Presos políticos em Espanha


Carles Puidgemont mostrou que não é um verdadeiro líder, não está à altura dos que nele votaram e acreditaram. Mas concorde-se ou não com a independência da Catalunha, há que reconhecer que estão pessoas presas pelo Estado espanhol, mesmo que preventivamente, sem terem sequer sido condenadas. Isto apesar de não terem resistido à aplicação do famigerado artigo 155, nem promovido qualquer violência. Não são políticos presos, são presos políticos o que diz bem da natureza da Espanha. Felizmente que nos livrámos em 1640.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Não sei se Carles Puidgemont é ou não um verdadeiro líder. Nao tenho uma opinião sedimentada sobre a sua personalidade e caráter, nem as suas reais capacidades.
    Certo é que com ele à solta, a Espanha está à beira de um ataque de nervos. Quem sabe de uma intervenção económica externa. E a Europa a fingir que não vê aquilo que se está a passar debaixo das suas barbas.
    Ora, se essa for a estratégia, descredibilizar a Justiça Espanhola, tão pródiga em prender gente que se manifesta contra o centralismo franquista do Reino, e a favor de uma autonomia que nunca lhes quiseram dar, apesar de votada mioritariamente por mais de 60% dos catalães, mas ao mesmo tempo, uma Justiça sempre tão arrastada para condenar os corruptos do PP! E são vários, que se pavoneiam tal qual o nosso Oliveirinha e Costa pelas ruas de Madrid, ou mostrar todo o esplendor autoritario do PP e do Governo de Rajoy, só mais tarde, digo eu, veremos se Puigdemont não terá sido o isco que os Castelhanos comeram, para ficarem mal na foto.
    Eu acredito no Estado de Direito, mas não ao sabor das nossas conveniências, coisa que Madrid evoca, sempre que lhe dá jeito.
    Puigdemont é provável que caia, mas esta rotura que ele mesmo encabeçou, acabará por um dia ficar na História, não escrita por nós que a vivemos, mas por aqueles que na Catalunha dirão, ”somos livres de escolher o nosso caminho, sem necessitar de pedir autorização a ninguém”.
    E isso é que conta, tudo o resto é passageiro.

    • ”somos livres de escolher o nosso caminho, sem necessitar de pedir autorização a ninguém”.”!!!

      Devo ter visto outro filme! Se há coisa que escravo não é, é “Livre”!, e muito menos para escolher “caminhos” divergentes daquilo que os DONOS querem.

  2. Miguel bessa says:

    “Mas concorde-se ou não com a independência da Catalunha, há que reconhecer que estão pessoas presas pelo Estado espanhol, mesmo que preventivamente, sem terem sequer sido condenadas. ”
    Segundo li a ordem de prisão foi dada por um representante da justiça, que é quem tem, num estado de direito, o poder de prender. Certo ou errado?
    Segundo sei de leis (pouco, assumo), não é preciso ser condenado para estar preso, existe algo chamado prisão preventiva. Certo ou errado?

    Avalie agora, pelos seus critérios, um estado que por decisão de um ministro fecha um estabelecimento privado. Quanto tempo demorará até esse ministro decidir que me deve prender se eu disser algo que ele não gosta?

    • Prisão preventiva visa salvaguardar uma eventual destruição de provas, evitar um perigo de fuga ou continuação dos crimes em causa. Sim, foi decretada por Juíz, titular de órgão de soberania do Estado espanhol. Ninguém vai preso em nome do Juiz mas do Estado. Primeiro foi o governo, depois o poder judicial, pelo meio até já houve o patético discurso do Rei… a Espanha caminha para o seu fim.

      • Rui Naldinho says:

        “A Espanha caminha para o seu fim?”
        Nåo sei se caminha, António.
        O Franquismo ainda está bem vivo. Muito mais vivo do que aquilo que a maioria de nós imagina.
        Só que a Espanha, ou melhor, Castela, tem um drama secular. Quer ombrear com o Reino Unido, uma monarquia, de longe o maior império colonial da humanidade, pátria da revolução industrial, e mais ainda com a França, uma República, a pátria do Iluminismo, aqueles que por analogia se acham mais próximos deles. Só que a Espanha tem de comer muito mazapan (massa pão), para chegar aos calcanhares dessa gente.
        Só que enquanto a monarquia inglesa faz jus ao seu império, descentralizou-se, criou uma Commonwealth, e Isabel II é a Monarca do Canadá, que não tem chefe de Estado. E até há bem pouco tempo era também a da Austrália. Não sei de mesmo da Nova Zelândia. Fez um referendo na Escócia que em nada beliscava a monarca. Contrariamente, a Espanha faz tudo para perder a monarquia, que só tem razão de existir para evitar este conflitos. Não foi por acaso que Juan Carlos terá sonhado que um dia as suas filhas se casariam com um Basco e um Navarro. E ainda por cima o Basco, atleta do Barcelona. Era ouro sobre azul. Mas hoje a vida não se rege por códigos reais, e o facto é que ambas estão a viver só.
        A Espanha tem ainda o seu código genético na época de Fernando de Aragão e Isabel, conhecidos pelos Reis Católicos.

      • Miguel bessa says:

        A prisão preventiva serve para isso? Ok. Então foi bem aplicada porque houve quem fugisse logo existia perigo de fuga.

        O discurso do rei prendeu alguém? Não. Ninguém vai preso em nome do juiz mas do estado? Então todos os presos são presos políticos!

        Que eu tenha percebido foi desde início uma questão legal. Fizeram um referendo decretado ilegal pelo tribunal da Catalunha! Declararam a independência. Foram declarados traidores por juízes. Tudo dentro da separação de poderes do estado de direito.

  3. Atento/sempre says:

    Viva a Greve -Geral na Catalunha!
    Libertação imediata dos políticos Catalães presos à ordem do Governo de Madrid!

  4. JgMenos says:

    Quando os políticos treteiros desatam a derreter nota e ficam sem hipóteses de comprar votos agarram-se ao que podem.

    A Catalunha perdeu o crédito antes de nós – e inhamos o Sócrates a bombar.
    Entre austeridade e fazerem-se tadinhos independentes a escolha era óbvia!

    • totatola says:

      👺🖕

    • Fernando Antunes says:

      Não estará a trocar as coisas? O Rajoy é o primeiro chefe de Governo em funções a ter que ir a tribunal, por causa de um mega-caso de corrupção!

      Queria dizer que o Rajoy agarra-se ao que pode? É que ele agradece (mais que nunca) ter a hipótese de se armar em forte para desviar o olhar da imprensa de um escândalo de investigação judicial que poderia deitar abaixo a elite do Partido Popular. A liderança de Rajoy está fragilizada e desgastada há vários anos (não esquecer que é o primeiro-ministro eleito com a percentagem mais baixa de sempre de um governo em Espanha, cerca de 20%).

  5. Paulo Marques says:

    Com mais ou menos razão para declarar independência, é notável o trabalho de Rajoy para que ela se torne inevitável. Que a Catalunha não se esqueça da o homenagear.

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