A caminho da Liberdade

O povo catalão deu hoje mais um passo rumo à independência. Madrid respondeu com repressão policial à vontade dos cidadãos que pretenderam exprimir democraticamente nas urnas de voto o seu próprio destino. Mas o processo está em marcha e será irreversível, cedo ou tarde os catalães, e seguramente também bascos e galegos serão autorizados a votar em referendo se pretendem continuar espanhóis ou preferem a secessão. É inevitável, os impérios não são eternos…

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Louvo este seu pequeno texto.
    Mais do que a independência da Catalunha, a qual será uma inevitabilidade, é necessário libertar primeiro a Espanha do franquismo.
    A Espanha vive ainda com alguns resquícios e “dogmas” do período fascista. Enquanto não se libertarem disso, estes acontecimentos serão recorrentes.
    A Espanha hoje podia ser uma República Federal, ou uma Monarquia com um estatuto similar ao da Grã Bretanha. Mas não. Preferiu viver com os seus fantasmas, como se de verdades doutrinárias se tratassem.
    A Europa como sempre vai fingindo que não vê. A mesma Europa que vê a Ucrânia como um estado independente. E a Bósnia Herzegóvina, de igual forma.
    Se a Europa não fizer nada para mediar este conflito, dará mais um passo para a sua desintegração a médio prazo.
    Os políticos europeus estão cada vez mais impreparados para os lugares que ocupam.

    • ZE LOPES says:

      Esqueceu-se do Kosovo. Essa grande potência do contrabando..

    • A violência da repressão sobre cidadãos comuns que apenas pretendiam votar mostra a que ponto chegou a ruptura:
      http://www.bbc.com/mundo/noticias-internacional-41463293
      Note-se que não se trata dos organizadores do referendo, mas de simples cidadãos que apenas pretendiam votar!
      Rajoy, do alto da sua imbecilidade, acaba de garantir uma mobilização sem precedentes dos catalães que, inevitavelmente, conduzirá à independência. Mais cedo que tarde. Para o bem e para o mal.

  2. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Reprovo vivamente a manifestação de força dada pela polícia espanhola em Barcelona. O que se viu é de uma indignidade ilimitada e nunca se deveria passar num Estado dito democrático.
    Acontece que penso muitas vezes que temos um conceito de Democracia no mínimo “sui generis”.
    Democracia não é fazer o que queremos. É ter responsabilidade, actuar com responsabilidade e acatar com responsabilidade os desvios de comportamento.
    Conheço muitíssimo bem a Catalunha e os Catalães.
    Até hoje, ainda não encontrei um único catalão que me explicasse com argumentos objectivos as razões para a separação, excepto os mesmos argumentos que Schaubble e Merkel sempre usaram para com a Europa do Sul. Trabalham muito e tal, Madrid é só gasto e diversão, os impostos vão todos para Castela e tal … exactamente os mesmos argumentos que nós Portugueses ouvimos e choramos baba e ranho quando os “Herr” e a “Fraulein” da Europa Central no-los dedicaram.
    E lembro-me das opiniões aqui vertidas, porque não tenho memória curta. Quer queiramos ou não, a Catalunha trata, de facto, o resto de Espanha da mesma forma que a Alemanha e o Sr. Dijsselbloem trataram Portugal, Grécia e Itália. Com sobranceria, falando do alto da cátedra com uma enorme arrogância.
    O governo espanhol é pura e simplesmente incompetente e demonstrou não ter o mínimo de bom senso nem sentido de Estado.

    O que me baralha nesta Europa de merda (desculpem-me a franqueza) é que andamos desde o princípio do século XX a lutar para uma união, muitas vezes separada do modo mais bárbaro e, de um momento para o outro aparecem uns políticos iluminados a fazer tábua rasa de acordos, nomeadamente da própria Constituição de um País soberano.
    A Europa está a voltar às separações … Vimos isso na Escócia, vemos agora na Catalunha. E se calhar vamos ver na Alemanha e Itália e regressar à Idade Média com as regiões e cidades-estado…E numa altura em que a Europa precisava de ser forte e ter uma voz única, vamo-nos entretendo com secessões.
    Manifestamente, pouco me importa que os Catalães se tornem independentes ou não, pois a transformação não contribui minimamente para qualquer interesse meu. Apenas vejo, com desagrado, movimentos de separação, cargas policiais e uma capacidade de negociação nula, por parte do governo espanhol e da Generalitat.
    E não deixo de pensar que, considerando que a negociação para a entrada da Europa foi feita com a Espanha, quero ver agora o que os cinzentões da política europeia vão dizer se a Catalunha se tornar independente…

    Com toda a sinceridade, vejo que há futebol a mais e racionalidade a menos. Também aqui, em Portugal, tivemos (e temos) um artista que lançou, a propósito da bola, a semente da separação. Até anunciou uma ligação com a Galiza …
    Para mim, isto não é imaginação de separatistas. É bem pior…

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