António Marinho e Pinto já decidiu e vai mesmo votar a favor. O ex-bastonário da Ordem dos Advogados não se lembrava, quando falámos com ele por telefone na sexta-feira, que esta semana iria ter a votação da nova diretiva e admitiu que não viu nenhuma das cartas abertas que têm sido divulgadas. Apesar disso não tem dúvidas em como vai votar: “vou aprovar a nova diretiva, claro!”
“Não estão em causa direitos relevantes dos utilizadores. Esta é uma diretiva para cortar os abusos das grandes empresas americanas (e outras) que ganham milhões à custa dos autores e jornais europeus”, explicou ao DN Marinho e Pinto. [Dinheiro Vivo, 19/06/2018]
Repare-se na preciosidade: o eurodeputado assume que não leu o que pessoas chave do processo de construção da Internet disseram sobre o assunto (ver nomes no post anterior). Mais, ao declarar que é uma directiva para “cortar os abusos das grandes empresas americanas (e outras)” percebe-se que nem sequer sabe o que é que vai votar, já que a UE pretende instaurar um processo de censura automática. Contrariamente ao que afirma Marinho e Pinto, estão em causa direitos, não só “relevantes” mas também fundamentais, dos utilizadores.
Informe-se melhor, senhor deputado, e repense o seu sentido de voto.
Leituras:
- É a nossa vez pessoal
- Batalha “pela liberdade na internet” decidida amanhã
- UE quer controlar internet: Marinho e Pinto vs. Insónias em Carvão
- Memes? São motivo de muitos risos, mas agora arriscam passarem a ser ilegais
- Nova lei dos direitos de autor da UE já es´ta a fazer vítimas no YouTube
- Parlamento Europeu em vias de aprovar filtros de uploads
- Página do eurodeputado António Marinho e Pinho
Seja na AR, seja no PE, a ignorância dos deputados sobre matérias mais exigentes é assustadora. Votam porque votam, como o partido indica.
Tou chocado! O Marinho Pinto? Uma pessoa tão informada e bem pensante? Quem diria!
Isto só mostra como é que se faz passar uma lei absurda (algo que não é estranho no panorama nacional), e que serve determinados interesses instalados (e não o interesse público):
Cria-se burburinho na opinião pública (ou na opinião que interessa, neste caso os deputados) com falsas questões e informações parciais ou de duvidosa veracidade;
Propõe-se a criação de legislação para “corrigir” o problema.
Leva-se a cabo uma intensa campanha pública de “lavagem ao cérebro”, a qual, embora não convencendo os mais informados, irá com certeza convencer aqueles que t~em menos informações, ou não estão para se maçar a verificar a veracidade dos problemas, e o verdadeiro alcance da “solução”.
Depois do mal estabelecido, deixa-se a poeira asentar, e ao fim de algum tempo começa-se a atacar, usando a arma criada.
Afinal aplicando o que aprendeu na universidade de Coimbra, o respeitinho é muito bonito e pratica-se