Uma vitória inconveniente

O PS foi o grande vencedor das eleições autárquicas. É uma verdade de La Palisse, mas para que uns ganhem, outros perdem e neste caso concreto existiram derrotados à esquerda e à direita. Ouvir António Costa, ladeado por Carlos César e Ana Catarina Mendes afirmar na noite de domingo que a principal conclusão a tirar era uma grande vitória do PS e derrota do PSD e que apresentar outras leituras era procurar desviar atenções, soou falso, hipócrita, mas nada que surpreenda vindo da cúpula do PS.

Percebe-se o inconveniente perante a derrota da CDU, parceira na geringonça, mas não há como esconder, num total de 10 câmaras perdidas, Almada, Barreiro, Alcochete, Beja, Moura, Castro Verde, Barrancos, Alandroal e Constância, voaram directamente da CDU para o PS. Em rigor nem se pode afirmar que isto se deveu à subida do PS ou perdas do PSD. Perante um cenário de redução da abstenção comparando com 2013, os comunistas perderam 63.500 votos, 42 mandatos e 11 maiorias absolutas. Se isto não é uma derrota… Ainda assim, a CDU é uma força autárquica implantada, muito maior que CDS/PP e BE, com 24 presidências de câmara, 18 maiorias absolutas, 171 mandatos e perto de 9,46% do total de votos.
Do BE não há muito a dizer, é um partido que praticamente não existia em termos de representação autárquica e continua a não existir. Verdade que cresceu de 8 para 12 mandatos e conquistou 50 mil votos, mas apenas encontra expressão nos grandes centros urbanos.
O CDS/PP teve um bom resultado em Lisboa, Assunção Cristas pode enterrar de vez os fantasmas, mas pouco mais que isso, porque o resultado é muito idêntico ao obtido em 2013. Mais uma câmara, ligeira diminuição no número de votos e mandatos, explicável por ter concorrido sozinho a menor número de câmaras. Das coligações com o PSD não terão colhido grandes frutos e perdem alguma identidade, facto que os deverá fazer reflectir se valerá a pena continuarem disponíveis para servir de bengala.
Curiosamente as perdas do PSD nem foram assim tão grandes. Mau havia sido em 2013. Vejamos, concorrendo sozinho em menos 11 concelhos do que em 2013, facto explicável com o aumento das coligações, o PSD perdeu 2 mil votos, 7 câmaras, 2 maiorias e 38 mandatos face a 2013. Coligado apenas com o CDS/PP manteve as 16 câmaras, aumentando o número de votos e mandatos. Em coligações mais alargadas o resultado foi praticamente idêntico ao anterior.
Não menosprezando a derrota do PSD, porque de facto perdeu face a 2013, quando também perdeu face a 2009, são 2 derrotas autárquicas consecutivas para a actual liderança, a verdade é que ainda assim perdeu menos do que a CDU. O BE não ganha nada, o CDS/PP ganha muito pouco. Resta o PS, que concorrendo em menos 6 municípios por força das coligações, aumentou 144 mil votos, conquistou 10 câmaras, 22 maiorias e 29 mandatos, comparando com 2013. Mas os números são o que são, estão disponíveis para consulta, facto é que a abstenção diminuiu, beneficiando principalmente o PS, que também conquistou eleitorado principalmente à CDU e também algum ao PSD. O BE continua a valer pouco nas autarquias, o CDS/PP deveria a meu ver repensar a estratégia de coligações com o PSD.

Comments

  1. ganda nóia, ó alucinado says:

    o primeiro parágrafo é a típica tolice do almeida. é cada melão… estás quase ao nível do raposo, pá. mais um esforço.

  2. Atento/sempre says:

    O meu Periquito até era eleito! Se fosse candidato, desde que a comunicação social: A TV, Rádio, Jornais, e Revistas, falassem dele todo os segundos, como foi o caso da Cristas…
    Hipocrisia!

  3. Há almeida no Aventar says:

    Adivinha: Em quem o almeida do Aventar votou ?

  4. Paulo Marques says:

    Eu não percebo porque é que alguém vota em quem não faz o mínimo de intenções de ficar no lugar.

  5. Rui Naldinho says:

    Meu caro, António.
    Eu apesar de ter apreciado a derrota do PSD, não fico entusiasmado com a vitoria do PS. Longe disso. Quando vejo as sondagens a dar o PS a subir, upa upa, acima dos 40%, até fico com arrepios e calafrios naquele sítio que só nos homens sabemos como doem por vezes.
    Mas deixe-me que lhe diga.
    A história da nossa jovem democracia ensinou-me que a meio dos mandatos, os partidos que suportam os governos levam um cartão amarelo dos eleitores.
    Contrariamente, quem levou o cartão amarelo foi a oposição. E nem os votos de Cristas em Lisboa compõem o ramalhete, uma vez que, em Lisboa o PSD não apresentou candidato para nada.
    A derrota do PCP é evidente. Proporcionalmente foi o partido que mais perdeu, face aos resiltados de 2013. Mas as motivações das suas perdas estão longe das explicações dadas. Agora, há um desejo da direita de lhes dar uma conotação política associada à Geringonça. Não acredito que a liderança comunista caia na esparrela.
    A demografia levará o PCP para um lugar não muito distante daquele que hoje é ocupado pelo CDS, em número de câmaras. Por exemplo, em Almada o PCP perdeu, porque levou forte e feio na Charneca da Caparica e na Costa da Caoarica. Se analisar estas duas freguesias, na última década, verá que ali os “operários” são tudo menos operários.
    O mundo muda. E o PCP se não mudar também, ficará agarrado aos seu nichos de excluidos e nada mais.

    • Fernando says:

      A demografia muda e o PCP sofre com isso diz o Naldinho.

      É uma leitura curiosa, tendo em conta que os mais jovens quase não participam nos actos eleitorais…

      O PS não sofre com a demografia?
      A não ser, claro, que o Naldinho se refira a juventude que se mete nos partidos à procura de tachos, aí sim, o PS é mais atractivo que o PCP por razões óbvias, é o PS que tem os jobs for the boys and girls, logo, o PS é uma escolha mais adequada aos jovens profissionais em início de carreira.

      De qualquer maneira, as juventudes partidárias não representam os interesses da larga maioria daqueles que nasceram depois de 1974.

      Não é apenas o PCP que sofre com a demografia, é a partidarite em geral que está a sofrer com a falta de interesse e mesmo desprezo das gerações mais recentes.

      Os socialistas que se cuidem, estes tempos mais cor de rosa são fruto das circunstâncias não do mérito socialista…

    • ganda nóia says:

      e muito do que o PCP perdeu agora foi o que tinha ganho em 2013 à custa da conjuntura. em 2009 o PCP tinha numeros parecidos com os que ficou em 2017. querem à força esconder quem foi o maior derrotado: o PPD.

  6. JgMenos says:

    Nada que não se resolva com uns tachos e umas broas.

    • ZE LOPES says:

      V. Exa. está cada vez mais refinado! Agora arranja comentários que se podem adaptar a qualquer post! Assim se aumenta a produtividade e se combate a concorrência potenciada pela globalização!

  7. ganda nóia says:

    os fachos e liberal-selvagens todos a bater píveas com a tonta narrativa do fim da geringonça… vão todos sofrer de “precoce”.

Trackbacks

  1. […] um saco de gatos. Perante uma hecatombe como a que o PSD sofreu a nível autárquico, em bom rigor mais em 2013 que em 2017, mas agora esperavam recuperar alguma coisa e afinal ainda conseguiram passar do mau ao péssimo, […]

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