido do país que se vem arrastando ao longo dos tempos e de sucessivos governos. Finalmente, o pior de tudo é o risco de não se ter aprendido nada com aquilo que aconteceu – e continua a acontecer, neste novo folhetim tétrico dos fogos de Verão. Por cegueira e mesquinhez política a culpa irá continuar a morrer solteira?

    • Isto, em particular:

      “Ora, nem uns nem outros têm razão e é até demasiado fácil percebê-lo, o que nos arrasta para o terreno pantanoso da má-fé. Por um lado, parece evidente que, para além de motivos sazonais ou fortuitos, nem os incêndios nem os roubos de armas isentam as autoridades (políticas ou militares) das graves imprevidências que elas, persistentemente, recusam assumir. Mas, por outro lado, nada disso justifica que se tenha tentado aproveitar o lado mais tétrico dos acontecimentos, como o número de mortos dos incêndios, para efeitos de chicana partidária e populismo desbragado, como aconteceu com o PSD e alguns dos seus acólitos tribunícios.”

      “Ou seja, o direito a saber quem efectivamente morreu é compatível com a disputa macabra sobre a estatística dos mortos (os que soçobraram por efeito directo do incêndio e os outros)?

      Ora, a exploração despudorada deste tema acabou por dissolver o debate necessário sobre as graves falhas políticas (e militares, no caso de Tancos) que explicam a devastação e a insegurança do território (nomeadamente a descoordenação das forças de combate e equipamentos de prevenção), além da ausência de uma estratégia florestal e de desenvolvimento do interior esquecido do país que se vem arrastando ao longo dos tempos e de sucessivos governos.”

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