Jovem, queres ser bué rico? Vai p’ra prof!

Jovem, pá, não te entendo, man! Tu mais os teus amigos não querem ser profs? Mas tu não vês, jovem, que os professores portugueses, segundo a OCDE, são os únicos trabalhadores do mundo que chegam a milionários apenas com o ordenado? Diz a OCDE que os profs tugas ganham quase 30000 paus por ano, logo no início da carreira, man!

Os outros licenciados, jovem, ganham muito menos que os professores, é o que diz o pipol da OCDE. Tu, porque és jovem e, portanto, ingénuo, podias pensar uma cena tipo “Mas, se calhar, os outros é que estão mal e deviam lutar para melhorar a vida!” És mesmo jovem, jovem! Em Portugal, a coisa é ao contrário: quem está melhor é que está mal e o mundo só está certo se fizermos com que os que estão melhor fiquem tão mal como os que estão pior, tás a ver? Portanto, os professores é que ganham mais, não são os outros que ganham menos, topas?

Outra cena que tu, jovem, ainda podes tipo pensar é “Se calhar, o professoredo trabalha pouco e dá aulas de merda e, portanto, não merece ganhar tanto.” Aqui, és capaz de, se calhar, ter alguma razão. É verdade que os resultados de vários testes internacionais feitos ao longo dos últimos anos falam das melhorias dos resultados dos alunos, mas há outra cena que tipo tens de perceber: em Portugal, quando as coisas melhoram, foram os ministros e os governos e assim; quando fodeu, foram os professores. Seja lá como for, os profs, como ganham bués, estão-se um bocado a cagar, porque os ricos são mesmo assim.

Há aí profs a mostrar recibos de vencimento, naquela de mostrar que ganham menos, mas, ó jovem, por favor! Tá-se mesmo a ver que é tudo falso! Já viste algum rico reconhecer que é rico?!

Ainda por cima, jovem, os profs, que já ganham bués pastel a fazer merda, ainda fazem greves e manifestações e queixinhas, mesmo tendo mais do que merecem e ainda mais do que é preciso. Até por isso, vale a pena ser prof, jovem. Parece que és otário, ‘da-se! Não fazes nenhum, quando fazes, fazes merda, fazes greves, para fazer menos e para fazer mais merda, e ainda te pagam pra cima de bué!

E como são queixinhas, andaram a escrever para os jornais. O Público, por exemplo, acrescentou uma actualização no fim da notícia sobre as cenas lá da OCDE, em que reconhecia que, afinal, não era bem assim. Os queixinhas vieram dizer que, ah e tal, deviam era ter feito outra notícia com outro título, mas é malta que é queixinhas, é pipol muito fraco, como se os jornais não soubessem tipo.

É ridículo não quereres ser prof, jovem! É tão ridículo como acreditar que há cotas que sabem falar ou escrever como os jovens!

Comments

  1. Simplesmente, brilhante

  2. JgMenos says:

    Não li tudo mas percebi a ideia.

    Há por cá uns licenciados em engenharia a serem pior pagos dos que os picheleiros e os electricistas que supervisionam, mas os licenciados/professores, porque são muito poucos e muito qualificados, só podem comparar-se com o que melhor que haja por esse mundo.

    Compará-los aos parolos dos tugas é grave ofensa à sua excelsa excepcionalidade que, em fim de carreira, lhes deve assegurar uma reforma recheada de excursões planetárias.

    • António Fernando Nabais says:

      “Não li tudo mas percebi a ideia.”

      Ah, a leveza da adolescência!

    • ZE LOPES says:

      Eu gostava de ver V. Exa. a defender o que diz em frente ao Bastonário da Ordem dos Picheleiros! Apanhava uma marretada que nunca mais se limpava!E era bem feito!

  3. Adão Fonseca says:

    “Mas, se calhar, os outros é que estão mal e deviam lutar para melhorar a vida!”

    Pois, mas os outros trabalham mas empresas privadas que já não podem aumentar-lhes os salários sob pena de fecharem portas por falência e em grande medida porque são esmifradas pelo Estado para pagar altos salários aos seus funcionários.
    Assim clarinho que é para professor :os proletários da privada a trabalharem para a aristocracia da função pública.
    A escravatura moderna em todo o seu esplendor.

    Adão Fonseca

    • António Fernando Nabais says:

      A malta é jovem e, às vezes, não mede bem as palavras. É claro que não é fácil lutar nas empresas privadas, em que os trabalhadores ficam à mercê de mais arbitrariedades. Quanto ao resto, o Adão é um rapaz com piada: os altos salários dos funcionários, a aristocracia da função pública, tudo boas piadas. Parabéns!

    • Paulo Marques says:

      ” são esmifradas pelo Estado para pagar altos salários aos seus funcionários.”
      Olhe para cima que vê melhor. Isso e a falta de procura.

    • Mónica says:

      A sua escravatura é a mental, de acreditar nessa falácia que os seus impostos pagam os salários à função pública. Por acaso pagou para aprender a ler e escrever????

  4. Ó menos, eng. a ganhar menos que pichelheiros neste momento? Sabes que o jornal do incrivel ja fechou, não sabes?

  5. Ana Maria says:

    Os professores do ensino básico e secundário são o supra-sumo da competência nacional e absolutamente intocáveis. Tudo o que lhes possam dar é sempre muito menos do que merecem. Nunca falham, são tão perfeitos e sábios que todos os erros e imperfeições são derivados dos alunos, dos pais, das ordens do ministério (por acaso o único ministério composto quase totalmente por professores), ou até das alterações climáticas…

    São uma casta tão especial que são os ÚNICOS funcionários do Estado que não precisam de prestar provas de acesso para exercerem e para entrarem nos quadros.

    Reclamam, reclamam, reclamam, dos salários, das colocações, dos pais, dos alunos, dos funcionários, das direcções, mas nunca querem mudar de profissão. Estranho , não é?

    • António Fernando Nabais says:

      Ó Ana, que resumo espectacular! É que o texto é mesmo sobre as virtudes absolutas e indiscutíveis dos professores! A Ana tem olho para estas coisas da interpretação textual.
      E, realmente, a equipa ministerial é quase totalmente composta por professores do ensino básico e secundário, como, de resto, acontece há anos.
      E é igualmente espectacular aquela de os professores serem os ÚNICOS funcionários do Estado que não precisam de prestar provas de acesso para exercerem (porque não são licenciados e não fazem estágio pedagógico) e para entrarem nos quadros (porque não acumulam experiência, porque não fazem acções de formação e porque muitos são contratados há anos, o que prova que são necessários ao sistema desde que não entrem para o quadro).
      É, ainda, maravilhosa a ideia de que sempre que alguém se queixe ou proteste deveria mudar de profissão, como se o problema estivesse na(s) pessoa(s) e não nas asneiras feitas contra a profissão (no fundo, bastaria de mudar de pessoas e não de políticas, porque só os profissionais é que estão errados). Entretanto, os jovens não querem ser professores. Estranho, não é?
      Finalmente, diga lá, Ana: afinal, quanto ganham os professores em início de carreira?
      Muito obrigado, Ana, por ser como é: confirma-se que o país está cheio de gente bem formada e bem informada.

      • Ana Maria says:

        É interessante sabermos que os professores (das universidades) que ensinam os professores a serem professores têm de fazer provas para acesso à função. No entanto, os seus formandos não precisam de o fazer! O mesmo acontece, por exemplo, com um neurocirurgião, que nunca tem menos de 14 anos de formação e múltiplos estágios, mas que não entra nos quadros sem prestar provas. Claro que um neurocirurgião é um reles trabalhador braçal quando comparado com um excelso professor de filosofia ou de religião e moral!
        Saberá o senhor doutor Nabais quanto recebem os funcionários superiores do regime geral da administração pública, mesmo os que têm responsabilidades muito maiores do que os professores, como responsáveis de obras públicas, de segurança pública, etc.?
        Sugiro que consulte o quadro dos funcionários dos serviços ministeriais e veja se não é verdade que o Ministério da Educação é composto quase exclusivamente por professores, milhares deles. Esse peso corporativo não existe em mais nenhum ministério! São professores quem manda em professores. Sempre foi assim e foi graças a isso que os professores, outrora realmente mal pagos, se tornaram um corpo de elite, com estatuto privilegiado e distinto dos restantes funcionários públicos.
        O que foi afirmado é que os professores têm vencimentos superiores à média dos restantes quadros superiores do Estado, o que é inteiramente verdade.
        Não é surpreendente que os jovens não queiram ser professores porque não desejam perder tempo e esforço em formação numa área que não garante emprego e que, atendendo à demografia, necessitará cada vez menos de gente. Se não tivessem inventado a treta de meter milhares de professores sem funções pedagógicas, a pastar em bibliotecas e quejandos, e a atribuir horários de 10 e menos horas, à custa do erário, ainda haveria mais professores de sobra do que já existem.
        Os professores são profissionais tão extraordinários que conseguem culpar tudo e todos pelos seus males mas não conseguem jamais efectuar uma autocrítica. Este comportamento tem um nome na Psicologia. Certamente que o sábio doutor e pedagogo Nabais sabe do que se trata…
        Finalmente diga lá, doutor Nabais, quanto é que ganha um médico em início de carreira? (Claro que um médico não vale nada se comparado com um excelso professor ou educador de infância, não é?)

        • António Fernando Nabais says:

          Aplausos e mais aplausos! Como toda a gente sabe, criticar as políticas educativas é o mesmo que dizer que os professores são os melhores do mundo e é também o mesmo que dizer que todas as outras profissões e respectivos profissionais são refugo e lixo e porcaria. Ana, tenha cuidado, que esse excesso de literacia até lhe pode trazer problemas glandulares ou coiso.
          A notícia que eu li e que está “linkada” mais acima refere-se a uma comparação com “licenciados” e não apenas com licenciados da Administração Pública. A Ana deve ter lido a mesma, mas melhor.
          O despedimento de professores não é consequência do aumento do número de alunos por turma ou de muitas outras alterações também a nível curricular. Não há como ler os especialistas como a Ana a explicarem que a demografia resolve tudo
          Os professores que trabalham nas estruturas intermédias da Educação têm, tal como os que estão nas escolas, independência absoluta relativamente aos responsáveis políticos, simples joguetes nas mãos dos professores todos. Aliás, isso, mais uma vez, ficou confirmado, quando o Ministério, curvando-se ao poder dos professores, concedeu a recuperação total do tempo de serviço a todos os professores, esses poderosos.
          Como eu sou professor, e, portanto, muito limitado, só conheço professores e só sei o que se passa entre os professores. Os professores, como se sabe, só podem ser filhos de professores, sobrinhos de professores, pais de professores e comem comida de professores, pelo que não sabem nada sobre outras profissões. É malta muito fechada, mas ainda bem que a Ana passou por aqui para explicar tudo. Obrigado.

          • Adão Fonseca says:

            Ó Nabais, fda-se , mete lá a violinha no saco e vai embora que já apanhas-te o suficiente na “tromba”, não achas .
            Parabens Ana Maria pela paciencia em desmontar estes argumentos de merceeiro do ridiculo Nabais.
            E essa de ninguém querer ser funcionario teve piada … quando abem concursos para 10 aparecem 1000 ( isto também é mentira não é ? ). Ta f
            der…

            Adão Fonseca

          • António Fernando Nabais says:

            Ó Adão, obrigado pela preocupação com a minha tromba, mas a Ana sabe tanto de Educação como o Adão de ortografia. Não sei se “apanhas-te”.

        • Mónica says:

          As pessoas não sabem, melhor NÃO QUEREM SABER (porque se não, não teriam motivos para vir destilar ódios e descarregar as suas frustrações na Internet) a realidade de ser professor. Para se ser professor a grande maioria fez para além do curso, um ano de estágio numa escola a dar aulas e a ser avaliado por isso. A nota final conta para a graduação que é usada nos concursos.

          • JgMenos says:

            Mas que prova tão horrível!
            A partir daí é praticamente automático.

            Excluída a cena gaga das colocações o professorado só tem é que lutar por melhor ensino.
            Salário é desde há muito um exagero.

    • Paulo Marques says:

      A Ana Maria podia-se queixar de como lhe roubaram grande parte do rendimento ilegalmente, de como o seu serviço ficou uma bangunçada sem recursos que possam garantir um mínimo de qualidade ou de como acaba por ter que pagar metade das deslocações de serviço do bolso por causa de requisitos parvos e impossíveis; podia-se também queixar-se de como os seus colegas comeram e calaram para as coisas ficarem no estado de quase colapso.
      Não, queixa-se de quem faz por evitar que isto se torne um país falhado como a Grécia e tantos outros onde passa o FMI, só porque não perderam tanto (supostamente) a nível profissional. Não admira que o país seja um modelo para a Eurolândia

  6. maria conceição gomes says:

    Realmente os professores não sabem fazer autoavaliação e autocrítica, por isso atribuem o seu desgaste ao facto de terem que educar alunos cujos pais fizeram essa autocrítica como educadores e concluíram que que os os seus filhos foram por eles muito bem educados em termos de valores e respeito. Certamente basearam a sua educação em discursos idênticos aos da Ana e por isso os seus rebentos são o que de melhor há em termos educativos. Lanço então um desafio à Ana e a quem se revê nas suas apreciações: leccionem durante um dia as turmas do(s) seu(s) filho(s) e depois venham dizer da sua justiça.

  7. JgMenos says:

    E os sindicatos?
    São quantos?… e todos ao mesmo.

    Mas só para folgas de serviço sindical deve ser conta taluda.
    Bem organizado dá para umas tantas rodas de amigos.

    • Paulo Marques says:

      E papagaios da Goldman Sachs, são quantos? Algum já sabe fazer contas?

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