Postais da Raia #2 (Sabugal e arredores)

Querido mês de agosto

 

 

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As aldeias lembram uma música que começa assim: ‘meu querido mês de agosto, por ti levo o ano inteiro a sonhar’, que venho a descobrir depois de me recordar dela no carro, ser do Dino Meira, um cantor que convenhamos não é bem o meu género. Também lembram um filme, entre o documentário e a ficção, de Miguel Gomes, cujo título – Aquele Querido Mês de Agosto* – foi, justamente, retirado daquela canção.

 
Mesmo as aldeias mais abandonadas parecem voltar brevemente à vida no ‘querido mês de agosto’, a cada curva da estrada, enfeitadas com bandeirolas coloridas e cheias de cartazes que anunciam as festas ‘em honra de nossa senhora’ ou de outro santo qualquer. Nas esplanadas dos pequenos cafés, a língua principal é o francês e se não fosse a familiaridade da paisagem e das pedras e dos burros e das torres de menagem dos castelos, que se erguem imponentes entre ruínas e silêncio, cuidaria que estava fora, cá dentro. Em cada emigrante, neste querido mês de agosto, ergue-se a alegria do regresso, sobre a nostalgia e a saudade. Era só isto, esta nota brevíssima, que relaxar cansa-me tanto como cansam as aldeias aos adolescentes aborrecidos, poucos, que vou encontrando pelas ruas empedradas que não partilham – para já – a nostalgia dos pais pela terra dos avós.
 
* https://www.youtube.com/watch?v=ngUePJ2y5p0
(Cró, 10 de agosto de 2018)

Comments

  1. Manuela says:

    Eu confesso que, tendo nascido em Lisboa e não tendo quaisquer raízes na província, não consigo apreciar as aldeias. Se calhar ainda estou na adolescência e não sabia…..
    Quanto aos emigrantes a falar Francês, acho uma grande piroseira. Se eles têm tantas saudades da sua “terrinha” por que motivo não falam Português?

    • Elisabete Figueiredo says:

      pois, eu também creio que não seria capaz de viver numa aldeia, embora as aprecie.

    • …pois se acha que está na adolescência, eu acho que está então ainda em fase de aprendizagem…da vida, Manuela !
      )

  2. César P.Sousa says:

    Estou a ver que a Senhora Dona Manuela não aprecia mesmo o ar pachorrento das vacas que a “Elisabete Figueiredo” em boa hora fotografou.São lindíssimas,mesmo com cornos!
    São lindas porque têm uma dieta à base de cereais,legumes ,hortaliças e forragens.e não fazem postagens no “aventar”.
    Pelo contrário as vacas de Lisboa,empanturram-se de salsichas,sandes de coiratos e bifanas e não têm cornos à vista,
    sendo que algumas,até fazem comentários imbecis no “Aventar”

    • Manuela says:

      Em Lisboa também há muitos animais, domésticos e não só. E alguns com corninhos (e não são vacas, o que serão, então?)
      Um grande LOL.
      E saudações para a Elisabete que não tem culpa disto.

  3. Elisabete Figueiredo says:

    que comentário edificante… sim senhor. Numa coisa concordo: as vacas que fotografei são mesmo giras.

  4. Belas imagens, sim, Elisabete, de um Portugal interior aonde deveria sim ser preferível viver do que nos asfixiantes ambientes urbanos e sua degradante qualidade de vida na nossa relação
    embrionária à mãe natureza a que pertencemos e a maioria escrava das tecnologias vai esquecendo .

    https://aterradaana.blogspot.com/2013/10/o-pao-da-terra.html

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