Na edição impressa desta semana, o Expresso lança a polémica que promete marcar a narrativa da máquina de propaganda da direita nos próximos dias, com uma manchete onde se pode ler que “Relatório das secretas sobre Tancos arrasa ministro e militares”.
Tem início um incêndio nas redes sociais. Spin masters da direita a carburar a todo o gás. O Gorjão a ter orgasmos múltiplos. Pedro Passos Coelho, indignado, a cuspir nos pratos onde come desde 2011 e a questionar quem ainda o ouve – e o Expresso até lhe fez o frete de lhe dar destaque durante toda a tarde de ontem na edição online – se é preciso comprar o Expresso para saber o que se passa no país.
Fiquei curioso e fui espreitar a polémica peça do Expresso. Fiquei a saber o mesmo. A entidade que elabora o relatório de 63 páginas não é referida, e tudo gira em torno de fontes não identificadas.
Confrontado com a natureza vaga e evasiva deste furo jornalístico, e consequente instrumentalização levada a cabo pela guarda pretoriana do passismo, Costa fez o seu número, e, com alguma habilidade, reagiu às críticas de Passos afirmando que tal relatório não tem origem em qualquer órgão oficial nem foi produzido pelos serviços do Estado, criticando o líder da oposição por fazer “comentários com base em notícias sem saber se o documento é autêntico”. E Passos até tem algum historial recente de comentários baseados em autênticos embustes. Que o digam todos aqueles que se suicidaram em Pedrogão Grande para fugir às chamas. A credibilidade do presidente do PSD anda pelas ruas da amargura.
Perante a reacção do primeiro-ministro, o Expresso saiu a terreiro para defender a sua publicação, com uma peça intitulada “O Expresso e o relatório sobre Tancos: documento existe e é verdadeiro”. E que factos apresenta o Expresso, para defender a sua posição? Nenhum. Tudo vago e evasivo como na peça inicial. Limita-se a afirmar que o documento “existe e é verdadeiro”, tal como uma célebre – e caída no esquecimento – lista de jornalistas avençados pelo saco-azul de um qualquer banco caído em desgraça, do qual não me lembro do nome, relacionado com qualquer coisa que aconteceu no Panamá; que teve origem em serviços militares, que não refere; que a credibilidade foi confirmada junto de várias fontes, que podem ser militares ou as mesmas que o “jornalista” “Sebastião Pereira” usou no El Pais para decretar o fim da carreira política de António Costa; que as “fontes humanas” consultadas são militares no activo e na reserva, mantidas obviamente no anonimato; que o documento se baseia em “fontes abertas (provenientes, por exemplo, da comunicação social) e em fontes fechadas (obtidas através de fontes próprias)”, que é basicamente um grande nada.
Não descarto a possibilidade de tal relatório existir, para além de não precisar de o ler para estar absolutamente convencido de que a gestão do caso por Azeredo Lopes foi bem mais do que ligeira e imprudente. Mas isto, a meu ver, não é jornalismo. Isto é o Expresso do josegomesferreirismo, dos Panama Papers e do Wikileaks desaparecidos em combate e do Ricardo Costa de cabeça perdida a comparar a página Os truques da imprensa portuguesa com o KKK. O Expresso que patrocina conteúdos do Correio da Manhã que promovem o candidato autárquico da extrema-direita apoiado pelo PSD. E eu ainda acredito que o Expresso é bem mais do que isto. Apesar da insistência da sua linha editorial em dar-me argumentos para mudar de opinião.
E a ser verdade o Expresso divulga o conteúdo de um relatório secreto e passa incólume, sem que haja uma indagação sobre a fuga de informação, quem a praticou e como a praticou. Admite o Expresso que é beneficiário de um sistema corrupto e ninguém diz nada?
Já aqui deixei um “post” a explicar o que se passou, mas repito porque vem a propósito:
Passos Coelho compra sempre o Expresso mas, como não tem tempo de o ler (por causa das campanhas e essas coisas), geralmente engole-o. Desta vez fez o mesmo, mas não reparou que estava lá um cachucho embrulhado. Era um presente do Dr. Balsemão para o almoço, mas ele não reparou.
Resta registar que a intenção do dr. Balsemão era das melhores. Só queria contribuir para que PPC desenjoasse da carne assada e, ao mesmo tempo, dar-lhe um motivo para falar à imprensa para assim obter retorno do investimento no cachucho.
Pois tu, Lopes, acreditas mesmo que tens veia humorística?
Será que iremos sofrer em permanência essa tua ilusão?
Miserere nobis…
Acredito. Será. Amen! (Um conselho: deixe de “postar” durante a missa. Tenha respeito!)
Fake News Sobre-o-Tejo
As “secretas” autoras do “relatório” tão prestimosamente publicado no neopasquim Expresso são tão “secretas” que nem as Secretas conhecem a existencia dessas “secretas”, cujas fontes sendo aliás “abertas” serão tudo menos “secretas”.
Das duas, uma. Ou o EXPRESSO está a tentar criar um rasto de armadilhas ao Dr. Passos Coelho para que este, semana sim semana não, se vá enterrando cada vez mais com algumas notícias falsas, e acabe por ter de abandonar o barco, demitindo-se por indecência e má figura, ou o EXPRESSO está a tentar concorrer com os outros pasquins, no sentido de poder vir a tornar-se no único jornal da direita, aceite pelas das nossas elites.
Seja quais forem as razões que movem o EXPRESSO, uma coisa é certa. A direita vive um pesadelo. Num estado de desespero tal, que persistem semanalmente as tentativas de homicídio do seu grande líder entroicado, nas suas certezas de catástrofe.
Bem, parece-me que o problema não é bem esse. Como toda a gente sabe, o Dr. Balsemão prepara-se para despedir uma data de jornalistas, à boleia da reestruturação do grupo Impresa. por isso é cada vez mais difícil aos parcos jornalistas que restam ficarem à espera de assuntos que possam ser notícia. A nova e revolucionária orientação é a de que, caso não haja notícias, terão de ser os próprios jornalistas a fazê-las (ou a mandá-las fazer, o que é o mesmo).
O lema é este: o Chefe de Redação reúne os escribas e diz: o que ficava a qui bem na capa era um relatório das “Secretas”. Ao que pretende que se ouça: “dentro de 10 minutos está pronto!”. Depois é só telefonar aos assessores do Dr. Passos, que tudo passa a ser notícia.
Bem, é apenas uma teoria. Há outra, a do cachucho, que já foi exposta atrás. E que me parece bastante mais realista.
o expresso a aderir ao método inventona. agora vou ali escrever um relatório.
Mas o que o verdadeiro/falso relatório diz de substancial? Nada, mesmo nada.Qualquer um de nós sabe o que está no “espesso”.
Toupeiras em Tancos?, mercenários?…Já todos vimos isso em james bonde.
O ricardo costa queria publicar os “Panama Papers” mas obliterou-se-lhe a “alembradura”.