O Passos e os barões assinalados

Foto: André Kosters/Lusa

Com o final do ciclo passista à vista, queimam-se os últimos cartuchos de propaganda de uma oleada máquina que, nos seus tempos áureos, triturou Manuela Ferreira Leite sem dó nem piedade, a quem se seguiu Aguiar-Branco e Paulo Rangel, recorrendo a práticas tão respeitáveis como a manipulação do Fórum TSF ou a concepção de apoiantes alternativos nas redes sociais, como o célebre caso Maria Luz, magistralmente desmontado e exposto neste blogue pelo J. Manuel Cordeiro.

A máquina, porém, foi esmorecendo, e nem o advento dos observadores foi suficiente para manter o passismo vivo, apesar do forte investimento e de uma mobilização de recursos considerável, na imprensa escrita como nas redes sociais. À governação de péssima memória, guiada pelo radicalismo ideológico e pela quase ausência de resultados, cuja cereja em cima do bolo é a famosa saída limpa com Banif debaixo do tapete, seguiram-se dois anos de puro fanatismo, durante os quais todas as desgraças foram profetizadas, todas as crises aventadas e até a vinda de demónios era dada como certa.

Chegados ao fim da linha desta liderança de triste memória, após a derrota esmagadora nas eleições autárquicas, eis que nos deparamos com o último cartucho da já caduca e algo patética propaganda passista. Dizem eles, os soldados que sobram nas trincheiras, que depois de Passos Coelho, regressarão os barões, esses malvados, cujo ciclo de poder no PSD foi interrompido pelo ainda e já saudoso líder. E, se dúvidas restassem, o recente rendez-vous em Azeitão dissipou-as todas.

Façamos, então, um rápido e curto exercício de memória. Quando Passos sai da universidade em 2001, com a tenra idade de 37 anos e já doutorado pela universidade do veraneio de Castelo de Vide, onde começa a sua carreira profissional? Na Fomentinvest, empresa de Ângelo Correia, um dos barões que, alegadamente, terá participado na conferência de Azeitão e que desempenhou um papel central na ascensão política de Passos Coelho. Antes disso tinha passado pela Quimimbro, co-fundada por Eduardo Catroga, famoso barão que chegaria ao topo da hierarquia da EDP pela mão de Passos Coelho, tendo inclusive liderado a comitiva do PSD, já sob presidência de Passos Coelho, nas negociações com a Troika. Também em 2001, durante a presidência partidária do barão Luís Marques Mendes, Passos Coelho chega à vice-presidência da Comissão Política Nacional do PSD. Já agora, quem é que, já primeiro-ministro, colocou o barão Vasco Rato na presidência da FLAD? Exactamente: Pedro Passos Coelho. O mesmo Pedro Passos Coelho que, anos antes, se sentava à mesa da CPPC, a organização não-governamental através da qual se obtiam financiamentos para projectos em parceria com a Tecnoforma, com o agora presidente da FLAD. Penso que ficamos conversados sobre Passos Coelho e a sua relação com baronato social-democrata.

 

Comments

  1. José Feliciano Cunha de Sotto Mayor says:

    o ângelo já traçou o plano.

  2. Ana A. says:

    Coitados dos políticos!
    A luta de classes “barões vs plebeus” devia ser respeitada e acarinhada, pois sem eles, que seria do zé povinho que não “pesca” nada dos altos desígnios a que é chamada tão ilustre e abnegada gente!
    (“com a tenra idade de 37 anos”) – então não?! é pôr os olhos na Teodora!

  3. Rui Naldinho says:

    Dizem agora alguns escribas, que há um PSD profundo que procura refrescar-se de novo nas águas da social democracia, repondo o ideário original do partido, abandonado por Passos Coelho e “sus muchachos”.
    Mas será que dali ainda sai algum líquido retemperador, que lhes possa matar a sede aquela gente?
    https://m.youtube.com/watch?v=DvjlqmDHyeE

  4. joão lopes says:

    para quem se diz tão “liberal”,este passos passou a vida na gamela dos monarquas,e assim chegou ao poder,com tecnicas de intriga ,tipicas das vizinhas e da má lingua.ora,se o tipo é tão corajoso,porque não funda um partido liberal em Portugal? até pode contar com o Observador como orgão oficial de propaganda(como se vê ,não começava do zero,começava com muitos milhões,que são aqueles enterrados no pasquim liberal,nem toda a gente tem esta sorte,pois não? não ha nada como ter amigos muito endinheirados)

    • Fernando says:

      Passos, Cavaco, Relvas, Portas, etc. nunca foram liberais, eles sempre mamaram da teta do Estado.
      A lengalenga liberal é usada pelos neoliberais para explorar o sentimento de culpa das suas vítimas.

  5. Atento/sempre says:

    Estou em crer que o “Observador” é o único pasquim, que apoia este tipo de gente (neoliberal, e com tiques a roçar o fascismo), começando logo pelo, M Fernandes, neoliberal de sete custados. Eu diria mais, mas fica por aqui…Porque posso ser multado ou preso!!!
    Nem fascismo Nem social-ascismo!

  6. Atento/sempre says:

    Estou em crer que o “Observador” é o único pasquim, que apoia este tipo de gente (neoliberal, e com tiques a roçar o fascismo), começando logo pelo, M Fernandes, neoliberal de sete custados. Eu diria mais, mas fica por aqui…Porque posso ser multado ou preso!!!
    Nem fascismo Nem social-fascismo!

  7. JgMenos says:

    A canalha esquerdalha mantém a máquina mistificadora em movimento para que esteja apta a, sem desfalecimento, tratar de enxovalhar o próximo adversário.
    PPC governou mal e tardiamente os transportes e desbaratou muito pouco das mil e uma maneiras como o Estado parasita a sociedade.
    Mas os clientes das mamas estatais mantêm o seu desvelo em protege-las, e toda a ameaça os mobiliza.
    Toda a merda geringonça é louvada, tudo o mais é anatemizado.

    • ZE LOPES says:

      Tenho notado que já é difícil ler um comentário de V. Exa. que não inclua a palavra merda. Tanto que, agora, passou a ser vulgar ouvir dizer por aí “vai ao Menos!”

    • Ó menos vai levar na bilha .

  8. Que me conste não vai “estudar” para Paris…nem “comprou” apartamento no Saldanha…

    • Kid A says:

      Por aquilo que tem sido dito por aqui ele devia mesmo era ir estudar. Podia ser que ganhasse alguma inteligência…

  9. tudo gente muito séria ,cuja maneira de viver é venha a mim o que é dos outros .

Trackbacks

  1. […] há coisa que não podemos imputar a Passos Coelho, apesar da valente treta que é afirmar que o passismo era à prova de barões, é que tenha ido a jogo com os dinossauros do costume. Não falo dos autárquicos, que esses são […]

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