Lucrando com a ignorância

livraria_bertrand

[Nelson Zagalo]

E depois venham dizer que está tudo no Google, não é preciso saber nada. É como a Bertrand, existe imenso conhecimento por detrás desta montra, mas aquilo que nos apresenta é apenas a Ignorância Disfarçada de Livro.

Bertrand Livreiros não paga mais a quem lá trabalha e, no entanto, cede a estas estratégias de marketing que nada têm que ver com literacia, cultura ou sequer livros. Porquê? Ganância? Desprezo por quem respeita a livraria e o seu legado secular? Se ainda há pouco dizia aqui que o que me fazia ir a um dos centros comerciais da cidade era a Livraria Bertrand, tenho de confessar que depois de ver esta imagem perdi muita dessa vontade.

Como é que se pode acreditar, ou confiar, numa livraria que, para comemorar o dia do livro, preenche a sua montra desta forma? É com estes livros que a Bertrand espera realizar a sua contribuição para uma sociedade mais formada? Ou a Bertrand quer lá bem saber se a sociedade tem falta de literacia e nem sequer consegue compreender a fraude dos discursos anti-vacinas, anti-alterações climáticas, anti-imigração, etc…, etc…?
Parece que à Bertrand interessa apenas, no final do mês, o pote bem cheio.

Fotografia: Montra da Livraria Bertrand, Coimbra. Por @Filipe Homem Fonseca.

Comments

  1. Bento Caeiro says:

    “…a fraude dos discursos anti-vacinas, anti-alterações climáticas, anti-imigração, etc…, etc…?”.

    Longe de mim contestar os teus pressupostos neste campo, e no que respeita à livraria certamente terás razão – tem um produto à venda, quer vender e põe à venda o mais procurado e, como tal, o que dará mais lucro. A questão que, eventualmente, colocarás é porquê esse e não outro? Pelas razões atrás apontadas. À semelhança do que acontece, por exemplo com o lixo televisivo – contudo, é o produto mais procurado.
    Claro que, tal como num mercado qualquer, nada te impedirá de procurar um produto melhor ou ao teu gosto – é isso que eu faço, quando posso optar, porque se a loja for de pechisbeques, nem entro – também, como faço em televisão, não vejo, mas sei que está lá: que esteja, quero lá saber!
    Mas no que reporta ao que acima transcrevi do que disseste, porque existe muita informação e contra-informação sobre o assunto, nem tudo é linear. Isto é, há questões sobre a vacinação, sobre as alterações climáticas e sobre a imigração que terão de ser bem ponderadas, não sendo de aceitar, de modo acrítico, o que tem sido veiculado e o politicamente correcto tem por certo – mas que não é, e disso podemos ter a certeza.

  2. Mas o que não faltava por aí era imensa livraria com excelentes livros, clássicos e raridades. Pena é que tenham fechado quase todas por falta de clientes.

    A missão de qualquer livraria de massas é fazer dinheiro com a venda de livros, não é educar as pessoas para a suposta boa literatura. E isto é válido para livrarias, salas de cinema, televisões, rádios, pornografia, etc etc.

    É o capitalismo, estúpido!

  3. Rui Silva says:

    As livrarias deveriam por nas montras apenas os livros “Bons” segundo a cabecinha aqui do autor convidado, isso é que era democrático.

    Rui Silva

    • ZE LOPES says:

      Eu, se fosse a V. Exa., para calar a esquerdalhada abria uma livraria onde se vendesse até papel higiénico! Ou pior, por exemplo a edição escrita do “Observador”, incluindo as Obras Completas do João Carlos Espada.

    • Fernando says:

      Vejam o Rui Silva melindrado por ver o seu fundamentalismo de mercado exposto como não sendo uma forma de enaltecer o mérito mas sim a mediocridade…

      E depois são estes que dizem a quem trabalha para não serem piegas.

  4. JgMenos says:

    Ainda se fizesse essas coisas horríveis para pagar mais ao pessoal…um toque esquerdalho fica sempre bem.

    • ZE LOPES says:

      O problema é que a aposta em autores como V. Exa. não tem ajudado nada às finanças de tão ilustre editora. A triologia da sua autoria “A Mama Treteira”, “O Esquerdalho na Mama” e “Os Coirões Agarrados à Mama” foi um “flop”! Venderam-se quatro exemplares, três deles comprados por um vendedor de castanhas!E os trabalhadores é que pagam estes desmandos!

      • JgMenos says:

        Grato pela publicidade a obras tão essenciais à compreensão do regime abrilesco.

        • ZE LOPES says:

          Experimente mandar um mail à Associação dos Vendedores de Castanhas. Talvez esteja aí a chave do sucesso das vendas.

          Até porque eles também têm queixas do regime abrilesco. Foram proibidos de vender em agosto nas praias e muitos tiveram de se reformar por causa daquela treta de lhes exigirem carta de condução dos carrinhos!

  5. Basta observar o exemplo do zé mané para compreendermos que os LIVROS não fazem milagres.

    🦉

  6. A Betrand é uma empresa privada e faz negócio como sabe e pode. Já o Estado Português está obrigado pela Constituição a promover e democratizar a cultura.

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