Já “no seu tempo” Fernando Pessoa se encontrava num plano dificilmente concebível pelos seus contemporâneos. Hoje é total e absolutamente incompreensível. Encontra-se num além para cuja idealização já não dispomos de inteligência. A 4 de Julho de 1913, com 25 anos de idade, iniciava assim a “Hora Absurda”:
O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas…
Brandas, as brisas brincam nas flâmulas, teu sorriso…
E o teu sorriso no teu silêncio é as escadas e as andas
Com que me finjo mais alto e ao pé de qualquer paraíso…
E prosseguia.
Uniu as margens a 30 de Novembro de 1935.
Ai ele escreveu isso? Então é pa esquecer.Arquive-se.
Temos de traduzir:
O teu mutismo é um navio com o motor em baixo…
Suaves, as ventanias brincam nas bandeiras, teu smile…
E o teu smile, no teu mutismo é o escadote e a charola
Com que me insinuo mais elevado e junto a um tal Éden…
Mesmo assim, realmente, não entendi.
Ze Lopes, deposito grandes esperanças em si.
E é um ganda reacionario devia de ser proibido.Só faz mal.
Caro Calcinhas, já é proibido. Abra os olhos.
Prefiro este:
Coa minhalma aqui te ficas
eu parto so com meus ais
e tudo me diz Maricas
que te não verei nunca mais.
(recolhido por Topsius em Alexandria)
Apetece como um barco.
30 de novembro de 1935.Jerónimos.