Bruxelas quer

Ah! As costas largas de Bruxelas. Ocorre-me claramente o que eu quero para “Bruxelas”, mas vou passar à frente.

O meu problema com este tipo de pressões reside em dois aspectos. Em primeiro lugar, o que é que acontece se os alunos, pura e simplesmente, optarem por não estudar? Isso deve ser imputado aos professores? Ao que sei, hoje em dia é corrente os alunos chegarem à sala de aula e mostrarem-se espantados por irem ter teste, tal é a atenção que dão ao seu êxito.

A educação começa em casa, coisa que os ideólogos do Excel preferem ignorar a cada vez que apenas olham para os números. E começar a educação em casa implica dar tempo aos pais para poderem acompanhar os filhos, o que entra em conflito com as correntes de flexibilização do trabalho – em particular, no que respeita vínculos precários e mais horas de trabalho por semana (chamam-lhe produtividade).

Em segundo lugar, porque razão é que a contratação de professores tem que estar ligada ao sucesso dos alunos? É de esperar que o sucesso melhore se houver mais tempo do professor para cada aluno, mas, tal como visto no ponto anterior, a relação não é directa.

Títulos e notícias deste género não são novidade. Fazem parte da corrente política de transformar a escola pública num lugar de passagem, em vez de um lugar de aprendizagem, onde se cumpre o formalismo de se estar presente durante um certo número de anos, antes de se mandar os cidadãos procurarem trabalho. Para a aprendizagem, haverá sempre a escola de elite, privada, claro, para formar os quadros que criam notícias como estas.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Eu vou propor um “negócio” a Bruxelas. E à Troica.
    É dada ao Estado, através de cada agrupamento escolar, na sua área de inserção social, a possibilidade escolher os melhores alunos, dessa zona. Rejeitando todos os outros. Os maus alunos e os problemáticos, teriam de ir para escolas privadas. Isto por um período de três anos.
    Para além de testes de avaliação de competências, seriam ainda feitos testes psicotécnicos, antes de entrarem.
    Aos outros, os com mais fragilidades económicas, com problemas de parentalidade, toxicodependentes, e aqueles que por qualquer motivo tenham menos vontade de aprender, é-lhes dada a possibilidade de irem para um colégio privado com contrato de associação.
    Sinceramente, gostaria de ver um milagre, porque como não sou crente, teria ainda a possibilidade de me converter.

  2. Ana A. says:

    Ora, Ora! Então não se está mesmo a ver que é um erro mandarem toda a gente p’rá escola?!
    No tempo do Salazar os meus pais, pessoas de pouquíssimas posses, perguntaram-me se eu queria ir estudar. E eu, que até gostava de aprender, disse logo que sim. No entanto, e como a minha mãe mal sabia ler e o meu pai nem isso, o apoio que eu poderia ter em casa era nulo. A bem da verdade, apenas, não me obrigavam a fazer trabalhos caseiros e mandavam-me estudar. E eu sentada com os livros e os cadernos à frente, lá ia entremeando com os livros de banda desenhada e outros! Concluí o 2º ano do ciclo preparatório e no 1º ano do curso geral do comércio, chumbei, vejam só: a Caligrafia e Físico-Química. Ora, os meus pais decidiram que “não havia pão para malucos”, e vai daí puseram-me num curso de dactilografia e há que me arranjar emprego!
    Já adulta lá fiz o secundário pós-laboral e o quanto me arrependi de não ter sido mais empenhada, em “tempo útil”!
    Parece que há gente “graúda” (estatuto) que a pouco e pouco querem desmantelar o ensino obrigatório e, para isso, há que ir pondo lentamente areia na engrenagem, até chegarmos ao tempo em que só irá estudar quem tiver os requisitos essenciais, descritos no texto:
    “Para a aprendizagem, haverá sempre a escola de elite, privada, claro, para formar os quadros que criam notícias como estas.”

    • JgMenos says:

      A única élite que justifica o ensino privado é aquela que não quer os filhos iniciados na ‘doutrina dos coitadinhos’ e praticantes de todo o relaxe mascarado de progresso.

  3. Jose Oliveira says:

    Na qualidade de professor, vejo com muita facilidade a resolução do problema de fazer a contratação de docentes depender do sucesso. É simples! Fazem a minha estabilidade profissional, a minha carreira e o meu ganha-pão depender de variáveis que não controlo? Então, faço o que posso = passo toda a gente, sou um profissional de sucesso e ainda recebo prémios. Não querem estatísticas bonitinhas? Gráficos com indicadores a subir? Tão a ver? Não custa nada!
    Na antiga União Soviética, os directores das fábricas eram pressionados para aumentar o consumo do aço, um indicador de progresso (dizia-se), então passaram a construir os camiões, tractores e locomotivas o mais pesados possível, o consumo do aço subiu, e os burocratas ficaram todos contentes. As estatísticas não mentem, pessoal….
    Não esbanjámos….. Não pagamos!!!!!!

  4. Paulo Marques says:

    Se o modelo ainda é o mesmo da revolução industrial, onde toda a gente tem que aprender o mesmo para ser peça facilmente substituível, a surpresa está aonde?
    Que resulta mal não é preciso ser um génio para ver, basta ter passado por ela e ter estado atento aos colegas e não só às hormonas.

    • Ora aqui está um bom argumento para que o ensino não seja “fornecido” pelo Estado.
      Com escolas privadas e liberdade de ensino isso não acontecia.
      Mas o Estado sem o controlo das mentes desde tenra idade e a subsequente criação de dependência do cidadão, como controlava a manutenção do poder?

      Rui Silva

      • Paulo Marques says:

        No privado voltamos à educação religiosa do milénio passado. Isto a quem não for pobre, negro, mestiço, asiático, cigano, mulher, ateu, muçulmano ou sei lá mais o quê que só batem com o nariz na porta.

      • ZE LOPES says:

        Só um SIlva, perdão, estúpido, é que não vê a selva que foi e é o Ensino Superior privado! Onde há “liberdade de ensino” e até “liberdade de não ensino”, como nos casos Sócrates, Relvas e outros que tais.

  5. Mónica says:

    De acordo com a PORDATA em número de professores estaremos mais ou menos iguais ao ano de 1991, altura em que a escolaridade obrigatória ia até ao 9º ano. É certo que o número de alunos tem vindo a diminuir mas não deixa de ser obra que se tenha colocado a obrigatoriedade da escola até aos 18 anos/12º ano numa altura em que se diminuiu grandemente o número de professores!

    • E o numero de alunos também não desceu ?

      Rui Silva

      • ZE LOPES says:

        Sim, desceu, e aí concordo, por culpa dos professores! Que deveriam ter deixado a sua zona de conforto para irem a casa dos pais e encarregadosde educação fazê-los se fosse preciso!

      • Mónica says:

        E eu disse que desceu, mas por outro lado aumentou com a escolaridade obrigatória. Percebeu?

        • Quem não percebeu foi a Mónica, pois se percebesse o que lê via que o numero de alunos de hoje é substancialmente menor que em 1991 enquanto que o numero da professores é superior, e no fim desta legislatura será superior em mais 30000.

          Rui Silva

  6. JgMenos says:

    NADA resiste ao politicamente correcto da esquerdalhada no poder.

    A cultura dos coitadinhos tudo empesta:
    coitadinhos dos pais …que trabalham
    coitadinhos dos professores …que ensinam
    coitadinhos dos alunos …que estudam
    Coitadinhos todos eles que sempre lhes faltam as condições para fazer o que devem.
    Palhaçada!!

    • ZE LOPES says:

      Coitadinho do Menos!

    • Paulo Marques says:

      Coitadinhos do Granadeiro, do Bava, do Salgado, diz o Menos.

      • JgMenos says:

        Esqueceste o Sócrates e aqueles cotadinhos ministros, secret´rios de Estado, acólitos e venerandos que nada ouviam, nada viam e nada suspeitavam…coitadinhos!

        • Paulo Marques says:

          E do ministro dos pinheiros, o das fotocópias de segredos de estado, o dos submarinos, o dos pandur, o que não paga SS, o que usa agentes provocadores, o que lava dinheiro chinês, os que enriqueceram com o BPN, o BES e o BANIF… há muitos, meu caro, era só para dizer que os seus ídolos capitalistas também são um bando de bestas.

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