É tudo conversa demagógica. É mesmo?

​Segundo a imprensa, o Novo Banco tem emprestados 5,4 mil milhões de euros (5400000000! 10 dígitos!) e não sabe quanto deste valor irá receber. António Ramalho, que está à frente do banco (que nos disseram que era o banco bom), disse em entrevista que o “grosso do problema” está em 44 empréstimos, (“apenas 1 superior a 500 milhões”, diz como que para nos descansar) e compara com a situação anterior, quando 6 mil milhões de euros estavam emprestados a apenas 5 pessoas/entidades.

Mas hoje o que eu sei com segurança é que 44 pessoas ou entidades estão a criar o grosso de um problema de 5,4 mil milhões que eu, como português, sou chamado a resolver, pagando. Eu pago, voluntariamente ou por imposto. Mas quero saber quem são! E considero ter direito a isso!

As citações são de um artigo de opinião de Hugo Carvalho no Público. Se não fosse pedir muito, também quero saber quem são, porque é que não pagam e porque é que o dinheiro foi emprestado  sem garantia garantia de pagamento.

Comments

  1. Pedido ao Banco BOM (Novo Banco)
    Eu só preciso de 1 milhao de Euros. Concede.
    -me o crédito.mesmo que eu nao o pague de volta ?
    Mais milhao menos milhao nao faz grande mossa.

  2. Luís Lavoura says:

    Se não fosse pedir muito, também quero saber quem são

    Não pode. Há uma coisa chamada “segredo bancário”. É análoga a outros segredos profissionais.

    Suponha que Você pedia dinheiro emprestado a um banco, gostaria que todo o mundo soubesse disso? Não gostaria. As outras pessoas, tal como Você, também não gostam.

    No dia em que o segredo bancário fôr violado por um banco, a qualquer pretexto, toda a gente deixará de pedir dinheiro emprestado a esse banco e o negócio dele ruirá.

    • Robin dos Bancos says:

      O sigilo faz sentido enquanto uma de duas premissas se verificar:

      O banco é ressarcido pelo devedor do montante emprestado;
      ou
      O banco assume a perda e a responsabilidade de repor a paridade fica com accionistas e gerentes;

      A partir do momento que nenhuma das duas e se chama o Estado a assumir o encargo, então o Estado deve saber quem são os caloteiros.

      As Finanças não divulgam as listas de devedores? Sim, essas que andam a cobrar dívidas de outros privados como, por exemplo, das pessoas que não paguem nas ilegais Ex-SCUTs?…

      Mais, o sigilo bancário, enquanto cláusula contratual, a partir do momento que há incumprimento do contrato, deve, como as restantes cláusulas, perder o seu valor legal!

      Digo eu, que não sou formado em direito sou um lírico…

      • Nascimento says:

        O ” Robin dos Bosques ” explicou-lhe ?É só uma ” pequenina” nuance. Aposto que ele para próxima faz-lhe um Desenho!

      • Luís Lavoura says:

        então o Estado deve saber quem são os caloteiros

        É evidente que alguém sabe quem são os caloteiros.

        Agora, se essa informação é divulgada publicamente, toda a gente a partir daí fica a saber que, se pedir emprestado dinheiro a esse banco, um dia esse facto pode vir a ser divulgado e a pessoa pode ficar mal vista. Portanto, nunca mais pede dinheiro emprestado a esse banco. Portanto, esse banco deixa de poder fazer negócio. Portanto, esse banco desaparece.

        Ou seja, saber quem são os caloteiros está bem, mas essa informação tem que permanecer quardada a sete chaves.

      • Luís Lavoura says:

        o sigilo bancário, enquanto cláusula contratual, a partir do momento que há incumprimento do contrato, deve, como as restantes cláusulas, perder o seu valor legal!

        Disparate.

        Suponha que Você vai ao médico e diz-lhe que tem SIDA. Depois não paga a conta do médico. Como vingança, o médico no dia seguinte divulga publicamente que Você tem SIDA.

        Quais as consequências? A partir daí, ninguém tem confiança nesse médico. As pessoas ficam a saber que o médico pode, por vingança ou por qualquer outro motivo, divulgar informação que elas (as pessoas) querem que se mantenha confidencial. Portanto, as pessoas deixam de ir a esse médico.

        Ou seja, mesmo que o doente quebre a cláusula contratual com o médico (por exemplo, deixando de pagar a consulta), o médico não tem interesse em divulgar o segredo médico. Se o fizer, ele próprio (médico) lixa-se!

        O segredo bancário é a mesma coisa. Banco que o quebre, lixa-se. Mesmo que o cliente tenha enganado o banco, o banco não tem qualquer interesse – pelo contrário – em divulgar esse facto.

    • Luís Lavoura

      “Suponha que Você pedia dinheiro emprestado a um banco, gostaria que todo o mundo soubesse disso? Não gostaria. As outras pessoas, tal como Você, também não gostam”.

      Eu só “não gostaria” se não pagasse e “as outras pessoas”, OS CONTRIBUINTES, que tivessem de pagar o que eu devesse…SOUBESSEM !

      “No dia em que o segredo bancário fôr violado por um banco, a qualquer pretexto, toda a gente deixará de pedir dinheiro emprestado a esse banco e o negócio dele ruirá”.

      Curiosa preocupação ! Até parece que deve uns milhões à banca, mas tem medo que se saiba !

      Desculpe se lhe faço esta pergunta “inocente” : Você, que defende a prospecção de petróleo, agora a Banca, e o mais que adiante se verá, vem aqui para ser “diferente”, ter opiniões “originais”, é “ingénuo” ou, pura e simplesmente, È PARVO ?

    • j. manuel cordeiro says:

      “Não pode. Há uma coisa chamada “segredo bancário”. É análoga a outros segredos profissionais.”

      Sobre o sigilo profissional, não me recordo, por exemplo, de pagar a falência de consultórios médicos. A sua comparação não é lá muito feliz.

      • Luís Lavoura says:

        não me recordo, por exemplo, de pagar a falência de consultórios médicos

        Pois não. Mas, se os contribuintes pagam a falência de bancos, fazem-no para que os bancos possam continuar a funcionar. Ora, para que os bancos possam continuar a funcionar, é imprescindível que o segredo bancário seja honrado.

        Se o Estado paga a falência do banco X mas, ao mesmo tempo, decide revelar publicamente quem foram os caloteiros desse banco, então, não somente o banco X perderá todos os seus clientes, como também boa parte dos clientes dos outros bancos desaparecerão também. Ou seja, o banco X falirá na mesma, por falta de clientes, e os outros bancos todos também perderão muito.

        Ou seja, é contraditório, não faz qualquer sentido, procurar salvar um banco injetando nele dinheiro mas ao mesmo tempo quebrar o segredo bancário.

        • j. manuel cordeiro says:

          Há um tratado ideológico por trás destas afirmações. Por acaso, não beneficia os “accionistas” que andam a salvar esses negócios.

  3. Bento Caeiro says:

    O Furúnculo nascido do BES (Novo Banco) como não podia deixar de ser – até pelo tipo de gente que tem à frente – destina-se a perpetuar os males do hospedeiro. Também não estará muito preocupado – assim como não estará o Mexias com as rendas excessivas -, porque apesar de tudo o que possa vir a acontecer os seus altos rendimentos estão garantidos e, no caso do Furúnculo, o Estado – todos nós – já tem previsto entregar mais 500 milhões de euros. Entretanto, para melhorar as condições dos doentes oncológicos e seus acompanhantes nos hospitais, não há dinheiro.
    Por outro lado, julgo que se deveria deixar de considerar como empréstimo aquilo que já foi cedido com intuitos claros de não ser pago, por aqueles que lá foram buscar o dinheiro, e recebido por quem o entregou. São, em ambos os casos, apropriação indevidas e mesmo desfalques de dinheiros públicos, da responsabilidade de todos os que participaram na negociata.

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