Interveio vs. Interviu – A um Presidente de Câmara

interviu

O desejo de escrever esta intervenção surgiu na sequência de uma outra publicada por um Presidente de Câmara Municipal, pessoa que respeito e por quem nutro algum afecto.

Todos nós – à excepção dos linguistas da casa e que todos conhecem – damos alguns «pontapés na gramática». Da mesma forma que eu gosto (ou melhor, não gosto, mas agradeço) de ser corrigida quando pontapeio a língua mater, que às vezes fica dolorosa, venho tentar aqui fazer um bocadinho de serviço público.

Vamos lá aos esclarecimentos:

Interviu não existe, uma vez que o verbo no infinitivo é Intervir. Como termina em «vir», aplica-se a conjugação daquele verbo (eu intervenho (Presente do Indicativo), ele interveio (Pretérito Perfeito), etc).

Tanto quanto sei, existe por vezes alguma confusão entre o verbo Intervir e o verbo Entrever. Neste último, sim, há a conjugação  terminada em «viu» no Pretérito Perfeito, já que se trata de um verbo formado com «ver» (eu entrevejo (Presente do Indicativo), ele entreviu (Pretérito Perfeito), etc).

E por aqui me fico, já que há quem fale – e escreva – em muito melhor Português. Se me alongar, corro o risco de cometer erros e ser, eu também, chamada à atenção.

 

Comments

  1. linguistas… não linguístas 🙂

  2. Por vezes nem é preciso saber muito português, basta ouvir e ver como nos soa. Pelo menos era assim, de “ouvido” que eu muitas vezes me tentava desenrascar na gramática do inglês. E “interviu” não lembra nem ao diabo! É que não soa mesmo nada bem! Por outro lado, às vezes pode soar bem, porque toda a gente diz mal!

    Mas é muito bom agradecer quando somos corrigidos. Nunca mais me esqueci, quando a primeira namorada me disse que não se diz “quaisqueres” porque o plural de qualquer é quaisquer. Mas hoje em dia, quando, de boa fé, tentamos corrigir alguém (como eu gosto que me corrijam) as pessoas reagem violentamente, afirmando que não, que elas é que estão certas. Quando lhes provamos, por exemplo, indo ao Ciberdúvidas e elas percebem que estavam erradas, dizem-nos “Ah, eu falo como quero”. Porreiro, pá!

  3. Antonio Medeiros says:

    Noémia: Amo estas intervenções que nos fazem amar mais ainda nossa língua portuguesa,como observou um escritor brasileiro,a última flor do LÁCIO, inculta e bela, mas agrado muito do bela.Abraços

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