Monárquicos que alucinam

Sinceramente, não sei o que se passa na cabeça desta gente. Não tenho nada contra aqueles que acreditam e defendem uma causa que é legítima, nem tenho dúvidas que o filho varão de Duarte Pio de Bragança tenha recebido uma “educação esmerada”, ainda que tenha as minhas reservas sobre “o brilho de uma inteligência superior e uma vontade de saber e qualidades notáveis de um Estadista”, que para além de ser uma afirmação com um certo odor fascista, levanta inúmeras dúvidas.

Porém, o resto desta publicação facebookiana, escrita por um conhecido militante monárquico, que optei por não identificar, é um chorrilho de absurdos, dignos de um fanático religioso. Vejam bem: o pseudo-príncipe é ruivo, tem barba e um semblante formoso, algo nunca antes visto neste país de hereges! Que país estúpido é este, que não se apressa a abolir imediatamente a República, quando tem um descendente real destes, ruivo e formoso, que ainda por cima está pronto para ser rei? Estaremos loucos?

Mas a parte mais cómica, mais ilustrativa deste disparate alucinado, digno de uma pessoa sem noção do ridículo, é mesmo a parte em que o autor afirma que Marcelo Rebelo de Sousa está nervoso, porque o pseudo-príncipe lhe retira o protagonismo todo. Qual protagonismo, se quase ninguém dá por ele e muitos nem sequer sabem quem ele é? A sério que esta malta chega ao cúmulo de comparar o protagonismo de um dos políticos mais populares da história do país com este rapaz sobre o qual pouco ou nada se sabe? Será que quem escreveu isto acredita verdadeiramente nestes disparates, que parecem saídos de um sketch do Gato Fedorento?

A parte boa de parvoíces como esta, é que ficamos sempre alertados para o que nos esperaria, caso fosse possível reverter o processo democrático, para regressar a um regime em que, para além de todos os políticos e esquemas corruptos que já mantemos com os nossos impostos, tivéssemos que manter também uma dispendiosa família real, mais as suas galas, os seus jantares, os seus vestidos, joias e restantes luxos supérfluos e megalómanos. Mal por mal, e apesar da nossa tendência para eleger políticos canalhas e criminosos, ainda podemos escolher quem nos governa. Podia ser pior.

Comments

  1. Alexandre Barreira says:

    ….se não “meter”….selfies e beijinhos à plebe……prefiro o Rei………………!!!!!

    • Rui Naldinho says:

      “Eu também, desde que fosse o Rei Midas!”

      Pagávamos a nossa Dívida numa semana!
      O senhor Pierre Moscovici e o o senhor Dijsselbloem até nos vinha lamber o escroto.
      Era óptimo, não era?

      • João Mendes says:

        O Rei Midas pode vir. Outro rei, desses que manda porque saiu do pipi real, mesmo que seja uma besta ignorante, não obrigado!

  2. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Caro João Mendes.
    Escrevo-lhe porque acho que exprime, no interessante post que nos deixa, alguns raciocínios que me parecem incorrectos
    Mas para já, deixe-me dizer-lhe que estou completamente de acordo consigo sobre a “propaganda real” que, manifestamente, tem gente que se não importa de fazer o papel de “tapete”, embora eles também existam na República.

    Se quer que lhe diga, tirando o facto do presidente ser eleito e um rei não, não vejo grandes diferenças entre a actual república e uma monarquia.
    Dir-me-à que isso é suficiente. Está bem, aceito, mas deixe-me lembrar-lhe que os barões, os condes e quejandos, aquela nobreza que se cobre e protege o rei, estão hoje substituídos pelos “nobres dos partidos”, a quem chamam “ilustres barões” que asseguram as suas posições e transferem para os filhos e filhas uns bons lugares. Diga-me lá onde está a diferença.
    Do mesmo modo o que se passava na monarquia com os Progressistas e Regeneradores era, em tudo, igual ao que hoje se passa com o arco da governação. Não há diferença absolutamente nenhuma e ambos conduziram o país para situações graves. E o rei depunha primeiros ministros e se calhar mais facilmente que um presidente da república…

    Diz, já na parte final da sua comunicação – e que contém afirmações com as quais estou em profundo desacordo, que …”o que nos esperaria caso fosse possível reverter o processo democrático para regressar a um regime…”.
    Ora deve estar confundido, porque a monarquia após o Liberalismo, era absolutamente democrática e com eleições livres, embora existindo tal como hoje, uma massa de votantes inculta (a de hoje é pior, porque é amorfa) e uma religião que fazia a vez do futebol actual.
    Com toda a sinceridade, aqui também não vejo diferença.

    Por outro lado, li que a corte espanhola é menos dispendiosa que a presidência da república portuguesa, pelo menos com o “rei” Cavaco… O que li, vale o que vale, mas nunca vi desmentido nenhum sobre isso.

    Creia que não defendo a monarquia em detrimento da república, mas com toda a honestidade, tirando a figura do rei que teremos que aturar toda a vida e de um presidente “negociável”, não vejo grande diferença, pois as oligarquias são exactamente as mesmas. Há verdadeiros oligarcas, “condes” e “barões” neste Portugal republicano. E já agora, sobre os “tapetes” humanos que limpam o caminho do rei ou do futuro rei, veja a postura dos jornalistas com os presidentes da república e diga-me de sua justiça se vê grandes diferenças …

    O que eu penso, com toda a honestidade, é que a República, se a queremos, deve ser repensada. O que nós temos é uma caricatura de república com demasiados mordomos, gente que usurpa verdadeiros títulos nobiliárquicos que permitem a continuação da família na “dinastia” na política, muitos corruptos e muitos mais “balets rose”.

    Cumprimentos.

    • José Almeida says:

      Gostei muito da apreciação, mas é preciso um novo regime ou novos regimes. Tal como na “vida civil”, é na inovação que reside o sucesso. Estes regimes estão absolutamente falidos de ideias. O objectivo deles é ter quorum e gerir a oposição em função dos anos de governação que faltam. Manter a opinião pública em silêncio e gerir o tempo até às próximas eleições. Estas são facilmente manipuláveis mesmo sem a ajuda de Putin. Sentam-se deputados no parlamento sem que ninguém vote neles. Gastam-se milhões em reformas a indivíduos que passaram fugazmente pelo emiciclo. Mas que regime é este? 44 anos depois da nova renovação da república, a qual é mais pequena que algumas dezenas de cidades espalhadasnpor esse mundo, ainda há mais de 2 milhões de pobres num país com pouco mais de 4 milhões de população activa. Ainda assim há espaço para gerar mais quase 10 mil novos milionários por ano. Que faz esta gente? De onde vem esses gênios? Nem todos vendem madeira ou alugam meios aéreos para apagar fogos, mas cheira, fede, que é tudo à base de esquemas. É preciso repensar o(s) regimes(s) e nunca pensar que isto não tem solução…..
      Caro Ernesto que a mão nunca lhe doa

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        Obrigado José Almeida.
        A curta estatística que aqui expõe, é de uma crueza e realidade que faz dor. A sua análise é correctíssima.
        Só uma entidade pode dar a volta a esta situação: o povo.
        É o povo que no limite aceita ou rejeita a clara falta de ideias da classe política e que muito bem refere.
        O problema é que vejo esse povo em estado de verdadeira amiba, adaptando-se de uma forma doentia ao meio que a rodeia…
        Qualquer outra solução de mudança, poderá ser bem mais gravosa. Mas temo que venha a acontecer, porque nem todos são amibas.
        E fico na informação que aqui nos traz: 2 milhões de pobres num país com pouco mais de 4 milhões de gente activa. Dá que pensar, mas também é certo que o embrião da revolta, a este ritmo crescerá, correndo-se o risco da dita refundação da república não ser pacífica a que se associam os riscos ligados à indefinição do que virá a seguir. A história está cheia destes casos de seres que surgem do nada em alturas de crises económicas e financeiras… E raramente para melhor…

  3. joaovieira1 says:

    Temos, hoje, felizmente, entre nós, uma República, centenária, mais madura, menos desigual e injusta, moldada, no 1ºciclo (16 anos) por democratas e monárquicos, submetida à força bruta, no seu 2ºciclo (48 anos), e posta sob “o jugo intolerável, puritano e fascista de Salazar”, recuperada, reabilitada e renovada, no 3º ciclo (44 anos) para uma das ideias políticas mais nobres que uma sociedade como a nossa pode defender: a solidariedade. Que sentido faz voltar-se atrás, na História?

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Caro Joãovieira1:
      Compreendo o seu comentário mas relativamente à ideia que expressa sobre a actual república e que parafraseio com sua licença:
      “…recuperada, reabilitada e renovada, no 3º ciclo (44 anos) para uma das ideias políticas mais nobres que uma sociedade como a nossa pode defender: a solidariedade …”

      não a posso subscrever, pois considero que a solidariedade é exactamente algo que está, vergonhosamente, afastada dos conceitos e prática dos nossos políticos.
      A única atitude de “solidariedade” de sucesso que vi aplicar pelo arco de governação, foi obrigar o povo a pagar os crimes de gestão e outros, que nos foram oferecidos pelos banqueiros e pela corrupta sociedade política.
      Não alinho, por respeito à minha inteligência, com manifestações de alvíssaras e parabéns que os presidente e os primeiros ministros e ministros nos endereçam, como agradecimento à “solidariedade” dos portugueses, mas deixando impunes os crimes.
      E se há algo que me preocupa como português, é sentir que o desequilíbrio da sociedade está cada vez mais acentuado donde, na minha opinião, para se falar em solidariedade, deveria ter-se a coragem de refundar a república.
      Ouço ecos nesse sentido por parte de alguns (muito poucos) políticos lúcidos e será bom que não tarde.
      Cumprimentos.

      • César Sousa says:

        Et voilá ,Monsieur Ernesto Ribeiro.
        Nem mais ,nem menos !

      • joaovieira1 says:

        Quanto ao apelo que faço à solidariedade, no 3º ciclo da República, não me referia aos muitos agentes políticos que a perverteram e contraditaram e, eventualmente, vão continuar a fazê-lo, mas ao povo que, após o 25 Abril/74, com o medo e o terror afastados e a liberdade conquistada, tiveram, mais do que o ensejo, a obrigação de escolher melhor os seus representantes políticos da base ao mais alto nível do poder. Saudações.

        • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

          Caro joãovieira1:
          Embora esteja de acordo com o seu raciocínio, a verdade é que não confio no estado actual da sanidade intelectual deste povo, preocupado que anda com a bola, telenovelas e concursos de “superfiguras”, fazendo desta inutilidade o respirar da vida e alijando coisas bem mais importantes e que condicionam a vida deste país.
          Com todo o respeito pelas suas convicções políticas, não me acredito num povo que dá quatro maiorias a um indivíduo (refiro-me a Cavaco Silva) que, tudo o que fez, foi justamente no sentido de destruir a solidariedade que aborda e construir uma sociedade fechada onde a finança, de qualquer modo, deteve (e ainda detém) o poder.
          Os políticos – nomeadamente os que perverteram e pervertem a democracia – são lá colocados pelo povo.
          Se quer que lhe diga, acho que o medo e terror que bem conheci antes do 25 de Abril e que muito bem aborda na sua crónica, foram hoje transformados em leviandade e inconsciência, fruto de uma massificação doentia da inutilidade e estupidez a que o povo adere, da mesma forma que adere a políticos corruptos.
          Pensar, dá trabalho e esta gente, prefere “pratos pré-confeccionados”.
          Completamente de acordo consigo no que toca à obrigação do povo escolher melhor os seus representantes políticos. O problema, quanto a mim, é que pelas razões atrás aduzidas, se tem mostrado incapaz de o fazer.
          Cumprimentos.

          • joaovieira1 says:

            Cavaco Silva (dois mandatos de maioria absoluta como PM) e José Sócrates (um), reuniram as melhores condições de governabilidade para realizar as reformas estruturais de que o país carecia. O primeiro, perfilou-se coveiro dos nossos sectores tradicionais, agricultura, pescas e indústria, “decidindo promover só projectos ligados aos partidos e personalidades que o elegeram”, distribuindo, generosa e corruptamente, os milhões dos fundos recebidos da CEE. O segundo, com uma boa governação e boas medidas, no período 2005/8, acabou por se enredar numa gestão financeira e orçamental descontrolada e ruinosa que viria a “dar farto pasto à oposição para o queimar como político e cidadão”.

  4. ZE LOPES says:

    É por estas e por outras que é urgente ressuscitar a Carbonária…

  5. E vírgulas?

    • ZE LOPES says:

      Pois, realmente, não, sei, onde, é, que, as, gajas, foram, parar. Talvez, V., Exa, mais, conhecido, pelo, “Lord, of, The, Commas, me, possa, ajudar.

  6. Subscrevo tudo o que disse até ao último parágrafo. O regime saído do 25 de abril é, afinal, o retrocesso à ordem democrática existente antes de 5 de outubro de 1910. E nenhum rei da Europa governa. Quanto ao luxo compare a pompa com que se celebra o 14 de julho em França e veja a festa com que se celebrou o jubileu da rainha. O ritual diário em volta do palácio da rainha de Inglaterra tem um retorno em receitas turísticas que nenhum presidente conseguiria. o último casamento real terá uma repercussão simbólica, diplomática e política ainda por avaliar. Desde logo pela simbologia de assinalar, verdadeiramente, o fim da era colonial. Pode-se dizer o que se quiser sobre a monarquia, mas ir em comparações financeiras é disparate. Tão grande como o texto que critica. E falar em défice democrático é insinuar que a Hungria ou a Polónia são mais democráticas que a Dinamarca, a Suécia, a Noruega, a Holanda, a Bélgica, ou mesmo o RU. Tão disparatado como o formoso de semblante. E se acha que o simbólico não tem importância, embrulhe-se com a última do presidente angolano de se ligar ao mundo francófono, com o aplauso de Macron.

    • Nascimento says:

      Como é que se diz em franciú? Mardi ou Merdi’ em Angola?Claro que é um disparate ó Xico. Julgas que apagas a História de centenas de anos?Com o Macron ? Acaso sabes o que dizes? Monarquia? Vai lá ver quanto é que a madame inglesa mamou só em fundos agricolas nestes últimos anos ! Milhôes de euros.
      Até há documentários jeitosos que te explicam tudinho. A Europa a pagar á madame os seus terrenos de CAÇA!

      • Se a senhora é empresária agrícola e recebe fundos europeus como qualquer empresário agrícola, qual é a relevância para a discussão entre monarquia/república?

        • Nsáscimento says:

          A senhora foi e é tanto ” empresária ” agrícola como o meu ” zézinho” ser um assobio! É parecido, mas não tem som!
          Só dá mesmo para responder assim.

  7. pretor says:

    é parecido com o bruno de carvalho
    internem-no

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