Nuvens negras no horizonte da Auto-Europa

Durante anos a comissão de trabalhadores da Auto-Europa foi liderada por um sindicalista sério, que colocou o interesse dos colegas de trabalho e da entidade patronal acima dos interesses sindicais. O resultado foram mais de duas décadas de estabilidade, com algumas crises pelo meio como é óbvio, porque a economia e indústria automóvel não estão sempre em alta. Após a passagem à reforma do antigo líder da Comissão de Trabalhadores, foi negociado com a administração um acordo entretanto rejeitado em plenário, o que levou à demissão da actual CT.

Ouvi nas notícias que não há pressa de chegar a um acordo, pois o mesmo só entrará em vigor no início do próximo ano. Pergunto, então se ainda é tempo de negociar, porquê fazer greve desde já? Não seria mais fácil elegerem primeiro uma nova Comissão de Trabalhadores e prosseguirem negociações? Ninguém contesta o direito à greve, mas é suposto que seja o último recurso das formas de luta.
Tem vindo a crescer a influência da CGTP junto dos trabalhadores da Auto-Europa. E sabemos que a CGTP banaliza a greve. Quando se instala, esta central sindical cresce tipo erva daninha e só pára quando consegue resultados definitivos do tipo Lisnave, Setenave, Estaleiros de Viana do Castelo, Sorefame, poderia continuar a lista, o contrário é que já não seria possível, apresentar uma só empresa privada onde este tipo de sindicalismo esteja instalado há vários anos que seja considerada um modelo de crescimento com paz laboral e social. Por isso muitos trabalhadores do sector privado nem querem ouvir falar de sindicatos, no sector público a conversa é outra, pois os empregos estão sempre garantidos. A verdade até pode doer, mas é o que é. Temo pelo futuro da Auto-Europa. Quando os trabalhadores se aperceberem com quem se meteram, poderá ser tarde, mas ninguém lhes pode negar o direito à greve, muito menos a escolherem os representantes sindicais. Não esqueçam depois é que serão responsáveis pelas consequências das escolhas que fizeram…

Comments

  1. alexandre barreira says:

    ….uma no cravo….e outra na…..ferradura….cá vamos cantando e rindo…..neste “paraíso”……à beira mar “plantado”…..
    !!!!!

  2. Nefertiti says:

    Bem, 74,8 por cento dos trabalhadores da AE votaram contra o acordo obtido pela CT com a Administração.

    Foram todos manipulados e convencidos pela poderosa CGTP, foi? A mesma sinistra central que nos anos de António Chora não conseguia adentrar os corações dos operários da AE. Tão burros e influenciáveis que são 74,8 por cento dos três mil trabalhadores da AE. Foram convencidos um a um pela CGTP ou hipnotizados?

  3. JgMenos says:

    CGTP é um dogma em execução permanente numa economia crescentemente competitiva.

    Tanto basta para ser um mal na economia.
    Que os trabalhadores reajam à mudança é o normal conservadorismo, que os líderes os encaminhem para a greve é entregar todo um prestígio à concorrência.

    • ZE LOPES says:

      Que pensamento tão profundo. É pena não ter sido escrito em P
      ortuguês, de outro modo estava disposto a colocá-lo numa lápide.

      Mas há um aspecto positivo: é Menos uma despesa…

      • ZE LOPES says:

        Olha, fugiu-me o P de Português!

        • JgMenos says:

          Tem calma Lopes, a falta de argumentos acontece a quem se põe do lado da estupidez.

          • ZE LOPES says:

            Tem calma Menos! Por isso, deixa de argumentar. Ao menos deixas de ter falta! De argumentos!

    • A.Silva says:

      o JgMenos tem uma coisa boa, é um reaccionário consciente e convicto, como uma bússola ele não engana e aponta sempre o caminho do passado e da miséria humana.

      Tem essa coisa positiva, o futuro é sempre na direcção contrária à que ele aponta.

      • joão lopes says:

        o menos tem tentado demostrar a verdadeira causa do declinio ocidental,a saber:os brancos,heterosexuais e conservadores…não gostam de trabalhar(ah,ah,ah,ah).alias,a autoeuropa vai subtituir os humanos por robots pintados de preto,com uma orelha de branco no porta chaves.

        • JgMenos says:

          Mais um que se acha humorista!
          Isto está a ficar difícil…

          • ZE LOPES says:

            Não admira. Se algum deles acerta e te ris, agravas a tua incontinência. O melhor é não arriscares.

  4. Ferpin says:

    Este senhor ou trabalha na autoeuropa e tem vindo nos últimos anos s resistir com heroísmo ao esforço diário dos diabólicos sindicalistas de o forçarem a fazer greve contra a sua vontade, ou é um daqueles idiotas do clickbait a dizer bacoradas com o estilo de quem sabe coisas.
    De caminho chama idiotas aos milhares de trabalhadores da empresa.

    • JgMenos says:

      Os idiotas são só 41%, diz a Autoeuropa.

      • ZE LOPES says:

        E a produção foi normal. Saíram 400 carros mais ou menos em condições. É certo que faltam uns volantes umas rodas e mesmo uns motores, mas vão ser exportados para África, que lá não se importam, desde que façam uns descontinhos.

  5. Ferpin says:

    Ouvi os argumentos de as alguns trabalhadores na TV e parece que eles estão mesmo contra trabalhar os sábados todos. Se é isso, não me pareceu que seja coisa do comunismo diabólico.
    No entanto, espero que os mesmos trabalhadores saibam o que estão a fazer. E já agora que a administração também. Que, esticar a corda demais na relação com os trabslhadores , dentro duma empresa as alemã não é inteligente.
    Ao contrario do que gostam de afirmar Salazarentos ressabiados como parece ser o autor deste artigo, os trabalhadores na Alemanha são respeitados e não baixam a canga a tudo. E são respeitados pelas entidades patronais. Não é como aqui, em que há sempre uma porrada de fascistszecos que sem saberem o que se passa estão automaticamente do lado do patrão.

  6. ZE LOPES says:

    Vejo realmente nuvens, mas não assim tão negras. Domina o cinzento metalizado.

  7. Rui Naldinho says:

    António Chora foi um sindicalista ligado ao BE que presidiu durante quase duas décadas à CT. Sucedeu-lhe Fernando Sequeira que agora se demitiu, por motivos óbvios, também ele ligado ao BE.
    Percebe-se que o PCP não tinha arcaboiço para destronar António Chora, alguém já com muito protagonismo, mas já se achou com pedalada para destronar Sequeira.
    O PCP nunca viu com muito bons olhos a influência forte do BE na maior empresa exportadora Portuguesa, fora do PSI 20.
    Acredito que na Auto Europa a negociação tem de passar sempre pela CT. Esta, a demissionária, ou a que vier a seguir. Fora disso é uma balbúrdia que ninguém se entende.

    • Nefertiti says:

      Qual é a parte de que a greve foi decidida em votação por 74,8% dos 3472 trabalhadores da AE que Nadinho não consegue perceber? Hipnose em massa?

      • Rui Naldinho says:

        Durante quatro décadas e meia, PS e PCP odiaram- se mutuamente.
        Durante quase duas décadas, BE e PCP, bem como BE e PS, detestaram-se entre si sem qualquer pudor, querendo cada um deles mostrar que era mais esquerdista que o outro.
        Um dia perceberam que se não ultrapassassem essas divergências, seriam todos comidos, pela PàF.
        Aliás, isso é que os atormenta. Como é isso que incomoda a nossa comunicação social.
        Para mim que sou pragmático, “maldita PàF que nos comeu os salários e as reformas, que nos subiu o IRS e deixou o país à míngua”.
        Bendita PàF que lhes abriu os olhos, aos três, pelo rasto de destruição que deixou no país, obrigando-os de uma vez por todas a perceber onde estava o inimigo.
        Na Auto Europa também viveu com esse padrão de comportamento, com António Chora. E vai ter de ser assim, com quem vier, a não ser que prefiram o fim da empresa nos moldes atuais.
        Eu não defendo que abram as pernas até fazerem a espragata. Nunca defenderei isso. Mas também não desejo que façam finca pé, apenas porque o PCP acha que o mundo só se salva na ditadura do proletariado.
        Vivemos numa sociedade capitalista. Não sei se um dia viveremos noutra. Oxalá! E melhor do que esta. Mas essa preocupação colocar-se-á mais à frente.
        Com todos os defeitos que esta tem, e isso nem discuto, ainda não vi até ao presente, melhor do que esta. Mesmo depois das experiências falhadas. Ou acha que aquele socialismo à URSS é que nos serve?
        Agora, uma coisa é tentar regular e domesticar o ímpeto capitalista, que defendo sem rodeios, onde o lucro na maioria das vezes não olha a meios para atingir os seus fins, sem qualquer responsabilidade social e ambiental, diminuindo os impactos negativos que este gera, outra coisa é querer acabar com o capitalismo sem que neste planeta haja uma alternativa credivel, que não a miséria.

        • Nefertiti says:

          Diz-lhe uma pergunta clara. Onde está a resposta sem rodeios nem palha ao que lhe perguntei.

          • Rui Naldinho says:

            Mas eu nem sequer coloquei a legitimidade do voto da AE em causa.
            Nem disse que a greve era injusta, ou ilegal.
            O que quer que lhe diga?

          • JgMenos says:

            Ó princesa, não te armes em virgem e finjas não saber como uma AG é preparada e orientada; aquela coisa dos peões, de quem fala e quando diz o quê…a comunada anda nessas democráticas actividades há 100 anos!

          • Nefertiti says:

            Queria que me explicasse a relevância da sua análise para que as pessoas percebam o que estava em causa no acordo que 74,8 por cento de 3472 trabalhadores da AE rejeitaram em votação. E também para que as pessoas percebam o que é que esses 74,8 por cento de 3472 trabalhadores da AE rejeitaram

            Também gostava de perceber em que sentido é que as suas declarações não convergem na efectiva depreciação de sindicatos (e também na passagem de atestados de menoridade a 74,8 por cento de 3472 trabalhadores da AE que tacitamente acusa de não pensarem pela própria cabeça, mas antes pela de um qualquer comité central) com as hegemónicas declarações feitas por António de Almeida, de Menos, dos comentadores televisivos.

          • JgMenos says:

            Sobre isso só sei o que dizem e junto-lhe alguma experiência em negociações, AGs e greves:
            – Em 2016 toda a CT (comunas inclusive) fez um acordo que colocava no futuro próximo o estabelecimento de turnos rotativos. Isto significa que nunca calhe aos mesmo trabalhar ao sábado e o sábado deixa de ser tempo de horas extraordinárias e aumenta o subsídio de turno.
            – Se o compromisso for honrado (palavra desconhecida no léxico comuna), podem discutir-se valores mas não o choradinho do ‘tempo com a família’ e outras pieguices que por aí se ouvem.
            – Deixado indefinido (tempo ou dinheiro) o motivo da greve, o que subsiste é a sua novidade ao serviço do sindicato comuna.
            – Sobre AGs estamos conversados;

            Conclusão: juntar aos transportes o maior exportador; mais um trunfo na subsistência da estrutura mais reccionária da politiquice da choldra.

  8. atento às cenas says:

    quando não votam onde nós queremos é sempre uma chatice. é manda-los para castelo de vide a aprenderem umas coisas sobre como se deve votar em consciencia

  9. Paulo Marques says:

    Sindicalismo sim, mas só se for a favor das empresas. Onde é que já ouvi isto? Acho que foi de um gajo italiano um bocado rídiculo que teve uns problemas no egipto e na gŕecia.

  10. tekapa23 says:

    Sorefame, Lisnave, Messa, Auto Europa. A destruição da Economia portuguesa pelos partidos de esquerda. A deslocalização da produção para a Alemanha, agora povoada por Sírios e outros imigrantes, que trabalharão a muito baixo custo. A caridade da Angela para com os imigrantes… Topam ?

    • JgMenos says:

      Tudo uma insignificância face à LUTA! Carago!

      • ZE LOPES says:

        Gostei do “Carago” porque é uma expressão completamente em desuso.! Aliás, aqui na minha terra agora diz-se: “VAMOS À LUTA, Menos!”.

  11. Agora é o sábado, daqui por dois anos e meio é o domingo de manhã, daqui por 4 anos é o domingo à tarde. Nesse tempo que como se vê não é muito longínquo, um novo Tsipras há-de resolver os problemas dos trabalhadores, tendo em conta os interesses do capital

  12. ganda nóia says:

    claro que o antónio tem saudades do tempo em que os sindicatos eram ilegais. e claro que os trabalhadores têm é que comer a calar, não é antónio, e restantes comentadores liberal-fascistas? (sim, o termo aplica-se e não tem contradição…).

    porque é que não colocam mais trabalhadores? que chatice ter que prescindir de uns tostoes dos gordos lucros, quando se pode dar cabo da vida familiar do mexilhão.

  13. carlos says:

    quando a empresa fechar vão todos para o sado mostrar os golfinhos.

    • ZE LOPES says:

      Tá bem! Quando escrever em Português, talvez entenda.

      Fique sabendo que, às vezes, mais vale mostrar um golfinho que fazer um automóvel! Principalmente porque um automóvel avaria e um golfinho não. Pelo menos, os golfinhos não vão à oficina. E, se forem, não pagamos.

  14. A.Silva says:

    DE TANTO DOBRAREM A ESPINHA, DEIXARAM DE SER HUMANOS E TRANSFORMARAM-SE EM ZOMBIES!

    • ZE LOPES says:

      E tu não? Tuuuu não?

      • A.Silva says:

        Não sei se percebeu, mas quando referi os que dobram a espinha estava-me a referir a grunhos como o jgMenos.

        • ZE LOPES says:

          Pois, realmente confundi-me. Devia ter calculado que se referia ao Jagunço Menos. Jg para os amigos, se tem algum…

        • Atingido por fogo amigo.
          LOL

          Rui SIlva

  15. Luis Nunes says:

    Estou estupefacto com algumas (muitas) coisas que aqui leio. A leviandade com que se comenta sobre algo que afecta uns milhares de famílias. Alguns fazem -no de barriga cheia ou por puro idealismo utópico, outros por ignorância. Triste muito triste, e a crise grave de desemprego e fome no distrito de Setúbal dos anos 80 não foi assim há tanto tempo.

Trackbacks

  1. […] em risco de perderem o emprego! Escrevi em Agosto, pelos vistos o governo já começa a ficar […]

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading