(em quadrinhas de mal dizer, para cantar à esquina)
I
Com todo este saber
(Isto é axiomático)
Quando for grande vou ser
Um professor catedrático.
Não sou de grande ciência
Mas sou muito carismático
Vou ser, tenham paciência,
Um professor catedrático
Graças a vistosa finta
Com um drible burocrático
Vou ser, e com grande pinta,
Um professor catedrático.
Não tenho modos de mestre
Sou mais para o autocrático
Mas vou, ao jeito rupestre,
Ser professor catedrático.
A gestão da Tecnoforma
De um modo automático
Só por si, já me transforma
Em professor catedrático.
II
E esta minha voz sonora?
E este meu jeito enfático?
E a minha arte canora?
Sou ou não sou catedrático?
E o meu pendor dogmático?
E o meu pin emblemático?
E o meu talento empático?
E o meu dom democrático?
E o meu quadro idiossincrático?
E o fôlego psicossomático?
E o olhar electrostático?
E o sorriso simpático?
III
Não serei um bom gramático
– Sou até muito assintáctico –
Resolvo de modo prático
Metendo um ano sabático
Queixo-me de reumático
E de um problema hepático
P’ra não falar no ciático
E no síndroma prostático
As escolas são como selvas
Para quem tem dotes escassos
Bem me vai dizendo o Relvas:
“Vai mas é estudar, ó Passos!”
Não gostaram do meu esquema?
(Eu sou um tipo esquemático)
É vosso, esse problema.
Por mim, vou ser catedrático
Olhem bem a minha foto.
Estou com um ar sorumbático.
Um gajo não deve dar confia
A quem não for catedrático!
: ) precisamos aqui de si, Zé Lopes !!!
Ironia do destino, o homem que mais contribuiu para a destruição do Ensino Público em Portugal desde o 25 de Abril de 1974, é o mesmo homem que vai dar aulas numa Universidade Pública, mesmo que de forma parcial.
O dinheiro dos contribuintes é a parte menos importante, na medida em que ele já aufere desses mesmos contribuintes aquilo a que tem direito por ter sido ex titular de um cargo público.
Um dos grandes problemas da falta de qualidade da nossa democracia, é a falta de vergonha das classes dirigentes, a todos os níveis. Este e um bom exemplo disso.
A este atropelo ao mais elementar bom senso e da chamada ética republicana, António Costa diz nada. Não sei se por lhe dar jeito, deixando à esquerda à sua esquerda o ónus desse desgaste com o ex primeiro ministro, se pelo facto do PS também ter o rabo preso.
Se alguém acredita que Portugal mudará alguma vez, desengane-se.
Isto está o nosso ADN.
É isso, Rui Naldinho, Portugal vai de mal a pior e já estamos a bater no fundo do poço !
Subscrevo inteiramente o que escreve e repito consigo :
“Isto está no nosso ADN.”
Como é que um analfabeto chega a prof. e ainda por cima “catedrático”.
Conclusão: É um “catedrático” tipo Relvas.
Só alguém de reles formação é capaz de se sentir confortável com a referida promoção académica
Tal como escrevi a propósito de um outro “post já tive acesso aos três primeiros sumários das aulas de Economia de Passos Coelho. São como segue:
Lição nº 1: “O Diabo”;
Lição nº 2: “Continuação da lição anterior”;
Lição nº 3: “Revisão da matéria dada”
“Suave Mari Magno.
É doce, quando no vasto mar, os ventos agitam as ondas; olhar da terra firme, os terríveis perigos dos outros.” Lucrécio.
Por isso nós, que somos todos iguais uns aos outros, precisamos de ter entre nós alguns mais iguais que outros – os destinados a ter um doce viver. Como poderia a sociedade ser como é e continuar a ser, se todos fossem forçados a sofrer as agruras da vida – como por exemplo estudar, trabalhar e esforçar-se para conseguir um bom lugar – arriscando-se os escolhidos, pelos perigos encontrados, a não sobreviver ou a ficar para trás? Nada melhor então, se queremos os eleitos e a sociedade que temos salvaguardar, que proteger os mais iguais entre os outros, colocando-os em lugares que, eventualmente, pelo esforço e competência jamais poderiam alcançar.
Não fora assim, pergunto eu, que seria de nós pobre país e cidadãos? Como poderíamos continuar, se tais catedráticos, ministros, gestores, magistrados e banqueiros, não nos ensinassem, governassem, tratassem da nossa justiça e das nossas contas – tal como sempre aconteceu e está a acontecer?
Está, pois, explicado – julgo eu – pelo Lucrécio e também cá pelo rapaz, qual a razão que levou certa gente a pôr o eleito em catedrático lugar.
Suave mari magno, mas só para uns poucos – os eleitos; para os outros – os gentios -, os tormentos.
” é hora de uivar, porque se nos deixarmos levar pelos poderes que nos governam, e não fizermos nada por os contestar, pode-se dizer que merecemos o que temos”
José Saramago dixit
Mais uma!
Quando eu era mais novinho,
Até quis ser matemático.
Mas falhei! Fui p’rá política,
E acabei em catedrático!
: )
ZE LOPES, também há aquele velho ditado que diz: “quem não sabe, manda”.
Por isso, o homem – que nunca serviria para assistente – tem de ser catedrático; mas vai, certamente, precisar de bons assistentes, a quem vai coordenar.
(É doce, olhar da terra firme os terríveis perigos dos outros.)
Cá p’ra mim um dos assistentes ainda vai ser o Relvas…