Vistos Gold: a elite que flutua acima dos comuns mortais que vão presos por roubar mercearias em supermercados

AFIM.png

Fotografia: Mário Cruz/Lusa

Durante as alegações finais do julgamento de António Figueiredo, antigo presidente do Instituto dos Registos e Notariado, preso desde 2014 no âmbito do caso Vistos Gold e acusado dos crimes de corrupção passiva, peculato, branqueamento de capitais e tráfico de influência, o conhecido advogado Rogério Alves, citado pelo jornal Público, alegou que Figueiredo não devia sequer ser condenado por tráfico de influência na medida em que era “incapaz de dizer que não” aos pedidos que recebia, viessem eles de onde viessem.

Colocado desta forma, ficamos com a sensação de estar perante um bravo justiceiro, preparado para contornar o sistema para facilitar a vida ao mais comum dos mortais. Claro que, individualidades como o antigo jogador do Benfica, David Luiz, o barão social-democrata, Marques Mendes, ou a esposa do turbo-licenciado Miguel Relvas não são simples mortais. Fazem (ou faziam, no caso de David Luiz) parte da elite mais poderosa e endinheirada deste país. Da elite que flutua acima dos comuns mortais que vão presos por roubar mercearias em supermercados.

Imagine-se, caro leitor, numa situação em que depende do favor de uma alta patente da Administração Pública para resolver um determinado problema. Acredita verdadeiramente que o presidente do IRN, ou de outra entidade pública qualquer, vai atender o telefone para lhe fazer um favor, por mais simples que seja? É claro que não. Terá muita sorte se conseguir chegar até ao assistente ou secretário, mas dali, garantidamente, não passa. E nem tem que ser de outra forma, que o presidente de uma entidade pública está ali para trabalhar e para garantir que todos são tratados de igual forma, não para fazer favores a quem quer que seja, aristocrata ou plebeu.

Claro que, no improvável caso de estar a ser lido por um jogador de futebol de classe mundial, pela esposa de um influentíssimo político ou por um advogado de um dos maiores escritórios a operar em Portugal, famoso por ter acesso privilegiado a todo o tipo de informação, o caso muda de figura. Como sabem, vossas excelências fazem parte da privilegiada elite, a tal que, como anteriormente referido, flutua acima dos comuns mortais. É natural que os favores aconteçam, porque hoje é um poderoso político que precisa de um Visto Gold para ontem, amanhã um António Figueiredo que precisa de outro frete qualquer.

Não queria terminar sem aqui aventar um apelo, que me parece da maior importância nestes tempos conturbados em que a imprensa nacional se encontra capturada pelo regresso do mais nefasto e atroz estalinismo: parem de azucrinar Miguel Macedo! Já chega de tanta notícia, tanto debate, tanto artigo de opinião. A perseguição política promovida contra este general do saudoso Passos Coelho já ultrapassou o limite do razoável e é tempo de dizer basta. Não é aceitável. Já chega o que fizeram a Marco António Costa, Miguel Relvas, Maria Luís Albuquerque e Pedro Passos Coelho, seus comunistas de uma figa!

Comments

  1. Bento Caeiro says:

    AZEITE E ÁGUA

    “Em termos gerais, pode-se dizer que uma dada substância se irá dissolver em azeite ou em água, mas não em ambas. Assim, o sal e o açúcar dissolvem-se em água, e a gasolina e as ceras em azeite. Ficamos assim a saber que, para além do azeite e da água não se misturarem, cada qual, também tem preferência por certos componentes.

    Foi assim que eu percebi o que o advogado Rogério Alves disse sobre o seu cliente:

    “Figueiredo não devia sequer ser condenado por tráfico de influência na medida em que era ‘incapaz de dizer que não’ aos pedidos que recebia, viessem eles de onde viessem.”

    Obviamente, que eu também poderia ter levado a coisa para o campo sexual e ter dito que se tratava de uma caso de ninfomania. Isto porque já conheci uma senhora que, sempre que era apanhada, alegava isto e dizia que não conseguia dizer não – era da sua natureza. Contudo, mais tarde, veio-se a saber que os casos eram sempre com gente endinheirada. Afinal, tal como agora, era apenas uma questão de dinheiros.

    Bem, assim sendo, voltemos aos azeites e ás aguas.
    Como se sabe, pondo-se azeite e água numa garrafa, por mais que se abane esta – parecendo que está tudo misturado – quando em repouso, volta tudo ao mesmo e com os tais ingredientes, que a cada um compete, dissolvidos – água com sal, açúcar e azeite com gasolina, ceras.
    Como nestas coisas, somos todos iguais, mas uns são mais iguais que outros – tal como acima se mostra -, obviamente, sendo opção do Figueiredo movimentar-se em azeite, terá como companhia, somente a gasolina e as ceras – como se vê nada de mais natural, porque de outra forma não poderia ser.

    Contudo, nestas coisas, como em muitas mais, mesmo não contando com a água, o sal e o açúcar – é apenas a base onde o azeite assenta; para eles, erradamente, não conta – esquecem algo que, de tão importante, pode chamar a atenção para o que acima se passa: que são os resíduos que vão assentando no fundo e denunciam que algo de mal se passa na garrafa – onde todos estão.

    Enfim: contos de azeites, de putedos mentais, de poluições e maldades sociais a que, infelizmente, já estamos habituados..

  2. Luís Lavoura says:

    Como é possível roubar mercearias em supermercados? Não há mercearias nos supermercados!

    • Ó Luís Lavoura !

      Ou você vem para aqui “gozar com o pagode”, ou então é “parvo” até mais não, como o Rogério Alves…

      Na segunda hipótese, como sou uma alma caridosa, “informo-o” que neste caso, “mercearias” de uma maneira genérica é, por exemplo, esparguete, cotovelinhos e todo o género de massas, açúcar, sal, azeites, óleos alimentares, etc., etc., etc.

      Se você “pensa” que tem graça, gosta de “brincar”, fazer o que acha que é “humor”, tudo bem ! Não vem daí mal ao Mundo !

      Mas…se pelo contrário, você está genuinamente convencido da sua “esperteza”, então, com as minhas sinceras desculpas, você…É MESMO PARVO !

      E agora, falando sério : Sobre o instante problema dos “vistos gold”, o proteccionismo e o “respeitinho” que a “justiça” tem a gentinha “grada”, como a citada no post, você não tem nada a dizer ?

    • João Mendes says:
  3. antero seguro says:

    Pertencem à casta dos intocáveis protegidos pelo guarda-chuva do bloco central. Não há nada que não se resolva com uma “pesada” condenatórias mas, suspensa.

Discover more from Aventar

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading