Mwangolé
Enganou-se que pensou que João Lourenço iria ser uma marionete de José Eduardo dos Santos. Menos de dois meses passaram desde a tomada de posse, o Presidente já substituiu o governador do BNA, exonerando Walter Filipe tido como próximo do anterior presidente e recolocando no lugar José de Lima Massano que havia ocupado o cargo até 2015. Agora João Lourenço foi mais longe, exonerando Isabel dos Santos da Sonangol e nomeando para o seu lugar Carlos Saturnino, antigo quadro da empresa demitido precisamente por Isabel dos Santos. Como se não bastasse, a TPA por ordem directa do Presidente rescindiu o contrato que atribuía a gestão da TPA 2 e TPA internacional à empresa Semba comunicações, propriedade dos irmãos Tchizé e Coreon Dú dos Santos. Resta agora aguardar destino de Zenú dos Santos à frente do Fundo soberano de Angola. Notícias recentes ligam o filho do ex-Presidente aos papéis do paraíso. Anteriormente empresas públicas como a SODIAM e Bancos também conheceram novos dirigentes. Merece atenção o caso da SODIAM, porque Beatriz Sousa era tida como próxima de Isabel dos Santos, tendo existido ao longo dos tempos várias suspeitas e insinuações de favorecimento da empresária na compra de diamantes.
Por enquanto não existem mudanças nas chefias militares e policiais, mas tudo indica que estamos perante uma luta interna pelo poder. JLo conta com o apoio da população que vê nestas alterações um sinal de mudança em Angola. A própria oposição que duvidava do Presidente apoia com entusiasmo todas estas medidas. Mas como sempre, serão os resultados a ditar sentença, para já o país continua mergulhado numa crise económica e cambial, que nem a recente subida do petróleo neste momento acima dos 65 usd consegue colmatar. Os governos provinciais mais próximos das populações tomaram posse com vontade de mostrar trabalho, mas continuamos a assistir ao encerramento de empresas e aumento do desemprego, cidades sem energia e água, agravadas recentemente por falhas na distribuição de combustível e gás. A tudo isto a Sonangol que é omnipotente e omnipresente na economia do país, não está alheia, o que talvez ajude a explicar o presente cenário.
Sinto-me como o Luaty 😉 “Está a meter a mão no ninho dos marimbondos”.
http://www.club-k.net/index.php?option=com_content&view=article&id=30108:luaty-animado-com-joao-lourenco-esta-a-meter-a-mao-no-ninho-dos-marimbondos&catid=23&Itemid=1123&lang=pt
Pelo que percebi, vamos ter de aguardar para se perceber para que lado tomba o barco.
http://podcasts.rtp.pt/nas2.share/wavrss/at1/1711/ContasdoDia_4959918-1711160953.mp3
Espero que a mudança seja real. Nem tudo esta a correr bem:”Um dos históricos do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), Virgílio de Fontes Pereira, deixou o parlamento angolano, pedindo, durante a sessão plenária realizada esta quinta-feira, a suspensão de mandato, informou a Assembleia Nacional.
Aquele deputado liderou durante vários anos o grupo parlamentar do partido, no poder em Angola desde 1975, depois de já ter sido ministro da Administração do Território e ministro do Urbanismo e Ambiente, além de membro do bureau político e do secretariado do Comité Central do MPLA.”
Pedro Neri? Secretário Geral da AN expulsa jornalista em 2014.
Ricardo Soares de Oliveira: Resta compreender o que está a acontecer dentro do MPLA. Note-se que João Lourenço não está a fazer esta mudança com base em jovens tecnocratas e indivíduos da sociedade civil: os novos homens de João Lourenço são muitas vezes os velhos homens de José Eduardo dos Santos, até ontem bajuladores. Talvez haja aqui uma conversão colectiva e muito rápida à boa governação e ao desenvolvimentismo. No entanto, é muito comum na África contemporânea que os novos presidentes tentem estabelecer o seu controlo da economia e das instituições punindo os próximos do antecessor. Há uma grande diferença entre isso e reformas genuínas. Vamos esperar para ver. Uma interpretação optimista seria que isto é a primeira fase de uma mudança sistémica em Angola, com impacto na reforma do sector financeiro, nas políticas sociais, na diversificação da economia e nas liberdades dos cidadãos angolanos. Por ora, João Lourenço beneficia de um capital político notável, tanto no exterior como internamente – até Luaty Beirão o elogia.
Teatro Aveirense;) não faltem. 21h30m
( Pode uma canção fazer uma revolução)
Tertúlia Luaty Beirão e Pedro Abrunhosa, dia 20 novembro 2017