Sócrates e o financiamento do PS

Agora que a direção do PS está finalmente a demarcar-se das práticas de José Sócrates, avancemos para a questão seguinte que interessa ao PS:

Sócrates financiou ou não financiou o partido e/ou respetivas campanhas com os milhões que circulavam através das contas de Carlos Santos Silva?

Por exemplo, os eventos glamour das campanhas de Sócrates que atraíram tanta gente genuinamente bem intencionada (inclusivamente alguns que agora legitimamente condenam Sócrates), foram ou não financiados pelo esquema de Sócrates e Carlos Santos Silva? As respostas a estas perguntas são seguramente conhecidas ao mais alto nível do PS. E convém que sejam esclarecidas ou, mais tarde ou mais cedo, poderão cair que nem um trovão em cima do PS. É muito estranho que os problemas financeiros do PS pareçam estar correlacionados com a agenda da Operação Marquês. O que parece – sublinho parece – é que a partir da detenção de Sócrates uma torneira deixou de verter dinheiro no PS e de um momento para o outro descobrimos que o PS tinha problemas financeiros graves. Haverá uma correlação entre o caso Sócrates e os problemas financeiros do PS ou será pura coincidência?

Comments

  1. Rui Naldinho says:

    Um dos grandes problemas do PS foi querer viver com um pensamento de esquerda, aberto aos problemas sociais dos portugueses, mas com os vícios da direita. Como a maioria dos seus dirigentes, militantes e simpatizantes, não é detentor dos meios de produção, jamais conseguirá competir com essa direita no domínio do: “posso quero e mando”.
    É óbvio que as elites e o capital, não lhe perdoam esse devaneio ideológico, ao PS, de ser de esquerda, pelo menos na retórica.
    Assim sendo, se o PS quer ser diferente dos outros à sua direita, tem de se comportar como um partido de esquerda a sério, sem desvios, com objectivos precisos na defesa dos interesses nacionais, e acima de tudo no equilíbrio entre partes, e para isso, devia há muito saber que as elites e o capital utilizam todas as ferramentas ao seu dispor para poderem controlar o Poder, a começar logo pelos meios de comunicação, mas também, e muito por essa via, a legislação laboral, ou se quiserem, a desregulação da legislação laboral como forma de fazer chantagem sobre os mais fracos.
    Não. O PS com essa merda da terceira via, quis colocar-se em bicos de pés, nunca percebendo o ódio visceral que esta nossa direita tem à democracia, aos direitos sociais, ao 1.º de Maio, e à classe média que emergiu com o 25 de Abril de 1974, a qual lentamente vai agoniando, “culpando-a de todas as despesas”, a maioria das quais diga-se, nunca as fez.
    Desse modo, o PS foi-se enredando numa teia interesses mesquinhos, obscuros, onde capeiam a corrupção, o compadrio, e acima de tudo a falta de vergonha.
    Basta o facto de o PS ter tido a leviandade de também querer possuir um grande grupo económico de comunicação social que lhe fosse afecto, quando a sua obrigação era legislar forte e duro, para que todos os grupos sociais e políticos tivessem na comunicação social pública ou privada, a existente ou a emergir, espaço para divulgar a sua mensagem, sob pena de não lhes ser concedida licença para emitir ou publicar, por falta de equidade e independência editorial.
    Alguém me há de explicar por que razão a Geringonça aceita que empresas de comunicação social apresentem anos a fio prejuízos enormes na sua contabilidade, estão completamente falidas, não sendo obrigadas a encerrar a sua atividade como qualquer outra empresa, recorrem à banca, grande parte dela também meia falida, e/ou a ser sustentada pelos portugueses, que vai injetando mais uns cobres, para no fim fazerem propaganda dia sim dia sim, à direita e aos seus defensores.
    Ainda num destes dias vi um ex-secretário de estado do PSD, no programa Prós e Contras a defender a CIP e a atual legislação laboral com unhas e dentes, como se ele próprio fosse parte interessada em todo aquele processo.
    Ou o PS muda de rumo, mas acima de tudo muda a sua praxis, ou o seu destino está traçado a médio e longo prazo, e não Geringonça que os salve.
    Eles com o meu voto, não contarão de certeza.

    • Rui Naldinho says:

      … e não há geringonça que os salve.

      • Até o Ministro dos Negócios Estrangeiros apelou a futura Nova Geringonça…
        É no que dá haver tendências de Direita e de Esquerda num mesmo Partido! Baralha e confunde o eleitorado menos atento!

        • antero seguro says:

          Não me parece que exista da parte do actual MNE qualquer tendência de esquerda. Parece-me sim um sujeito com alguma visão que já percebeu que a pior coisa que pode vir a acontecer ao PS será uma maioria absoluta. Todos iremos assistir a mais uma derrocada monumental igual a outras nas mesmíssimas circunstâncias. É apenas o instinto de sobrevivência política a funcionar.

    • ….e com o meu voto NUNCA contaram nem contarão igualmente, !

      …o PS foi-se enredando numa teia de interesses mesquinhos, obscuros, onde campeiam a corrupção, o compadrio, e acima de tudo a falta de vergonha. ” …

    • antero seguro says:

      QUO VADIS PORTUGAL
      Essa de ver um ex-secretário d estado do PSD, a defender a CIP e a actual legislação laboral não é nada de extraordinário o extraordinário e que deixa perplexo qualquer português de esquerda é que o pai destas canalhices das quais a cereja no topo do bolo é o actual manual de patifarias chamado “Código do Trabalho” é da inteira responsabilidade do PS e também desta mascarada de central sindical chamada UGT, organização montada pelo PS com o objectivo de partir a espinha ao movimento sindical, conforme nessa altura o figurão pai deste aborto, Gonelha referiu. Um dos grandes dramas dos tempos que vivemos, é que hoje existe na sociedade portuguesa uma nova espécie de classe de trabalhadores ou seja os trabalhadores pobres cujos salários nem sequer chegam para suprir as suas necessidades básicas. A responsabilidade deste crime tem nomes e rosto e pode sem qualquer sofisma ser apontada ao PS/UGT que fazendo coro com todas as organizações patronais em sede de CES, aprovam as piores e mais danosas canalhices contra o povo trabalhador.
      Dito isto, temos hoje um governo do PS que é um erro crasso apontar de esquerda que não o é, nem nunca foi. Trata-se sim de um governo que o único mérito que teve foi o de ter deitado por terra a efabulada “eterna e natural ditadura dos partidos arco do poder” fabricada pelos média ao serviço dos poderes instalados e que deixou a direita catatónica e num completo ataque de nervos meses a fio. Claro que depois de engolirem não um sapo mas vários sapais essa mesma direita organizou-se e começou a fazer aquilo que sempre soube fazer bem, chantagear o PS e empurrando-o sempre que possível para o lado dos negócios nos quais o próprio PS tem participação e assento assegurada ao longo dos anos. Entretanto temos realmente uma esquerda PCP/BE que, nada mais do que isso, apoiam parlamentarmente o Governo e o único “crime” que têm cometido é o de aqui e ali irem fechando os olhos a muitas patifarias e que têm feito das tripas coração para se justificarem. O poder político ao longo dos tempos, amarrou o país a compromissos, cujas condições, nunca poderá vir a cumprir a menos que amplifique para níveis insustentáveis as políticas de Passos Coelho. A resolução deste autêntico nó górdio é muito complexa e na minha modesta opinião o sistema terá que implodir porque o quadro político partidário existente é uma autêntica falácia não passando de uma autêntica conjunto de organizações anquilosadas que sabiamente se tem aproveitado dos eleitores que soube transformar em fanáticos e incondicionais apoiantes e que têm ao longo dos anos defraudado e empobrecido o país. Uma imprensa falada e escrita, na mão de grupos económicos completamente ao serviço dos interesses instalados. Os factos estão aí à vista de todos. Tudo isto enquanto temos um eleitorado português que adora sol na eira e chuva no nabal situação que, como sabemos, é manifestamente inexequível e que se recusa a perceber que não é possível servir dois amos ao mesmo tempo.

  2. Observador says:

    PS, o covil!…

    • ZE LOPES says:

      Olha o mirone!

    • .?.?. says:

      Se chama covil ao PS e até concordo…
      O que chamará ao PSD, para não ir mais longe…

      • antero seguro says:

        Desculpe intrometer-me na conversa mas acho acertado o epíteto de covil ao PS exactamente porque o PS finge ser uma coisa que nunca foi enganando tendencialmente as pessoas mais frágeis e com pouco substracto politico que se deixam levar pela demagogia barata. Pelo contrário o PSD tento outra clientela tem outro discurso onde pelo menos não engana duma forma tao dissimulada como o PS. Não é que seja melhor. Uma coisa que me irrita neste tipo de querelas é que quando estamos a falar dum político dum determinado sector político sendo desse que estamos a falar aparecerem logo os adiantados mentais como arma de arremesso com políticos do outro lado. Falemos pois de todos mas, quando estamos a falar duns não comparemos com outros até porque na gravidade dos actos são todos muito semelhantes.

  3. esteve,ayres says:

    Não vou dizer muita coisa, porque o texto Rui Naldinho, diz tudo ou case tudo, só não disse, uma coisa que tem que ser dita: Os sucessivos governos foram os responsáveis das politicas levadas, tanto pala direita e extrema-direita, como a dita esquerda. Assinando acordos com CEE/UE, Euro e outros acordos que veem por ai dentro de dias.. Até lá para os crentes que rezem, e para os ateus e agnósticos , esses tem que se prepare para uma revolução internacional

    • Paulo Marques says:

      Invés da segunda vinda de Cristo, as pessoas “responsáveis” acreditam na vinda da reforma europeia a qualquer momento, desde que continuem a pagar o dízimo capitalista. Amén.

  4. Bento Caeiro says:

    A DÚVIDA EXISTENCIAL DO PS

    A vida dos partidos e nos partidos sempre foi um problema de difícil resolução para os próprios partidos. Mas não só, porquanto instituições, estão sujeitas aos mesmos condicionalismos das mesmas e, como tal, sofrem dos meus males: veja-se o caso da igreja católica. Precisam de pessoas – podem mesmo dizer que vivem para as pessoas – mas precisam de recursos para poderem manter-se e desenvolver-se. Daí nasce um dilema de difícil resolução, porque, de uma forma geral, são algumas das pessoas que as rodeiam – quando não mesmo a sociedade em geral – pela legislação e outros mecanismos, que tudo faz para lhes dificultar a vida.
    Aqui chegamos, pois, ao problema das fontes de financiamento. Obviamente, muitos daqueles que se dedicam à coisa pública – aos partidos – sentirão e serão levados a práticas menos claras na obtenção desses mesmos recursos – como é o caso em apreço e perpassa todos os partidos e instituições – veja-se o que se passa, inclusivamente com as fundações. Daqui, também, resulta o que muitas vezes é apontado ao PS – com o qual tenho momentos de aliança e muitas de desacordo – do confronto entre a prática, determinada pela sobrevivência, e a teoria que se almeja, de querendo subsistir, pretender o melhor de dois mundos. Como quem diz: quer chuva no nabal e sol na eira. Daí aquilo que, aparentemente, sendo de esquerda ou de direita mais não é que o resultado de um problema que, posto pelo anterior, até hoje não conseguiu resolver: como ser um partido verdadeiramente social democrata, sem que umas vezes tenha que se aliar a certos partidos – quer os considerados de esquerda (PCP, BE) quer de direita (PSD).
    Resolvida esta questão e obviamente o problema dos recursos dos partidos, quer-me parecer que o PS se poderá encontrar a si próprio.
    Sócrates e outros que tais são consequência e também causas futuras dos mesmos comportamentos, porque, para além disso, têm as instituições como uma forma de se promoverem e darem largas às suas ambições.

  5. antonio Lourenço Antunes says:

    Era interessante ver tb os esquemas e corrupcao da direita mas isso e segredo de estado…..nao passa nada

    • Rui Naldinho says:

      Uma coisa não iliba a outra, meu caro.
      Eu nestas coisas de política, ou de gestão da coisa pública, não tenho aficion clubistica. Apenas dou o benefício da dúvida. E quero não ser comido por lorpa.
      Só faltava agora, eu perdoar a um socialista, a um bloquista, ou até mesmo a um comunista, o engodo, levando-me a creditar nele, para depois enganado.
      Com esses ainda sou mais exigente. Pela simples razão de que aos outros nem lhes passo cartão.

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