Os plásticos

Talvez alguns de vós se recordem de uma iniciativa do Governo, por volta do ano 2000 (Guterres era Primeiro-Ministro), na qual se aprovou legislação para proibir o uso de garrafas de água de plástico nos restaurantes. Por outro lado, continuava-se a permitir água em garrafas de plástico, desde que fosse para consumo fora dos restaurantes. O argumento para justificar a prerrogativa foi que, de outra forma, haveria grave prejuízo para alguns sectores económicos. Como se constata ao pedir uma água em 99.9% dos restaurantes portugueses (sim, há uma ou outra excepção), a lei em causa serviu para nada.

A Alemanha tem, desde cerca 2004, um sistema em que as garrafas de plástico têm tara. Outros países, como a Finlândia, Dinamarca, Eslováquia, Noruega, Holanda e Suécia, ao que consta,  também têm sistemas semelhantes. O actual governo, passados cerca de 14 anos, descobriu o que “lá fora” se faz. Mas vai esperar por 2022 devido ao potencial prejuízo para as as entidades gestoras de embalagens.

Nos supermercados, a paranóia das embalagens atinge níveis de ridículo. Por exemplo, veja-se a venda de 32 berbigões embalados num plástico. O panorama piorou imenso com a acção da ASAE durante o primeiro governo de Sócrates, no qual um certo fanatismo procurou proibir a venda de bens avulso. Esta tendência teve um leve quebra com a proibição de oferecer alguns tipos de sacos de plástico. Mas no geral, a indústria alimentar, focada no lucro, continua com enorme margem para a produção de lixo.

O tema dos plásticos agora virou moda. Com este estatuto vai merecer novas leis. As anteriores, aparentemente, não serviam. Mas a lei que falta mesmo é a de fortemente limitar o uso de embalagens e “louça” de plástico. Tudo tem um preço, incluindo o lixo que se produz.

Comments

  1. …enviado há dias para :
    comissaoetica@sonae.ptcomissaoetica@sonae.pt;provedoria@sonae.ptprovedoria@sonae.pt;cliente@continente.pt

    No Dia Mundial do Ambiente….” o que rende é ir ao Continente” ? !

    Ex.mos Senhores,

    No dia Mundial do Ambiente em que cada vez mais o nível da escala de poluição do ambiente e do planeta é catastrófico e assustador a quem estiver atento e em que só o plástico é um dos factores mais perniciosos e para a diminuição ou rejeição do qual é possível todos contribuirmos, vimos de novo, que já tivemos ocasião recente de o fazer, chamar a vossa atenção para o facto, nas encomendas on-line, do uso e abuso por parte dos funcionários sob vossa responsabilidade de sacos de plástico enormes e desnecessariamente repetidos para os produtos sem critério lógico de separação ou tamanho e quantidade ( chega a vir só uma pequena embalagem dentro de um saco enorme ! ) .

    Arrepia pensar na quantidade imensa de sacos de plástico que é usada e abusada em todas as vossas encomendas diariamente e em todo o país !!

    Este é um alerta que neste e noutros aspectos e circunstâncias tem que ser lançado em SOS a todos os cidadãos e sobretudo cabe ás grandes empresas a responsabilidade e obrigação de cumprir e dar o exemplo de acordo com uma causa que é de todos nós mas e sobretudo pensando nos vindouros !

    Sem mais apesar do muito mais que haveria a expor, enviamos cumprimentos solidários de civismo e cidadania .

  2. Bento Caeiro says:

    PLÁSTICOS E FOGOS

    A história dos plásticos, da sua proliferação e atitude das entidades responsáveis, faz-me lembrar os eucaliptais, a sua proliferação, os fogos e, também a atitude das entidades responsáveis.
    Sou ainda do tempo em que não havia sacos de plástico nem eucaliptais como os de agora. Incrementaram, na ânsia do lucro o uso do saco e vasilhame em plástico, também o fizeram com os eucaliptais. Rodeando e envolvendo as povoações com matas de eucaliptos e as cidades com todo o tipo de plástico – a bem das grandes empresas e dos seus fartos lucros.
    Surgindo e colocado o problema ambiental, originado pelos plásticos e eucaliptais no que se reporta aos fogos, qual a atitude das autoridades governamentais? Como se as pessoas fossem as culpadas com o que se passa com os plásticos e com os eucaliptais, são estas que estão a ser tratadas como se tivessem culpa do consumismo a que foram levadas, e dos fogos que assolam as suas vidas e as suas povoações.
    Não fazendo praticamente nada, no que se refere às matas e aos eucaliptais e o mesmo em relação à indústria do plástico, as autoridades voltam a sua sanha contra as populações, fazendo que estas derrubem árvores nos seus quintais e a mesma atitude em relação à utilização de plásticos; preparando-se – em ambos os casos – para aplicar medidas penalizadoras somente às pessoas; esquecendo, em tudo isto, o papel das celulósicas, das empresas proprietárias dos eucaliptais e dos fabricantes dos plásticos.
    Desta forma e maneira, as povoações e as pessoas de vítimas passam a agressores e a assumir as culpas de outros: na proliferação dos plásticos e dos fogos.
    Talvez porque, em toda esta história, as pessoas sejam a parte mais fraca e os governos se colocam ao serviço dos mais fortes – as grandes empresas?

  3. Luís Lavoura says:

    Como é que queria que os berbigões fossem vendidos?
    Se estivessem disponíveis avulso, provavelmente as pessoas roubá-los-iam.
    Se fossem vendidos na peixaria, também seriam embalados num plástico.
    Se há utilização para a qual os plásticos têm grande vantagem, é precisamente para embalar certos bens alimentares.

    • j. manuel cordeiro says:

      Avulso, claro. Iam roubar os berbigões? Estou mesmo a ver isso acontecer. “Ó xô polícia, apanhe esse gatuno que meteu dois berbigões ao bolso”.

      Hoje em dia, sim, mesmo avulso teria um saco de plástico. Questiono-me como é que raios há uns anos conseguíamos ter comida em casa. Mas este exemplo não pretendeu ilustrar se se podia ou não usar um saco de plástico, mas sim o ridículo de uma embalagem para meia dúzia, perdão, 32 berbigões. Vivemos num tempo de hiper-embalagem, chamemos-lhe assim. Ainda há pouco tempo houve um génio que tinha inventado uma embalagem para uma banana. Para uma banana! Outro exemplo é a venda de fruta, maçãs, por exemplo com recurso a cuvetes. Caramba, parece que tudo tem que levar o raio de uma embalagem. Pode parecer algo sofisticado, mas é apenas piroso e danoso. Dê-se um salto até à Alemanha para ver a quantidade de coisas que se vendem avulso, dessas mesmas que a nossa querida ASAE proibiu há uns anos.

      • Alemanha, já agora, perdoem-me o assunto paralelo, onde ainda estes dias o meu patrão me dizia que nenhum médico pediatra receita medicamentos a torto e a direito às crianças. Mas cá, em Portugal, que médicos é que ainda receitam umas malvas para lavar uma ferida? Nenhuns!

        A ASAE proíbe o que dá jeito, muitas vezes algo que já se usa há centenas de anos. Por acaso a ASAE proibiu um dos maiores atentados à saúde pública, que é o beija-a-cruz-que-toda-a-gente-lambe na Páscoa? Pois é.

        E já agora, sabem qual é a coisa mais porca que existe? É o dinheiro!! Mas disso não vejo ninguém com nojo, nem a mandarem-se proibir as notas e as moedas!

        Foda-se!! Esperem aí! Vou já ali começar uma “Start Up” especializada na venda de embalagens para moedas e notas e já aqui volto riquíssimo!

        • 🙂

        • …..pois eu desde sempre que acho tb o dinheiro a coisa mais porca, que anda por tudo o que é mão e lugares porcos e transmissores de bactérias e tudo e tudo e tudo, tenho essa noção de há muito e nojo do dinheiro qb e os cuidados de higiene que isso impõe !!
          E já agora, higiene mental tb, que não nos conspurque a mente e o coração !!!

        • Mjoão says:

          Na Inglaterra é o mesmo, os pais têm de levar a criança para casa e esperar que melhore. Por cá que pais podem fazer isso? Os miúdos vão para a escola cheios de febre e a espalhar os micróbios e, depois, carregados de febre e medicamentos.

  4. É tudo treta, é tudo ir sacar dinheiro ao contribuinte e ninguém está preocupado com ambiente. É como a tanga de proibir os carros a gasóleo porque agora os elétricos é que é. Daqui por uns anos vão proibir os elétricos porque têm uma pegada ecológica brutal e não sabem o que fazer com as baterias, tal como há vinte anos nos andaram a dizer que comprar um carro a gasóleo é que era sustentável.

    Há coisas fanáticas. Em anos de seca vendem-nos a ideia que falta água no verão porque malditas das pessoas que deixam a torneira aberta enquanto lavam os dentes. Mas então quantos litros de água é preciso para regar um campo de golfe?

    Esta semana estive a fazer um trabalho num clube que tem um campo de futebol em piso plástico. Primeira coisa: fiquei espantado que um piso plástico tivesse de ser regado! (muito sustentável!) Porque com o calor, aquilo fica tão quente que não se pode lá andar em cima. Mas por outro motivo também, porque o plástico que emita a relva torna-se quebradiço e então é preciso manter regá-lo em abundância para este não aquecer e partir.

    Mas mais interessante ainda. Dizia-me um funcionário do clube que também têm de ir deitando borracha. “Ainda recentemente deitamos aqui no campo umas quantas toneladas de borracha”!!!

    O cidadão comum é um malandro se usa um saco plástico quando vai às compras. Mas depois os clubes podem plastificar um hectare de terreno e despejar lá para cima não sei quantas toneladas de plástico ciclicamente que está tudo bem e não faz mal nenhum ao ambiente.

    Então vão-se foder todos com a defesa do Ambiente. Defende-se é bolso nada mais.

    • Bento Caeiro says:

      A Defesa do Ambiente, algo positivo, é como a Defesa da Saúde, também algo positivo; contudo, em ambos os casos, esta atitude de defesa transformou-se e proporciona grandes negócios. Com a agravante que, quanto mais doentes ou piores forem as doenças maior e melhor o negócio. Por isso, tal como eu e muitos outros desconfiam, a cura do cancro – o mais rentável – não avance como poderia avançar; e, o mesmo, está a acontecer com o ambiente.

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  1. […] a evolução das espécies, o ser humano continua a contaminar todo o planeta, para gáudio dos interesses financeiros que orbitam em torno de empreendedorismos vários, como o do plástico barato…. Para não falar em ironias como esta. Felizmente, e porque nem toda a humanidade dispensou os […]

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