Duas ou três coisinhas sobre Martine

A presença anunciada de Marine Le Pen na Web Summit está a ser contestada pelos talibãs do politicamente correcto, os patrulheiros da opinião no Portugal do sec. XXI. Refiro-me à ala folclórica do PS e suas eminências pardas, Isabel Moreira e João Galamba, Rui Tavares do Livre, que nestas ocasiões procuram mostrar que estão vivos, além do SOS racismo do sr. Ba, o tal que há pouco tempo nos queria retirar uma estátua do padre António Vieira, também o BE pela voz de um tal Fabian Figueiredo, já veio ameaçar com protesto. Até ver, deixo de fora desta paródia o PCP, pelo menos ainda não dei conta que algum dos seus dirigentes já tenha contribuído para este peditório, o que a confirmar-se, uma vez mais, goste-se ou não, há que reconhecer que é um partido institucional e responsável.

Vamos ver, também não estou a ver o interesse que tenha para um evento como a Web Summit, um discurso de Marine Le Pen, a não ser conseguir que se fale um pouco mais sobre o evento. Mas isso é um problema dos organizadores, que convém relembrar, o evento tem organização própria, autónoma e independente do Estado português. Se me interessa o que a senhora tem a dizer? De todo, há muito que não ligo pevide ao seu discurso ultrapassado e bafiento, de resto tem para mim a mesma importância que Nicolas Maduro, Evo Morales, Tayyip Erdogan, Rodrigo Duterte e mais uns quantos patuscos que andam por aí, um pouco por todo o mundo, ou seja, nenhuma importância.
Mas ao que se saiba, a senhora não cometeu qualquer crime, não está a contas com a Justiça, foi candidata presidencial nas eleições do seu país, tendo disputado a 2ª volta, aceitou a derrota sem protestar ou contestar a legitimidade da eleição, é ou foi deputada ao parlamento europeu, o que por si só já lhe confere imunidade para todo o espaço europeu, cidadã francesa, para as mentes mais distraídas há que recordar que a França é um país membro da U.E., existe livre circulação de pessoas.
Marine Le Pen defende a saída do Euro e da UE, reposição de barreiras alfandegárias e proteccionismo económico, restrições à imigração. Se excluirmos esta parte, percebemos que há muitos pontos de convergência com as luminárias bem pensantes da esquerda moderna portuguesa, talvez seja isso que mais os preocupa, que as pessoas percebam que a extrema-direita está mesmo ali ao lado da extrema-esquerda…

Comments

  1. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Exclui muito pouco meu caro ou então, o que exclui, para si, terá a mesma importância dos incêndios para o sr. presidente ou para o sr. primeiro ministro…
    Trata essas exclusões, tal como os nossos ditos responsáveis tratam os fogos: parecem não passar de meras miudezas …
    É pena.

    • António de Almeida says:

      Queira ou não, a diferença está mesmo nas políticas anti-imigração, no resto, vejo mais semelhanças que outra coisa. Felizmente que tanto extrema-esquerda como extrema-direita não governam…

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        O caro António Almeida tem a sua opinião e eu respeito-a naturalmente.
        Pessoalmente quero conservar a memória e agir de acordo com princípios básicos de cidadania e não por arrebanhamento.
        Permita-me que recorde quem é esta família Le Pen, fascistas franceses (como vê, não entro no esquema do politicamente correcto, demarcando-me dessa manada que faz as Web Summits e que convida fascistas para orar).

        1 – Em 2005,Jean-Marie Le Pen, líder da FN e que havia já sido condenado pela Justiça por ter dito que as câmaras de gás nazis eram “um pormenor da História da II Guerra Mundial”, dá uma entrevista em que reitera o pensamento.

        2 – Em 2014, o mesmo cavalheiro, face às críticas feitas ao partido por vários artistas, franceses e estrangeiros, afirmou que : “Para a próxima fazemos uma fornada com eles”.
        Perante a situação de crítica geral ao partido, como bons cobardes que são, tentaram lavar a face da mesma forma que os nossos políticos fazem – frases fora do contexto…

        3 – Ultimamente a filha desse fascista, a também fascista Marie, sobre a deportação de mais de 13.000 judeus reunidos no Velodrome de Paris (que partiriam pouco tempo depois com destino aos campos da morte alemães), afirmava à televisão francesa e aos jornais que a aglomeração dos judeus fora apenas simbólica e que a responsabilidade não era do estado francês.
        Como boa cobarde que é, acabou uns dias mais tarde por dar o dito por não dito e, uma vez mais, palavras fora do contexto.

        A primeira análise é clara: a exclusão de actos condenáveis, aquilo a que eu chamo de miudezas …
        Também temos por cá artistas que usam os mesmos tiques.

        De forma que o caro António Almeida lerá a situação da forma que entender e colocará, ou não, debaixo do tapete estas miudezas que, para quem conhece a corja como eu, têm muito significado.
        Por favor, não me venha com os argumentos das “políticas de anti-emigração”. Essas políticas que eles brandem de uma forma irresponsável, são apenas e só a cenoura para atrair quem a quiser comer. E há muito burro que corre atrás dela, bastando para tal ver as votações na FN, declaradas num país como a França que eu sempre considerei esclarecido, embora tenha a consciência que o regime de Vichy não era chinês.

        Deixe-me conservar a minha memória, enquanto guardo as imagens e os sons de um déjà vu”… que aqui lhe deixo ficar.

        Cumprimentos

        • JgMenos says:

          «Permita-me que recorde quem é esta família Le Pen»
          Dizem-me que na Coreia do Norte é assim: quando se julga, vai a família no pacote.

          • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

            JgMenos.
            Não crie entropia dialéctica – a sua grande especialidade. Convide antes a Marine Le Pen (já agora o pai também) para tomar um cafézinho, para trocarem “repetidos”…
            A menos que a sua inteligência não dê para mais, lembro que a família aqui é focada, pois ambos exerceram ou exercem o mesmo cargo – que passou de pai para filha, bem à moda da Coreia do Norte que, parece, tanto gosta.
            Não fale em alhos quando a conversa é sobre bugalhos. Não joga, é desconversar pelo que é sempre melhor ficar calado.

          • ZE LOPES says:

            Já V. Exa. é um poço de coerência. Mete as famílias todas dentro do pacote “esquerdalho” e está o caso resolvido!

  2. é preciso seguir os ventos da História, e a extrema direita, o antigamente é que era bom, a Austeridade Expansionista para os mais pobres, o é tão bom termos tantos ricos, o somos especiais porque somos brancos, a boyada acéfala e os bitaites instantâneos, o discurso repetitivo e mentiroso até seja verdade por esgotamento. estão na mó de cima, logo faz sentido, mesmo que a mulher tenha sido triturada por Macron nos debates, até meteu dó, e não acho Macron um supra sumo. Por este último problema esperava que a organização tivesse escolhido alguém que poderia dizer algumas coisas interessante, mas os DDTs não iriam gostar, afinal, falar do que interessa nºao interessa nada, esta mulher é parte do problema e não da solução.

    • António de Almeida says:

      Esta mulher é parte de coisa nenhuma, mera retórica para consumo interno, que nunca alcança 30 por cento do eleitorado francês…

      • Luís Lavoura says:

        Uma mulher que alcança 25 por cento do eleitorado francês certamente que é importante.
        E ela é parte de alguma coisa, isto é, quer ser: os diversos partidos europeus anti-imigração tencionam apresentar uma candidatura conjunta às eleições ao Parlamento Europeu.

        • O equiparado a Catedrático Passos conseguiu maior percentagem nas últimas eleições depois de ter humilhado os portugueses n vezes, eu sei que o Tuga normal é masoquista e quando um poderoso lhe diz uma coisa ele acredita sempre, ele é rico e poderoso tem de ser verdade pois a pessoa é superior a mim, ai que não posso dizer mal dele. E depois o ganda equiparado a catedrático Passos não percebe, ou não quer perceber, que estamos numa democracia representativa, agora a bandeira da tradição convencido que os portugueses seguem sempre a tradição, mas estes, ingratos ou oportunistas não o ouve, foi patético e ainda mais com a participação da múmia algarvia. E Passos entra na insignificância da história mesmo tendo mais de 30% dos votos, e agora o PSD anda pelos 20%. Como vê, ter votos não diz nada sobre as personagens

        • António de Almeida says:

          Mas não passa desse score e já antes da imigração ser um problema a FN alcançava de forma consistente entre 15 e 20. A França tem algumas questões de integração com islâmicos, por razões de ter sido potência colonial em países onde o Islão é maioritário (Argélia e Marrocos), ou importante (Mali, Senegal, Costa do Marfim).

          • ZE LOPES says:

            Pronto! Por este comentário se demonstra que Almeida é um verdadeiro Frankenstein, perdão! Einstein da Ciência Política contemporânea!

  3. Paulo Marques says:

    A sua presença parece-me tão relevante como a do próprio Web Summit e o seu grupo de onanistas. Eu prefiro ir comendo brioche.

    • António de Almeida says:

      Olhe que estamos praticamente de acordo…

      • Paulo Marques says:

        Não estamos, não. O António acha que ela está errada porque todas as coisas que cita (e não as outras, que estarão mais escondidas) são o mal encarnado e a catástrofe à espreita. Eu, e parte da esquerda que (acho) nem sequer é grande parte do BE, achamos que são ferramentas úteis e indispensáveis para um país que se quer soberano, mas utilizadas de maneira completamente díspar para servir todos os cidadãos e não a burguesia colaboracionista.

        • António de Almeida says:

          Nem fui por aí. Não ligo à Le Pen, tem todo o direito de aparecer na Web Summit, ou visitar os Jerónimos se assim o entender, mas não traz nada de novo. O episódio no seu todo tem pouca importância e nem sei a quem interessa…

          • Paulo Marques says:

            Foi no post original, mas percebo o que diz.
            O problema é se o estado deve patrocinar o evento a tais figuras; por outro lado, também parece que nunca lá faltaram pessoas que façam pior, só não vão a eleições.
            Como o elenco não tem fim e a senhora, ao que sei, nunca passou do “racismo ligeiro”, sou tentado a dizer para a deixarem estar junto aos seus, é mais provável criar anti-corpos do que movimentar gurus da tecnotreta.

          • JgMenos says:

            Basta que o Estado intervenha, ainda que marginalmente, para que a esquerdalhada logo se sinta autorizada a pôr a pata em cima!

          • Paulo Marques says:

            O que a direitola quer é usar o dinheiro dos outros sem responsabilidade.

  4. Carlos Almeida says:

    É interessante verificar os apoios que a extrema direita fascista, seja ela portuguesa, francesa, italiana etc, tem em certos personagens.
    Ainda os havemos de defender o da mosquinha. Afinal o “amigo Adolfo” ganhou as eleições.

    Mas é bom que mostrem o jogo

    • António de Almeida says:

      Não reparei por aqui ninguém a apoiar Le Pen, mas tem todo o direito de se exprimir, sim, e quanto mais falar, mais se enterra, porque aquele discurso gasta-se depressa…

    • Luís Lavoura says:

      Marine Le Pen não é (pelo menos, por enquanto) “extrema-direita fascista”. Aquilo que ela defende – protecionismo económico, restrições à imigração, eliminação do Euro – são coisas totalmente compatíveis com a democracia e nada extremas.
      Podemos não concordar com ela, mas insultá-la é, como se tem visto até agora, contraproducente.

      • António de Almeida says:

        Por isso em França a esquerda tem sido ultrapassada pela FN. Mas cedo ou tarde, o espaço da esquerda em França será ocupado, porque existe, não creio que seja Mélenchon que os vá federar.

        • ZE LOPES says:

          Que resposta tão mansinha! Aposto que V. Exa. anseia por passar a mão pelos cabelinhos da “Madame”! Não tem é coragem de o assumir!

          Hipócrita!

  5. Luís Lavoura says:

    Marine Le Pen defende a saída do Euro e da UE, reposição de barreiras alfandegárias e proteccionismo económico, restrições à imigração

    É curioso que o discurso dominante chame a uma pessoa que defende estas coisas “extrema-direita” e “fascista”.

    Em minha opinião, concorde-se ou não com o que Marine Le Pen (e Alice Weidel na Alemanha, que não é parvinha nenhuma, é uma doutorada), defende, ela não é fascista nem de extrema-direita, e as suas opiniões são perfeitamente compatíveis com a democracia.

    • António de Almeida says:

      O conceito de fascista hoje tem pouco a ver com o original. É mais redutor e eficaz, apesar de incorrecto.

  6. Carlos Almeida says:

    Parece que há gente a quem incomoda muito que se chame os bois pelos nomes. Acham mal que a partidos e dirigentes políticos que têm comportamentos e discursos fascistas, sejam denominados de fascistas.

    É claro que Le Pen e a sua filha, defendem “a saída do Euro e da UE, reposição de barreiras alfandegárias e proteccionismo económico, restrições à imigração” e isso não é ser fascista.
    Falta é que digam o resto, isto é quais os métodos e discurso e as acções desse partido de extrema direita francesa.
    Dizer uma coisa sem dizer a outra, é o mesmo que dizer que o Machado e Cª são apenas um grupo de motars.

    Acusam os que denunciam a extrema direita de “politicamente correctos”, ao mesmo tempo que dizem que a extrema direita e a extrema esquerda estão ao lado uma da outra.

    É claro que a gente percebe a intenção de minimizar a importância da extrema direita. A direita dominante prefere controlar as coisa pelo lado soft, para eles mais económico, mas se não conseguirem, aí entram as “botas cardadas”.

    • António de Almeida says:

      Nunca li ou ouvi que promovessem milįcias paramilitares, contestassem o resultado eleitoral ou defendessem que a democracia deveria ser substituída por qualquer outro sistema. Se gosto deles? Nem um pouco, mas há alguma distância entre a FN e o fascismo, apesar dos disparates sobre a WWII. Corbyn terá colocado coroa de flores na campa de terroristas, vou classificá-lo de terrorista? Anti-semita, talvez, quem diria que aqui se aproximaria do Le Pen (pai)?

  7. JgMenos says:

    Quanto à imigração tem ela razão.
    A esquerdalhada dá direitos aos imigrantes que comparam com os direitos de colonizadores acrescidos de subsídios.

    Uma cambada de cretinos multiculturais da treta.

    • António de Almeida says:

      Sobre a imigração existem mitos a mais e certezas a menos. Se é verdade que não poderemos abrir as portas aos milhões que querem entrar, não é menos verdade que parte dos problemas têm mais a ver com os que nasceram cá. É uma questão que merece uma reflexão profunda. Quanto à minoria que possa querer entrar, para viver do chamado Estado social, seria a meu ver o pormenor de mais fácil resolução.

      • ZE LOPES says:

        “Quanto à minoria que possa querer entrar, para viver do chamado Estado social, seria a meu ver o pormenor de mais fácil resolução.”

        Pois claro! Acaba-se com o Estado Social! P’rós de cá e p’rós de fora!

      • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

        Caro António Almeida.
        Peguemos na conversa da emigração de um modo sério e vamos às causas de raiz para o problema.
        A emigração NUNCA foi um problema, pois ela faz parte da universalidade. O Homem sempre emigrou e todos os países das Américas e da Austrália foram construídos com base na emigração.
        A teoria do povo ariano puro, com as perseguições que conhecemos, caiu já há muito tempo.
        Mesmo em muitos países europeus a emigração foi uma fonte de desenvolvimento, a começar com França e no mais de um milhão de portugueses que para lá emigraram desde os inícios dos anos sessenta
        A emigração transformou-se num problema devido à “lavoura” que os americanos fizeram no Médio Oriente e em África. Nós continuamos com o politicamente correcto, incapazes de distinguir a realidade, porque temos prazer em enganar-nos e em fustigar-nos e proteger certas quadrilhas, em detrimento de outras.
        A recente problemática da emigração que arrastou o terrorismo, tem a ver com a destruição de países soberanos que nunca preocupou esta hipócrita Europa ou a nula ONU, para não ferir a susceptibilidade do tio Sam, preferindo sofrer na pele o que aqueles “cowboys” vêm fazendo com um duplo objectivo:
        1 – Vender armas, levando a reboque os países produtores de armas desta Europa decrépita.
        2 – Last, but not the least. sacar o petróleo, para continuarem a gastar recursos muito acima de qualquer país civilizado.
        Aquela gente só olha para o seu umbigo e não se importa em criar problemas graves, desde que longe das suas fronteiras.
        Nós, continuamos hipocritamente a aparar-lhes o jogo, preocupando-nos as agressões russas e discutindo-as como questões de desequilíbrio mundial e considerar que a destruição de regimes – não discuto a sua validade, mas recordo que são países ainda tribais – é um acto normal para criar democracias…
        Estão bem à vista, com mortes às centenas e atentados horrorosos.
        E que fazemos nós?
        Hipocritamente e porque toda esta merda é um círculo de castas e cartéis, encolhemos, os ombros, assobiamos para o lado e culpamos a emigração lançando “democraticamente” umas bocas a Trump, enquanto reduzimos à excrescência mais negativa a quadrilha do Putin.
        Continuemos…

        • António de Almeida says:

          Caro Ernesto, irei destacar este comentário, publicando-o como post, para discussão geral.

    • ZE LOPES says:

      “Direitos dos colonizadores”? Ora aí está. A veia salazaresca de JgMenos a vir ao de cima!

  8. Paulo Marques says:

    33 comentários e ainda ninguém perguntou quem é a Martine? 🙂

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Martina Navratilova, era checa e jogava ténis. Emigrou para os Estados Unidos e naturalizou-se, fazendo parte, como a Ivana e a Melanie, da emigração “boa” (interpretem como quiserem).

      Esta “Martine” francesa que é Marine na realidade, também joga ténis, mas só o faz quando diz uma daquelas calinadas que tem que vir corrigir a seguir, senão ainda pensam que ela é fascista 🙂

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  1. […] texto é da autoria do nosso leitor Ernesto Martins Vaz Ribeiro, em resposta a este meu […]

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