Uma questão de liberdade de mercado, ou falta dela…

A aquisição do grupo Media capital, pelo Altice group é um negócio entre privados, no qual o Estado não tem que se imiscuir. Bem sei que o socialismo reinante em Portugal tem uma série de regras, observadas por entidades reguladores, que condicionam um mercado que deveria ser livre. Entretanto vão empregando uns quantos boys do partido na coisa, que é como quem diz, essas entidades públicas de escassa utilidade, mas bem caras ao bolso do contribuinte. Quando alguma coisa corre mal, culpam o mercado. Já estamos habituados à conversa da treta…
O Primeiro-Ministro chega ao ponto de fazer uma pausa na intervenção política no parlamento, para afirmar estados de alma, que apenas importam ao próprio, enquanto a pantomineira do partido que suporta a geringonça clama por legislação imediata para este caso concreto, porque ao que parece existem problemas laborais na PT, empresa pertencente aos novos donos da Media capital. Como se fosse possível legislar á là carte, tipo sai um decreto-lei para o grupo parlamentar do BE.

E sem pudor algum, acusando os actuais proprietários pelos problemas da PT. Não que estes sejam completamente inocentes, pois não se compra uma empresa, sem saber ao que se vai, principalmente as que um dia foram empresas públicas.
Os TLP, antigo nome da PT, foi das empresas mais intervencionadas politicamente. Começou no inenarrável PREC quando uns pândegos em delírio revolucionário, certamente após consumirem erva da boa, confundiam Conselho de Administração com comissão de trabalhadores e beneficiando da cumplicidade do poder político da época, discutiam mais do que cumpriam as tarefas que lhes destinavam. Até ao início dos anos 90 a regra foi sempre aumentar os quadros de pessoal, sem que o serviço melhorasse por aí além. Quando terminou o período de deboche, os partidos do sistema foram parasitando à vez esta e outras empresas, sem melhorias evidentes para os clientes, porque no ADN da empresa não estava a procura pela satisfação do cliente, mas a prestação de serviço público, seja lá isso o que for, porque qualidade é que não se via. Recordo já no final da década de 80, sem qualquer saudade, que para instalarem um telefone nas residências privadas era preciso esperar cerca de 1 ano. Linhas trocadas, quebras de serviço, faziam parte do sistema, em que também nos era cobrada uma taxa pelo serviço.
Com a privatização e entrada em bolsa nos anos 90 a coisa melhorou um pouco, a empresa acompanhou o crescimento do mercado de comunicações com a massificação das redes móveis primeiro e posteriormente com a o desenvolvimento da internet. Mas nunca largou a órbita do Estado e seus amigos, o que a levaria à queda. Tudo começou na rejeição manipulada da OPA da Sonaecom, que a levaria para os braços do BES em conluio com antigos governantes, à qual sucedeu o desastre do investimento no Brasil. O actual dono não comprou um gigante, mas um moribundo. No entanto uma vez mais a esquerda culpa o Altice group. Como os percebo. Jamais irão admitir que existe pecado na intervenção do Estado na economia pois isso iria mexer com vacas sagradas.
Interessa-me mais enquanto consumidor, saber que posso contratar quem quero no mercado e encontrar soluções que satisfaçam o que procuro. Em 1996 adquiri no centro comercial das Amoreiras um telefone móvel pelo qual paguei 115 contos, valor que já incluía a 1ª mensalidade. Ainda não existiam soluções pré-pagas, o MIMO seria lançado pouco depois. Isto por um telefone que apenas efectuava ou recebia chamadas, tarifadas a um valor exorbitante. Nem um SMS enviava com aquele telefone. Olhando para trás, percebo o quanto evoluiu o mercado em 21 anos. Graças à concorrência. Com ou sem PT no mercado, porque nestas matérias não tenho estados de alma, dogmas ou tendências, em cada momento procuro a melhor solução, para satisfazer o meu interesse. É assim que deve ser, o Estado que se abstenha de intervir nas nossas vidas…

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Boa sorte com isso do mercado quando a ex-PT falir, como querem os donos depois de sugarem o máximo de dinheiro.
    De resto, os resultados do mercado já falaram por si, ninguém compra jornais que só servem para fazer felatios aos donos e contar mentiras neo-liberais.

  2. Francisco Pedroso says:

    Grande mistura de assuntos mas um comentário base e breve – as entidades reguladoras são a base dum mercado livre, não podem é estar ao sabor do momento político.
    Confundem mercado livre com Vale Tudo.

  3. ganda nóia says:

    os delírios habituais. “o mercado deveria ser livre”. ainda estamos nisto. talvez fosse de acordar para a realidade e ver o que esse lindo mercado livre faz ÀS PESSOAS. e também de deixar a falácia que é culpar o estado por acções realizadas por gente a soldo de privados.

  4. Rui Naldinho says:

    Se o Estado Espanhol não tivesse resgatado a banca privada do seu país, com a módica quantia de 100.000 milhões de euros, já nem sequer havia Grupo Prisa, quanto mais a Média Capital, pelo menos nos moldes atuais. Logo, este negócio a existir, nem sequer seria com a Altice.
    Mas, para o António, seguindo o seu raciocínio liberal, que é respeitavel, “foi pena o Estado Espanhol interferir nos negócios privados da banca espanhola, não deixando aos seus acionistas privados e à justiça, a resolução dos seus problemas”.
    Não é assim, António?

    • Seguramente! Estive contra o bailout de W. Bush ainda antes da tomada de posse de Obama. Seguramente se um Banco colapsar, ou dois, ou três, irá continuar a existir Banca. O que talvez deixe de existir são banqueiros arriscando porque sabem que podem contar com rede para lhes amortecer a queda…

      • Paulo Marques says:

        “Seguramente se um Banco colapsar, ou dois, ou três, irá continuar a existir Banca. ”
        No dia em que o António deixar de funcionar por achismos, pode ser que use o cérebro. Nem havia banca, nem havia capitalismo, porque já não havia sociedade. Só não percebe porque não quer.

      • Pedro says:

        António, eu duvido que alguma vez tivesse produzido o que quer que seja na vida. Nenhum empresário dispensa o apoio do Estado, incluindo bailouts, quando é necessário.

  5. Nascimento says:

    Ó António, já votas?Está quase aí as Eleições!Mas tipos como tu só votavam no tempo do Botas! Eram Nomeados! Democraticamente…por quem Mandava!
    Gajos como tu dão-me uma Tesão que nem imaginas!Merdoso.

  6. Nascimento says:

    Se fosse dado ao Mercado “Liberalisante” a possibilidade de a vida de os trabalhadores terem uma fériazitas ou direito á saúde o nojento do ANTÓNIO não existia! E o problema é que este animal não reconhece o óbvio! ó atrasado se HOJE TENS DIREITOS NÃO É PORQUE OS TEUS BARRASCOS CAPITALISTAS TE TENHAM DADO ALGO!!! É PORQUE MILHÔES DE HOMENS E MULHERES LUTARAM PARA TEREM DIGNIDADE MEU F. DA P.

  7. Ferpin says:

    Este post é ridiculo.
    Nem explico que até o próprio autor está farto de o saber.

  8. JgMenos says:

    O Estado dá empregos prábida, tem carreiras, tem uns artigos que dá para ficar em casa, tem tolerâncias de ponto. O Estado é que é bom. Prontos!

    • Rui Naldinho says:

      O Estado dá muito mais coisas do que aquilo que escreveste, ó Menos.
      Se o Estado só desse empregos “prábida”, tu Menos, na melhor das hipóteses, eras mais um funcionário público, mas daqueles néscios, que também os há, fartinho de te colocares de cóqueras, … ou eras mais um dos muitos indigentes intelectuais que por aí pululam, vigarizando meio mundo, para sobreviverem nalguma atividade paralela, fugindo ao fisco.
      Portanto convém não cuspires no prato onde comes.
      Afinal a tua trupe, está cheia deles.

    • Pedro says:

      O Estado dá um bocado mais. Mas tens alternativa:
      https://www.texasobserver.org/the-rise-and-fall-of-the-freest-little-city-in-texas/amp/

      O que eu adoro libertários de salão…

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