O roubo continua…

Podem vender Portugal como paraíso turístico, associar-lhe moda e até um certo glamour, promover os seus encantos e tradições, o país tem múltiplos encantos que farão a delícia dos turistas, mas aos nacionais está reservado um verdadeiro inferno.
Os rendimentos de quem trabalha são divididos com o Estado, que se comporta como proxeneta ficando com metade do rendimento alheio. Quando abastecemos combustíveis seja para trabalho ou lazer, aproximadamente dois terços do valor da factura são impostos. Em 2016 perante a baixa de receitas provocada pela baixa do preço do crude nos mercados, o governo resolveu criar uma sobretaxa adicional, para que o Estado não perdesse receitas. Em 2018 com a subida, faz tábua rasa da promessa, ficamos já a perceber o quanto vale a palavra destes aldrabões, quem quiser enfie a cabeça tipo avestruz ou siga em manada, mas a verdade é que não têm palavra. Mas pior, a muleta BE e sua líder Catarina que suporta a geringonça, após tanto berrar contra Centeno e sua política económica, na hora da verdade, meteu a viola no saco e cedeu à chantagem. Não pense o estimado leitor que dou o mínimo de crédito à oposição, porque não o merecem, se algo já me habituei foi que prometem quando estão de fora e assim que chegam ao poder arranjam mil desculpas para não cumprir, isto quando não aumentam impostos ao arrepio de tudo o que anteriormente prometeram.

Se o problema fossem apenas impostos sobre combustíveis, que bem estariam os portugueses, mas na verdade isso é apenas uma cena do filme de terror. Como hoje disse e bem Manuel Pinho, as rendas da EDP servem para mil desculpas, é sempre fácil arranjar um bode expiatório, mas à semelhança dos combustíveis, também na factura de electricidade apenas uma pequena parte é consumo. Está lá tudo, até uma RTP que não precisamos, mas que se algum governo ousar privatizar, logo surgem os mesmos de sempre, à semelhança do que aconteceu com a TAP, transportes públicos e outros. Não existem almoços grátis e não faltam da administração ao sector empresarial do Estado lugares disponíveis para empregar inúmeros boys, como demonstraram recentes investigações que envolveram os 2 principais partidos deste podre regime.
Qualquer sector que comece a mostrar dinamismo e possa apresentar alguma possibilidade de ganhos futuros, é logo regulado sempre com o propósito de arrecadar, esbulhar mais receita a quem investe. As cidades estavam degradadas, muitos investidores apostaram na recuperação de imóveis, mas aos primeiros sinais de crescimento já estão perseguidos com uma série de proibições e condicionalismos. Falam em start up mas tudo o que mexe é visto com desconfiança. Portugal não evolui nem se regenera enquanto a mentalidade permanecer imutável, dependendo do Estado, à espera que tudo nos seja oferecido. Mas as corporações e interesses instalados precisam quem as financie e até que se acabe o dinheiro nos bolsos dos outros…

Comments

  1. Cão que ladra não morde says:

    Cão que ladra não morde

  2. Paulo Marques says:

    E então, e depois o quê? Não se cobra impostos a ninguém, deixa-se “os empreendedores” fazerem o que quiserem (correu tão bem com o facebook e o google, corre tão bem com a altice), deixa-se a bolha do imobiliário continuar a crescer outra vez (porque 2007 não existiu e o BANiF e o BES podiam falar com o dinheiro de todos), e os hospitais, a ferrovia e as pontes continuavam a cair de podre. Mas continuava tudo bem, continuava a vir o estado Chinês comprar o país aos pedaços e esse já cheira bem ao António.
    É uma pena os portugueses não puderem desfrutar dos grandes salários que os generosos empreendedores lhes dão, tão grandes que quase permitem pagar uma renda fora da cidade.

    • António de Almeida says:

      eixa-se a bolha do imobiliário continuar a crescer outra vez (porque 2007

      Não é por repetirem mil vezes uma mentira que a tornam verdade.
      Freddie Mac e Fannie Mae… Ou como o direito de todos terem casa própria provoca uma bolha, compre agora, que os imóveis vão sempre valorizar…
      Quanto aos Bancos, óbvio, não os podem deixar falir porque serve de muleta aos políticos, afinal quem serve os bonificados, empresta sem grandes garantias e ainda financia a obra dos políticos?
      Quer destruir uma cidade? Lance-lhe algumas bombas ou congele as rendas, ambas são igualmente eficazes…

      • Paulo Marques says:

        E as bolhas imobiliária na Eurolândia? Espanha, Portugal, Alemanha, Grécia, UK… E porque é que aquilo que era normal ter e/ou almejar à 50 anos é puro sonho para a direita?
        Os bancos não podem falir porque não há circulação de dinheiro sem bancos e estão todos dependentes uns dos outros. Então estando o estado obrigado a lixo monetarista, o dinheiro das pessoas e das empresas desaparecia de um dia para o outro – como já aconteceu antes inúmeras vezes.
        O seu conceito de cidade resume-se ao centro turístico, são opções, mas depois não se surpreendam quando pararem de um dia para o outro, como qualquer outra actividade.

  3. Fernando says:

    “Os rendimentos de quem trabalha são divididos com o Estado”:

    O Estado fica com os rendimentos de quem trabalha, e então os rendimentos dos 100 mil trabalhadores do Sr. Pingo Doce escondidos na Holanda foram fanados também pelo Estado?

  4. ZE LOPES says:

    Qualquer sector que comece a mostrar dinamismo e possa apresentar alguma possibilidade de ganhos futuros, é logo regulado sempre com o propósito de arrecadar, esbulhar mais receita a quem investe”.

    Presumo que os negócios relacionados com a saúde estejam incluídos nesta “tragédia grega” do “esbulho aos investidores”. Quando V. Exa. ou alguém da sua intimidade (oxalá não aconteça) tiver o azar de contrair uma doença das tais, verificará que os impostos servem para alguma coisa.

    Se estão elevados para quem trabalha é porque os 1% de acumuladores da riqueza dos outros 99% não pagam o que deviam!

    Mais uma citação “Freddie Mac e Fannie Mae… Ou como o direito de todos terem casa própria provoca uma bolha, compre agora, que os imóveis vão sempre valorizar”. Por esta afirmação se nota a profundidade da argumentação económica de V. Exa, já por aqui várias vezes constatada!.

    Os referidos bancos não foram fundados para garantir um qualquer direito a ter casa própria. Foram-no para, através do crédito concedido à tripa forra dar vazão à enormidade de casas construídas pelos Trumps dos USA (logo imitados pelos de cá…) que, de outro modo, nunca teriam procura, escravizando e explorando quem queria, não ser dono de coisa nenhuma, mas simplesmente…não viver na rua ou em casa de familiares! E como o negócio prosperava e se construiam cada vez mais casas houve que baixar as exigências em termos de crédito para que os “investidores” continuassem a auferir chorudos lucros em vez de irem à falência. O sistema financeiro, ao criar novos negócios especulativos com a compra e venda de hipotecas encarregou-se de fazer o resto.

    Não culpe os desgraçados que se endividaram para habitar em condições!

    Só duas perguntinhas: se neste país há muito mais casas que famílias por que razão há gente a viver em condições precárias, ou até na rua? Porque é que as rendas não baixam, se os “mercados” funcionam “tão bem”?

    • António de Almeida says:

      Não culpe os desgraçados que se endividaram para habitar em condições!

      Mas algum dia culpei quem se endividou? Eu culpo os Bancos que concedendo crédito barato distorceram o mercado, culpo os políticos que socorreram os Bancos e construtores que financiaram políticos…

      Porque é que as rendas não baixam, se os “mercados” funcionam “tão bem”?

      Como certamente sabe, as rendas estiveram congeladas durante décadas. Não favoreceu a confiança. Agora que o mercado de arrendamento dava sinais de vitalidade, o poder decidiu intrometer-se. Lamento por quem investiu nos últimos anos, pessoalmente continuo a dizer, nem um Euro invisto sabendo que não há seriedade no país, em qualquer altura mudam as regras do jogo ao sabor das marés, para esse peditório já dei e fartei-me…

      • Paulo Marques says:

        Rendimentos garantidos de 8% por ter propriedade são “sinais de vitalidade”.

        ” em qualquer altura mudam as regras do jogo ao sabor das marés, para esse peditório já dei e fartei-me…”
        O António muito se queixa das alterações ao rendimento dos trabalhadores… ah, não, só defende os donos.

        • António de Almeida says:

          Já pensou que sempre que uma empresa encerra, o empresário fica sem nada, mas os trabalhadores também ficam sem emprego? Já pensou que o barco é só um e navegam em segurança ou afundam todos? Defender empresas é defender os seus trabalhadores e quem delas depende…

          • Paulo Marques says:

            Então para si qual é a diferença entre o estado intervir directamente nas empresas com subsídios ou indirectamente via corte de direitos e salários? Já que é para “salvar” empregos e tal, embora os empregos salvos são sempre os que custam 40x os dos outros sem ninguém perceber bem porquê, já que não são capazes de gerar lucro.
            E depois há o problema de vender a quem, se toda a gente tem cada vez menos dinheiro por imposição política.

          • ZE LOPES says:

            “Já pensou que sempre que uma empresa encerra, o empresário fica sem nada, mas os trabalhadores também ficam sem emprego?”. Ah! Ah! Ah!

            É só perguntar a quem trabalhava no setor do vestuário ou dos têxteis, ou do calçado, ou na construção civil, se, quando ficaram sem emprego, o empresário “ficou sem nada”…Vá lá, investigue…Vá a S. João da Madeira, à Covilhã e arredores, ao Vale do Ave (para só citar alguns), já para não falar a outro nível: nas multinacionais. Eu próprio vivi, não pessoalmente mas a nível familiar, várias situações em que os trbalhadores ficaram sem nada e os “empresáriozinhos” continuaram a ostentar evidentes sinais de riqueza.

      • ZE LOPES says:

        “Eu culpo os Bancos que concedendo crédito barato distorceram o mercado”.Ah! Ah! Ah! Coitadinho do “mercado” que tão distorcidinho anda!(Anoto ainda o seu respeitinho reverencial pelos bancos, que escreveu em maiúscula…)

        Desculpe, mas V. Exa. demonstra, mais uma vez, que ainda não compreendeu o estado a que isto (o capitalismo) chegou! Não há bancos de um lado (a conceder crédito fácil), e “mercados” do outro. Isso era antigamente!. Agora são exatamente os mesmos fundos os que promovem a construção e especulação imobiliárias que tomam posição no capital dos bancos e os põem a conceder crédito segundo as suas conveniências! De outro modo que interesse teriam os bancos em fornecer crédito se sabem que, ao mínimo sinal de crise, nunca o irão recuperar? O que interessa é lucrar a curto prazo à tripa forra e, quando a coisa descambar, esperar que o Estado os salve com o dinheiro dos contribuintes!

        Acresce ainda que há mais um”mercado” metido no meio disto tudo: o mercado especulativo dos títulos representativos de dívida hipotecária (e não só) que permite duas coisas: lucro fácil com base na especulação e ainda a possibilidade de os bancos se continuarem a endividar, já que mandam para fora do balanço os créditos problemáticos…

        Compreendo, é triste, mas está cada mais difícil ser liberalote e liberteiroos tempos presentes..

        • António de Almeida says:

          Os conceitos de capitalismo e livre mercado andam muito distorcidos por estas bandas. O que vejo é são oligarquias e plutocracias bem encostadas e protegidas no Estado. Os Bancos estão incluídos, mas os promotores imobiliários que fala são os financiadores do poder autarquico.
          Nojenta aquela notícia ontem do Constitucional deixar passar prazos em benefício dos partidos, todos eles, por isso não se ouviu grande barulho.
          E não confundir casos de polícia com mercado, porque nada a ver…

          • ZE LOPES says:

            Há três coisas que eu nunca vi na minha vida: um homem a parir, um defunto a ressuscitar e um “livre mercado” a funcionar.

          • ZE LOPES says:

            Ou seja, o “livre mercado” é uma maravilha de sistema. E ele bem quer funcionar , tem muito boa vontade. O problema é que acaba sempre distorçidinho coitadinho: ora são os banqueiros, ora as plutocracias e oligarquias, ora os promotores imobiliários…é uma tristeza, até porque os mercados são muito sensíveis.
            Qualquer coisinha os põe em baixo.

            O que podemos fazer? Talvez dar-lhe ânimo, ou organizar uma procissão de desagravo…

  5. JgMenos says:

    Para regular bastam meia dúzia de legisladores e umas dúzias de polícias e juízes.

    Mas a cambada sempre diz que os que vivem dos impostos cobrados a quem sabe produzir sabem melhor o que fazer com o dinheiro daqueles que o souberam ganhar.

    Dizem que isso é muito justo e muito de esquerda, os manholas …

    • Paulo Marques says:

      Não, dizemos que não há sociedade sem oportunidades para todos. A democracia já vai a caminho, e não faltam exemplos (mas isso para o fasço também não interessa).

    • ZE LOPES says:

      Pois, pois! E se V. Exa. tiver o azar de contraír uma doença ruim, é só mandar um mail aos banqueiros ou ao Alexandre Soares dos Santos (por exemplo) que eles mandam-lhe imediatamente os 5 ou 10 mil euros que custam os tratamentos. Impostsos para quê? Ora essa!

      • ZE LOPES says:

        5 ou 10 mil euros por mês, obviamente! Mas não se preocupe, os tipos são muito ricos!

  6. Fernando says:

    “Falta de mão-de-obra. Empresários algarvios dão murro na mesa e exigem soluções

    Para os responsáveis desta associação é importante que as autarquias comecem a tomar medidas para fazer face à necessidade de criar novas políticas de habitação a custos controlados. O objetivo é apenas um: conseguir atrair mão-de-obra de outros pontos do país e também imigrantes.”

    https://ionline.sapo.pt/artigo/619400/falta-de-mao-de-obra-empresarios-algarvios-dao-murro-na-mesa-e-exigem-solucoes?seccao=Dinheiro_i

    Teta do Estado é tão boa, e depois aparecem nos média a dizer isto:

    “Alexandre Soares dos Santos: “Isto é uma terra de primos e os primos passaram a vida a fazer jeitos uns aos outros. Depois estouraram-se todos”

    https://24.sapo.pt/atualidade/artigos/alexandre-soares-dos-santos-isto-e-uma-terra-de-primos-e-os-primos-passaram-a-vida-a-fazer-jeitos-uns-aos-outros-depois-estouraram-se-todos

    E a Holanda também é do agrado de alguns para esconderem o lucro que é produzido cá….
    E assim se tornam bilionários, o que falta em primos têm em trabalhadores baratos e Holandas….

  7. António de Almeida says:

    Essa frase de Alexandre Soares dos Santos não difere do que poderia ser dito por uma peixeira do bolhão, sim, primos ou não todos se conhecem e troca de favores ou cunha estão enraizados na sociedade. Tem dúvidas? Quem apanha uma multa ou necessita documento logo procura nas suas relações alguém a quem pedir um favor. Ora não existem almoços grátis, alguns favores são pagos com garrafões de vinho, outros é mais robalos…

    • Fernando says:

      Pois podia ter sido dita por uma peixeira, a diferença é que a peixeira vive do seu trabalho, ao contrário de Soares dos Santos que vive do trabalho de 100 mil trabalhadores, e gasta, quase de certeza, os seus humildes rendimentos onde os produz. E à peixeira está-lhe vedado o acesso a offshores…. Offshores é para tipos muito “produtivos” como Soares dos Santos, Miguel Relvas, os criminosos do BPN ou os chulos do futebol…

      • Poder de Síntese says:

        Tudo dito num só parágrafo… Dava mais laiques, se me fosse possível, mas como não sou uma Analytica qualquer, não posso.

    • ZE LOPES says:

      Eu até ia responder mas, em matéria de peixeiras reconheço que V. Exa é uma verdadeira autoridade e resolvi abster-me:

      • ZE LOPES says:

        Já agora: vi que V. Exa escreveu Bolhão com letra minúscula e Bancos com maiúscula. O seu amor pelos banqueiros é realmente comovente.

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