Porque o proletário é estúpido como uma porta, não é mesmo?

Imagem encontrada no Facebook do Ricardo M Santos, perigoso comunista

Está por aí um alvoroço muito grande, com cataclismos, resgates e pragas bíblicas à mistura, porque a malta da Autoeuropa, imagine-se o desplante, decidiu fazer uma greve. Estes esquerdalhos, sempre a querer lutar pelos seus direitos. Se fossem assaltar bancos ou adjudicar coisas a troco de robalos, luvas, putas e vinho verde é que eles eram gente de valor. Uma Maria Vieira a disciplinar cada um destes bandalhos era pouco.

Ao que tudo indica, e apesar da esmagadora maioria dos trabalhadores se ter manifestado contra as propostas decorrentes do pré-acordo entre a Comissão de Trabalhadores e a administração da empresa, que levaram à paralisação de Quarta-feira, a URUBU – União(-Nacional) Ressabiada Ultraliberal de Boys e outros corrUptos – veio já a público explicar o que se passou: a CGTP (ou, se preferirem, o PCP) terá levado a cabo um processo de lavagem cerebral a cerca de 2660 trabalhadores da Autoeuropa, removendo toda e qualquer réstia de razão que existisse nas suas pequenas massas encefálicas, que dada a sua condição proletária e potencialmente comunista, era já muito pouca.

O proletário, como muito bem sabem as nossas esclarecidas elites, é estúpido como uma porta, a ponto de não ter ainda percebido que o seu lugar é na linha de montagem, quieto, calado, desejoso do chicote e sem paragens para hidratação ou descarga de fluidos. Por este motivo, mais do que nunca, é urgente colocar em marcha uma reforma laboral, que previna que as condições de trabalho de qualquer operário sejam defendidas ou contestadas pelo próprio operário.

Para acautelar esta prioridade, sugiro a constituição da Comissão para a Verdade Laboral, sediada na Católica Business School, onde à CIP se juntarão os representantes dos bancos, seguradoras e fundos de capital de risco, assessorados por figuras de referência como João César das Neves, Camilo Lourenço, José Manuel Fernandes, Rui Ramos e, claro, Maria Vieira.

Acresce a isto, tão certo como a desintegração da Geringonça em 2015, o resgate de 2016, a chegada do Diabo ou a profecia da impossibilidade de atingimento do défice de 2016, que o que se segue agora é o desmantelamento da unidade de Palmela, que, como seria de esperar, não resistirá à primeira – e ao que tudo indica a última – greve da sua longa existência. Que é para esses proletários, esquerdalhos e geringonços, aprenderem a bater a bola baixa e deixarem de ser estúpidos.

Comments

  1. Paulo Marques says:

    Que bandalhos, não aceitam um horário de trabalho superior a 60h semanais, ainda por cima a troco de uma fortuna. Não se percebe.

  2. joão lopes says:

    o cataclismo é de tal forma,que as consequencias aparecem,imagine-se….no texas,com fabricas de produtos quimicos a explodir e tudo,uma vergonha,o financial times diz que o interior americano está ao abandono,e os politicos só aparecem ou para falar de suicidios,ou para mostrar roupa top gun

  3. JgMenos says:

    Palhaçadas!
    Foram para a greve como quem vai a uma romaria quando não havia qualquer rotura nas negociações.
    É uma greve para medir forças representativas de trabalhadores aditivada com pieguices quanto a turnos rotativos que já estavam negociados em acordos precedentes.
    E sim, é o PCP a querer mais um estribo de apoio às suas ‘políticas’ saídas das furnas de criminosos experimentalismos.

  4. ganda nóia says:

    que bandalhos, pá. a empresa so quer diminuir o valor de trabalho ao sabado de 400 euros por mes para 175 euros por mes… que é na prática o que acontece, excepto que se vai a casa ao sabado de 6 em 6 semanas na proposta da empresa.

    querem pagar metade, METADE, pelo trabalho extraordinario. mas os nossos media e talibans do comentario, entre eles alguns aventares, tratam de esquecer esses pormenores.

    • JgMenos says:

      E a folga rotativa não conta, palhaço?

      • E as respectivas famílias também têm folgas rotativas e exactamente nos mesmos dias, palhaço?

  5. Henrique Santos says:

    Vão perguntar aos cinco componentes do Eixo do Mal se estão de acordo com a justa luta dos trabalhadores desta empresa, que eles logo voa dizem: Viva a administração da AE!. Eu tenho andado a pensar no desperdício que é não termos como ministros o Aurélio Gomes, o Pedro Marques Lopes, o Daniel Oliveira (grande revolucionário), a grande Clara Ferreira Alves,a mulher para quem nesta país só existiu um político de EX.ª ,seu indefectível amigo, Mário Sores e o outro Pedro. Grandes sumidades num palco essencialmente anti-comunista, que, como ministro de tudo e mais alguma coisa, salvariam este país!
    Viva a luta dos trabalhadores que põe muito pãozinho na mesa destas cinco “sumidades”.

Trackbacks

  1. […] em Agosto, um mês silly por excelência, e os proletários da Auto-Europa, estúpidos como uma porta, decidiram fazer uma greve, na sequência da rejeição, por larga maioria dos trabalhadores, […]

  2. […] a Autoeuropa não estava à beira da deslocalização? Foi essa a sensação com que fiquei, quando li e ouvi os habituais profetas da desgraça estalinista, que se abateu sobre o nosso país […]

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