Era uma vez uma lista de jornalistas, avençados por um saco azul do GES. A lista, parida por um papel do Panamá, fez correr rios de tinta, originou indignações e debates acesos, prometeu mundos, fundos e um escândalo sem fim, até que se perdeu, entre as brumas da memória.
Já lá vai cerca de ano e meio desde que o Expresso soltou a bomba. Desde então, os Panama Papers perderam relevância noticiosa, pelo menos por cá, e já quase ninguém se lembra deles. São uma recordação longínqua, armazenada algures, entretanto substituída na ordem do dia pela sucessão de grandes questões que todos os dias emergem, sejam elas a crise na Catalunha ou a aventura de Madonna, na sua incessante busca de residência fixa na Lisboa das rendas exorbitantes.
Porém, hoje é dia de recordar os saudosos papéis. Os papéis que fariam ruir o sistema, mas que, com uma excepção ou outra, deixaram tudo na mesma. Ainda assim, segundo o jornalista Fernando Esteves, em declarações no programa com o mesmo nome do jornal que nos prometeu a misteriosa lista de avençados, os Panama Papers desempenharam um importante papel no desmontar da densa teia que envolve a Operação Marquês. Terão sido o “momento Eureka” que permitiu avanços fundamentais na investigação. Vá lá, serviu para alguma coisa! Pena que ainda não é desta que a lista dos jornalistas avençados pelo GES vem à tona. Se Ricardo Salgado comprou, como defende o MP, Sócrates, Bava e Grandeiro, entre outros corrompidos a preço de ouro, comprar uns quantos jornalistas seria coisa fácil. E barata. Terá comprado algum do Expresso?
Então, “ricardo costa” / “guerreiro”, e os Panama Papers? Nada?