
Imagem daqui: http://vagueando.forumeiros.com
O ethos que caracteriza o nosso actual universo cultural, social e político é o resultado das profundas transformações operadas nesses três níveis da ordem colectiva, determinadas pela imposição, à escala global, de um modelo de civilização que desvalorizou radicalmente o ser vivo e o conceito ecológico e homeostático de sociedade.
No que toca ao poder político – subsidiário do poder financeiro -, estabeleceu-se o princípio de que à Ética, enquanto super-estrutura filosófica e operativa que dirige o pensamento e a conduta, era exigido um alargamento do seu repertório de possíveis, no quadro de uma reinterpretação dos limites da Ética da Responsabilidade, expandindo-os até que estes coincidissem geometricamente com os limites da Lei. Assim se obteve, através desta coincidência, a equiparação prática entre aquilo que é aceitável, do ponto de vista da Ética, e aquilo que é Legítimo, do ponto de vista do Direito.
A partir do momento em que é socialmente aceite que Ética e Lei sejam coincidentes, o valor abstracto da primeira dissolve-se no poder material da segunda, passando a Conduta a ter como único e exclusivo vigilante a figura do Legislador. Daí que seja fundamental, aos que sentem a sua conduta oprimida pelo espartilho filosófico e operativo da Ética, agora dissolvida na Lei, exercer sobre esta total soberania, tornando-a matéria plástica, moldável ao sabor da sua ordem.
Chama-se a isto barbárie.
pois é, pois É,
Bom fim de semana
&
bom início da Primavera !
-.-
(tive que ir lá 😉 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ethos)
Parabéns. Excelente texto.
Onde isso já lá vai… não é a lei que dita a ética, são os mercados.
Os seus comentários são sempre um ensinamento. Muito obrigado.
Eu não estou a discordar do meu Gaiense favorito (bem, talvez), de todo, estou a teorizar sobre a principal razão pela qual o assunto não é visto como sendo importante.
Nos casos em que chega a ser importante para o discurso público há outra razão, o clubismo, mas é sintoma do mesmo cada um por si relativista que vende o neo-liberalismo.
Esquece-se o autor de estabelecer o quanto da lei é negado pela ética de uns tantos grupos para quem a homeostasia é o oposto de um progressismo sem limites, que nem à ciência cede quanto mais à ética.
Não, não esquece.
Deixe lá, não faltam juízes que mantenham a misoginia e o racismo, a começar por Porto e Lisboa.