Jornais para quem não lê

Marcelo fala na crise dos jornais como se não soubesse o que se passa. Mistério? Não. É que, dado o perfil das pessoas que ainda compram jornais, é natural que os compradores-leitores, sejam quais forem as suas opções políticas, tenham critérios de exigência de qualidade que nenhum – rigorosamente nenhum – jornal português minimamente satisfaz. Os poucos colaboradores de qualidade que ainda por eles andam são cada vez mais insuficientes para legitimar/compensar os desmandos. É que a maioria dos jornais, hoje, pretende dirigir-se a leitores que…não lêem. Nem jornais nem outras letras.

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    “É que a maioria dos jornais, hoje, pretende dirigir-se a leitores que…não lêem. Nem jornais nem outras letras.”

    Ainda bem que coloca a sua tónica em duas vertentes. Os não leitores de jornais, digamos que a maioria das pessoas, independente do seu estatuto profissional e académico, pela razão obectiva de eles próprios, jornais, não serem objectivos, verdadeiros, equilibrados, promovendo o contraditório dentro das suas páginas, deixando ao leitor as escolhas, e os não leitores de outras letras. Esses estarão mais enquadrados num universo sociológico com antecedentes que vão do fraco rendimento escolar, a níveis de iliteracia elevados, futilidades várias, sempre agarrados ao telemóvel e a todo o programa chafurdeiro que apareça nas televisões, estilo Casa dos Segredos, para se “cultivarem”. Contudo não deixa de ser uma escolha.
    Os segundos preocupam-me porque se torna evidente que apesar dos esforços feitos até hoje, a cultura ainda não é uma verdadeira prioridade. Massificou-se o ensino, mas a cultura não teve o mesmo desempenho ao nível do Estado Social.
    No primeiro caso, estamos perante um ataque aos direitos do cidadão.
    Existem dois artigos específicos na Constituição da República Portuguesa, SÉTIMA REVISÃO em 2005, onde se tratam destes assuntos. Os Artigos 38º e 39º. Sendo que neste último, no seu ponto 1. Cabe a uma entidade administrativa independente assegurar nos meios de comunicação social:
    a) O direito à informação e a liberdade de imprensa;
    b) A não concentração da titularidade dos meios de comunicação social;
    c) A independência perante o poder político e o poder económico;
    d) O respeito pelos direitos, liberdades e garantias pessoais;
    e) O respeito pelas normas reguladoras das atividades de comunicação social;
    f) A possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião;
    g) O exercício dos direitos de antena, de resposta e de réplica política.
    Esse órgão que tem por dever salvaguardar esse direito constitucional, limita-se a assobiar e a gastar o dinheiro do erário publico, nada fazendo.
    Já agora acrescento uma relíquia que me foi partilhada. Por aqui se percebe que comprar jornais é uma perda de tempo. Assino o Expresso e o Público, versão digital, e logo que o contrato caduque, mando-os ás malvas.

    https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10156433698538484&set=a.119307953483.98399.656633483&type=3

  2. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Marcelo é um produto da TV como poderia ser de um qualquer jornal.
    Nas suas intervenções durante dez anos como comentador, nunca lhe interessou a causa de raiz para os problemas, excepto repetir aquela enormidade cavacal que os “Portugueses viveram muitos anos acima das suas responsabilidades”.
    Foi uma espécie de “simpaticão” onde todos trabalhavam muito bem, excepto algumas vezes, convindo passar a imagem da concórdia que lhe valeu esta eleição presidencial e muito presumivelmente a segunda, porque o povo português está completamente entorpecido.
    Durante dez anos apercebemo-nos da sua faceta “professoral” com que ainda hoje é referido, mandando notas à esquerda e à direita como alguém que é dono da verdade absoluta.
    Hoje é mais beijos e abraços, mas o sistema é o mesmo: popularucho ou se quisermos um verdadeiro representante do populismo que tão atacado é na sociedade internacional pelo mal que vem causando.

    E por isso mesmo, hoje, Marcelo faz de conta, da mesma forma que andou a fazer de conta durante dez anos onde se passaram coisas muito graves na nossa Democracia. Falou-se na Troika e no BES, mas as suas críticas sempre se pautaram pelo enorme cuidado, nunca se indo às causas de raiz.
    Por isso mesmo os casos judiciais se arrastam, pois falta a crítica de alguém que tinha e ainda tem o poder para a fazer e quiçá, mudar o rumo daquela vergonha que hoje vemos.
    Sobre isso remete-se ao silêncio entrecortado aqui e ali, na abertura do ano Judicial por umas críticas envergonhadas ao modo como a Justiça funciona.

    Por isso, não me admira que ele se admire da crise dos jornais.
    Há, de facto uma questão de credibilidade que já vem de longe. Não é de agora … É mesmo anterior ao tempo em que Marcelo comentava e continuou com os seus comentários.
    E agora continua a fazer o mesmo ou seja, a fazer de conta.

    • Rui Naldinho says:

      É por essas e por outras que para mim Marcelo é um flop! Não é por ter sondagens de popularidade altas que ele se torna mais genuíno, e com sentido de Estado. Por essa via, então Salazar e Cunhal não lhe ficavam atrás, uma vez que venceram as sondagens sobre os Portugueses mais marcantes da Lusa Pátria.
      Antes de morrer, o insuspeito Batista Bastos escreveu um artigo no Correio da Manhã, sobre o primeiro ano de Presidência de Marcelo Rebelo de Sousa, onde ponderava, ele próprio, a manter-se o registo do atual Presidente da República naquela época, a hipótese de num segundo mandato, votar nele.
      Quando li aquilo, só disse cá para os meus botões:
      – Tá tudo louco! Mas este homem estará a ficar senil?
      Admiro a inteligência e a perspicácia de Marcelo, na razão directa da sua capacidade para gerar a intriga e mal estar.

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        A sua análise é correctíssima. Permito juntar que é graças à actividade inodora, insípida e incolor de comentadores (e jornalistas, naturalmente) como Marcelo que o povo está entorpecido e a leitura não é um acto político-social.
        Essa gente funciona como um poderoso estupefaciente cujo objectivo é exactamente desmemoriar e estupidificar o espírito crítico.
        É mais fácil ouvir o blá-blá-blá do domingo de Marcelo que ler o que quer que seja. É como o fast-food, não dá trabalho …
        Tenho dúvidas sobre a inteligência de Marcelo, com toda a honestidade. Considero que há uma fronteira muito grande a separar a inteligência da esperteza. Marcelo é, seguramente, uma pessoa esperta. Tenho para mim que se fosse inteligente, dominava as suas entradas em cena sobretudo quando vê um microfone à sua frente.
        Marcelo Rebelo de Sousa tem mesmo que viver na intriga. Ele é oriundo de uma força política onde esta característica está presente 24 horas por dia e por isso, por aí se vão arrastando de liderança em liderança.

        Sabe caro Rui. Eu tenho boa memória e lembro-me de Marcelo acompanhar seu pai, o então Ministro Baltasar Rebelo de Sousa naquelas paradas infindáveis nas Colónia e em Portugal.
        Eu já era crescido, o Rui também, presumo e ele era ainda mais.
        Estas coisas de democratas “reciclados” deixam sempre “legionelas” gravíssimas …

        • JgMenos says:

          Andando Marcelo com o governo ao colo, coloca-se de facto a ameaça de que se venha a cansar de semelhante emplastro.
          Bem sei que ele gosta de falar, mas dar o tom ao governo passou a ser uma condição de estabilidade perante a bruteza governamental.

          • Rui Naldinho says:

            “Andando Marcelo com o governo ao colo…”
            Ora, diríamos que com o governo ao colo andam todos, quando as coisas correm bem. Nessa medida Marcelo não é diferente dos demais. Mas alguém se atravessa no caminho de um governo com fortes índices de popularidade?

            O problema surge como é óbvio, no parágrafo seguinte. Aí fugiu-te a boca para a verdade.

            “ Bem sei que ele gosta de falar, mas dar o tom ao governo passou a ser uma condição de estabilidade perante a bruteza governamental.”

            Foi precisamente isso que aconteceu ó Menos, entre 2011 e 2015. Um enorme assalto à mão legislativa, mesmo que inconstitucional, por diversas e fartas vezes, com um Presidente da República “a dar o tom ao governo passando a ser condução de estabilidade perante a bruteza governamental”.
            Nessa medida, Marcelo é mais soft do que Cavaco, mas provará em altura devida que é “farinha do mesmo saco”.

          • José Peralta says:

            Ó “menos”

            Se “bem sabes que o Marcelo gosta de falar”,vem a propósito o que acabo de ler na “Visão” desta semana sobre as respostas de Ricardo Salgado nos interrogatórios do processo “Monte Branco” em Julho de 2014, já que o tema do “post” é “Jornais”.

            Salgado :- “Uma pessoa que muito estimo, que é o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, tinha uma coluna no ‘Sol’. E o Professor um dia telefona-me e diz assim : “Olha, o ‘Sol’ está a ir para o fundo, Não se aguenta. disse-lhe para dizer ao Saraiva que viesse falar comigo”.

            Marcelo – ” O ‘Sol’ estava com grandes dificuldades financeiras devido a problemas com accionistas, ali no quadro da guerra com José Sócrates. Era colaborador do jornal e tentei ajudar, falando com várias pessoas ligadas a instituições financeiras”.

            Pois ! Signifique “isto” o que significar, não há dúvida: – Marcelo gosta de falar…

          • anti pafioso. says:

            ò menos ainda não te suicidaste ( politicamente claro)

        • JgMenos says:

          Que mesquinhez, Peralta!!!

          Há bruteza que redime e bruteza que arruína. Lá voltaremos com altos indices de popularidade.

          • ZE LOPES says:

            Mais um assunto em que V. Exa. é especialista, por experiência própria: a bruteza!

    • Fernando says:

      O hipocrisia e falsidade de Marcelo são mais que evidentes e a sua cumplicidade com o estado a que isto chegou também.

      Os “afectos” de Marcelo fazem parte do repertório do Marcelo tolo e popularucho.
      Marcelo é calculista, desenvolveu vários personagens, e muda de personagem conforme ele ache necessário.

      O que é que se podia esperar do amigo Ricardo Salgado…

  3. JgMenos says:

    Tomemos como referência de avaliação dos leitores de jornais os participantes em blogs.
    Gente que além de ler, escreve.
    Calculemos a percentagem de textos coerentes e minimamente honesto.
    Dias negros para a imprensa…

    • Rui Naldinho says:

      Em matéria de coerência e honestidade começa por colocar o teu verdadeiro nome, e logo saberemos ao que vens.

      • JgMenos says:

        Venho ao que escrevo e sou o que escrevo e tanto te bastará.

        • Rui Naldinho says:

          Então, resume-te à tua insignificância, e não fales de coerência e honestidade.
          Aliás, mostras bem o caráter da tua personalidade.
          “Há bruteza que redime e bruteza que arruína.”
          Um Pinochet(zito) de trazer por casa.

        • S. Bagonha says:

          “sou o que escrevo”
          Então se é assim não és grande coisa,ó Menos.

    • José Peralta says:

      Ó “menos”

      “Tomemos como referência de avaliação dos leitores de jornais os participantes em blogs. Gente que além de ler escreve”…

      Tomemos como exemplo, os vários “menos” que, quais discípulos de “manás” e outras “igrejas” manhosas, (PSD/CDS)vêm à blogosfera “pagar-LHES o dízimo”, e que têm em ti, “jg” um lídimo representante !

      Dias negros para a Imprensa ! E para as “manás”…

      • JgMenos says:

        A minha igreja tem uma só cabeça e um único e mesmo crente.
        Não chega à Trindade mas é o que se pode arranjar.

    • ZE LOPES says:

      V. Exa. lá sabe…Falando por si…

  4. joão lopes says:

    então o Professor não se formou na mais rançosa,azeiteira televisão do rectangulo? então os quiosques não vendem cada vez menos jornais,e mais revistas pimbas?

  5. Paulo Marques says:

    Não compro jornais porque não preciso de propaganda político-social ideológica baseada em teorias económicas patéticas que nunca sobreviveram à realidade.
    Quando pensarem em parar de vender o “fim da história” como a verdade universal, pode ser que pense nisso.

  6. anti pafioso. says:

    Ó menos és tão popular que até chateia .

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