“As pessoas já não acreditam nos fatos”,

diz Chomsky. Em Portugal, começaram a acreditar. Quando? Em Janeiro de 2012.

Comments

  1. ZE LOPES says:

    Mais uma das gloriosas Rymas Elegyacas em Omenagem ao Achordo Ortographico:

    Se é certo que as pessoas
    já não acreditam nos fatos,
    O melhor é os alfaiactes
    Passarem a fazer sapatos.

  2. A notícia está em português do Brasil que o El País adoptou. Tudo normal, sendo assim.

    • Francisco Miguel Valada says:

      Obrigado pelo seu comentário. O meu texto não é uma crítica directa a esta adopção de ‘fato’. Por isso, não há rodinha à volta do ‘fato’ do Chomsky. Todavia, é uma crítica indirecta: o texto do El País chega a um público portuguès e a um público estrangeiro que adopta português europeu como língua estrangeira. Aos dois públicos foi vendida a ideia de o AO90 contribuir para a “unidade essencial da língua”. Ei-la, não só aqui, mas também no sítio do costume (às 20h00 de Portugal continental, sai notícia acerca da alfaiataria oficial do Estado).

  3. Maria says:

    Quais fatos? Os de homem ou os fatos de saia e casaco? A que propósito o grande Chomsky se põe a falar de roupinha???

    • ZE LOPES says:

      Segundo me disseram, mas não pude confirmar, Chomsky terá sido aprendiz de alfaiate em Filadélfia, no tempo em que o nome ainda se escrevia com Ph.

      Foi assim que a teoria da gramática generativa se tornou num fato. E a prova é que muitos a foram obrigados a usar, quando esteve na moda aqui há uns trinta anos.

      • Carlos Rodarte Veloso says:

        Só que “facto”, em Portugal, mesmo com “acordo ortográfico”, continua a escreve-se com c… Há é os mais papistas que o papa, que o querem vestir à brasileira!

        • ZE LOPES says:

          Vestir um facto? E ele deixa? Os factos não são nus e crus?

  4. Bento Caeiro says:

    Eu, cá por mim – mesmo não sendo um apreciador de fatos – sei que, para certos eventos, é de facto de bom tom adornar-se com um fato.
    Aliás, nesta coisa do coiso – o dito “Acordo Ortográfico” – quanto aos seus pressupostos e intenções – convictamente atirado à cara dos portugueses pelos seus fazedores, até, por acaso, julgo que, de facto, tudo gira em torno do facto/fato e terá sido, mesmo, uma encomenda da justiça portuguesa ao senhor Malaca, que, para além de nos querer pôr a falar o português de Malaca – a desculpa ou pretexto – quis adequar o conceito de facto ao que de uma forma geral se passa nos tribunais, mais como fatos. Não é por acaso que se diz da verdade nos tribunais, que ela será a que ali for encontrada (o fato – como vestimenta e adorno), em detrimento, demasiadas vezes, da verdade dos factos (a realidade, nua e crua, não preparada) e, obviamente das vítimas.
    Talvez, daí a pressa – mediante uma simples resolução em conselho de ministros – de pôr a coisa “AO” a funcionar e a vigorar nos organismos oficiais. Prontamente acatada, obviamente, pelos interessados em, espalhando a “malacata”, porquanto, doença da língua – veja-se o seus efeitos no Diário da República – estabelecer a confusão e a partir daí, para que conste nos anais da Nação, não mais haverá qualquer dúvida que o arranjo em tribunal será, sem sombra de dúvida, a única verdade – o facto, o real, desaparece e o fato, a vestimenta, aparece.
    Acreditem em mim. Só pode ter sido assim, porque apesar de ilegal, o coiso (o dito “AO”) continua a vigorar e a justiça não se pronúncia sobre o assunto.
    Sim? … estão a dizer-me dali que os magistrados estão demasiado ocupados com os seus problemas e com os assuntos da bola. Pois! … estou a ver!

  5. ZE LOPES says:

    Vá lá mais uma Ryma…

    Diz o Chomsky que as pessoas,
    Já não acreditam nos fatos,
    Porque as redes sociais
    Andam cheias de boactos.

    • Bento Caeiro says:

      Não só as redes sociais, ZE LOPES; a verdade dos factos está a perder perante o virtual, porquanto também sob a forma de boato; que, demasiadas vezes, é tomado como facto e como verdade. Daí também o descrédito da justiça, ao não acatar as denúncias ou tomando como facto o que apenas é boato ou arranjo premeditado. Desprezando, intencionalmente, o que de facto é, mesmo, facto – a verdade dos factos.

      • ZE LOPES says:

        É verdade! O fato é que os nossos magistrados cada vez mais desprezam os fatos! Deve ser porque ficam ocultos por debaixo das togas.

  6. ZE LOPES says:

    Afinal o título está correto! Os fatos costumavam ser sérios mas, ultimamente, há fatos muito mentirosos. Quando oiço um fato a falar fico sempre de pé atrás! Sabe-se lá se, de fato, o fato está a dizer a verdade!

    • Os “acordistas” têm com cada falácia argumentativa!

      • ZE LOPES says:

        É verdade! Foi mesmo, recentemente, tipificada como doença. É a chamada “falacite acordeónica”.

        • ZE LOPES says:

          Mas há cura! Se encarar o fato de modo sempre correto verificará, estupefato,já não estar tão circunspeto.

  7. bicasbr says:

    Nem nos vestidos!

  8. Bento Caeiro says:

    …E, finalmente, após do anterior termos falado, não querendo ter a última palavra,apenas querendo terminar o relato:

    o juiz, após ouvir as testemunhas/
    Na sua divinal convicção/
    Profere a sua decisão/

    Dá os fatos como provados/
    Ordena ao escrivão: Ata/
    E manda o alfaiate Zé para a prisão.

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