Os nossos brandos costumes…

À boleia dos mediáticos acontecimentos recentes nos EUA, que dão conta da retirada de estátuas de importantes figuras da guerra civil americana, penso que a coisa esteja confinada aos generais Robert E. Lee e Stonewall Jackson, mas isso para mim é irrelevante. Para começar, nem sequer é um assunto federal, mas do foro interno de cada um dos 50 Estados que compõem a União. Acontece um pouco por todo o mundo, na guerra do Iraque, presenciámos em directo o êxtase popular durante o derrube da estátua de Saddam. No antigo bloco de Leste, após a libertação do jugo soviético, polacos, checos e húngaros, não se pouparam na eliminação de símbolos que evocavam o antigo opressor.

Como é em Portugal? No rescaldo do 25 de Abril, em pleno fervor revolucionário, mudou-se alguma toponímia nas grandes cidades, obviamente a que estava mais intimamente ligada ao Estado Novo, mas em vários pontos do país existem ruas ou avenidas Oliveira Salazar, Américo Tomás ou Marcelo Caetano. Sem que isso incomode por aí além os portugueses. E bem! Ou teríamos que rever tudo, só que a História deve ser compreendida e analisada à luz da época. De contrário começaríamos logo por D. Afonso Henriques cuja ascensão ao trono está intimamente ligada à Ordem do Templo e uma vez aberta a caixa de Pandora, não sobraria praticamente ninguém. Que dizer do Marquês de Pombal? Dos reis e navegadores que iniciaram o tráfico de escravos? Chegados à 1ª república, de Afonso Costa a Machado dos Santos, passando por Sidónio Pais, temos para todos os gostos…

Comments

  1. joão lopes says:

    penso que deviam erigir estatuas em nome do trump,do assad,do orban,do brexit,do putin,para ninguem esquecer que os humanos não são perfeitos e alguns são até bastante idiotas.alias devia-se erigir uma estatua em nome do planeta terra que está a ser paulatinamente destruido …tudo em nome do guito,pois claro.

  2. Rui Naldinho says:

    A História sempre foi a narrativa dos vencedores. Os derrotados são sempre tratados com desprezo e humilhação.
    Isto serve para conflitos entre Estados, e/ou entre cidadãos de um mesmo país, onde uns são a plebe, e uma minoria, a elite dominante, que impõe pela força os seus desígnios.
    Os vencedores nunca perceberam que esse tipo de comportamentos, deixa sequelas muito graves nos vencidos. Para além da derrota, ainda sentem o escárnio e o estigma.
    No armistício assinado pelos Aliados, nomeadamente Franceses e Ingleses, em 11 de Novembro de 1918, com os Alemães, na floresta de Compiégne, na carruagem de um comboio, a França recupera os seus territórios ocupados pelas forças germânicas, durante a Grande Guerra, mas “usurpa” todos os território ultramarinos alemães, para além destes terem de pagar avultadas quantias por danos causados à França, pelas forças de ocupação alemãs.
    Em Junho de 1940, os Alemães quando ocupam de novo a França, assinam o novo armistício que se traduziria na divisão do território francês, mandando estes buscar a velha carruagem. Acho que era um vagão restaurante, onde 22 anos antes tinham assinado eles próprios a sua capitulação.
    Portanto, arrancar e mandar estátuas para o chão, só peca por ignorância.
    Retira-las e coloca-las num armazém, talvez seja mais inteligente, nunca se sabe se um dia não voltarão a estar na moda.

  3. SI MI LA RE says:

    Não se devem apagar os documentos históricos , bons ou maus. Afinal eles existiram, o que não impede de se fazerem estudos sérios acerca desses símbolos e segui-los se forem bons e evita-los se forem maus. Aprender com a história.

  4. ramila says:

    Consegue o autor do post fundamentar documentalmente esta afirmação: «começaríamos logo por D. Afonso Henriques cuja ascensão ao trono está intimamente ligada à Ordem do Templo»?

    • atento às cenas says:

      aposto que consegue

    • Sabe quem foi Gualdim Pais e sua proximidade ao 1º rei de Portugal?

      • ramila says:

        Sei perfeitamente. Não há é prova documental alguma que o associe à tomada do poder por Afonso I. Se a tem fico-lhe muito grato que a divulgue. O arcebispo de Braga, João Peculiar, esse sim, foi absolutamente fundamental nesse processo.

        • Peculiar, fundador do mosteiro de Santa Cruz, homem da igreja de Coimbra .

  5. Vexa tem aqui uns fieis leitores que têm um amor asfixiante a democracia; gabo-lhe a pachorra para escrever para estes arautos do sucialismo. Insista pode ser que haja um que o acompanhe

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