Passos Coelho tem razão

Fotografia: ZAP

Fazei soar os sinos! Pedro Passos Coelho apareceu às ovelhinhas, a pairar sobre a torre de observação da direita oprimida, para cantar hossanas a Joana Marques Vidal, que tão gentilmente viu o seu Ministério Público arquivar o processo Tecnoforma, apesar das dúvidas dos deuses de Bruxelas.

Temendo pela saúde dos seus, ex-primeiro desceu à Terra, não sem antes espreitar se o Diabo estaria à espreita, e disparou chumbo grosso contra a decisão de Costa e Marcelo, como compete a um ex-primeiro no exílio. Denunciou a ausência da “decência de assumir com transparência os motivos que conduziram à sua substituição”, indo ainda mais longe ao afirmar que “sobra claro que a vontade de a substituir resulta de outros motivos que ficaram escondidos”. 

Passos Coelho tem razão. A substituição da procuradora, sem motivo aparente, apesar do bom trabalho que, não sendo perfeito, teve momentos inéditos, levanta dúvidas. Mas só a quem não está minimamente atento. Na Procuradoria-Geral da República, como na Segurança Social ou noutras dependências do poder executivo, que nomeia a bel-prazer, as escolhas são, regra geral, condicionadas por critérios que visam o reforço e a manutenção do poder. É assim com Costa, foi assim com Passos e com todos os que o antecederam. E é natural que Passos, tal como outros altos oficiais do antigo regime, se sintam incomodados com isso. Afinal, aquela que eles escolheram para liderar o Ministério Público já não ocupa o cargo de PGR. Querem ver que é desta que o caso Webrand vem à tona? Ou que desarquivam esse ícone maior da transparência, no que a fundos europeus para a formação diz respeito, de seu nome Tecnoforma? Será que é desta que o Sócrates se safa, com uma avultada indemnização e boas perspectivas de chegar ao Palácio de Belém? Ou que Marcelo regressa ao iate de um absolvido Ricardo Salgado, para umas merecidas férias sem selfies? Ninguém sabe o que aí vem. Mas uma coisa parece certa: ao contrário do que afirma Passos, a acção penal continuou a tratar de forma diferenciada “alguns privilegiados”. Ou será que já nos esquecemos que a cúpula da trafulhice que assolou este país durante décadas continua cá fora, a viver “razoavelmente” bem?

Comments

  1. JgMenos says:

    Houve um tempo em que ‘dar destino aos fundos de qualquer maneira’ era política pública.
    Pouco a pouco a UE foi pondo ordem na bandalheira,
    Hoje em dia a balda requer sofisticação de meios.

    Já a corrupção interna, continua a grassar sem obstáculos de maior.

    A PGR era uma ameaça crescente. Veremos ao que vem Gago (nome que me lembra um ministro PS – não de má memória)
    .

    Quanto à Tecnoforma, qual era o papel do PPC? Accionista?Administrador? Consultor?

    Vão atirando lixo para ocultar o lodo endémico socialista.

    • Paulo Marques says:

      Os fundos europeus continuam a ser o suborno aos políticos sérios e responsáveis para não questionar a eurolândia.

    • doorstep says:

      O “papel” do PPC? Era AdN – “Apanhador de Notas”. As que podia (sem h), pois, segundo fontes mais fidedignas do que as que disseram ao Expresso que a PGR era da Joana – salvo seja! – o Dr. Relvas passava a perna alarvemente ao coitado e só lhe deixava as de 5…

    • ZE LOPES says:

      “Quanto à Tecnoforma, qual era o papel do PPC? Accionista?Administrador? Consultor?”

      V. Exa. nunca ouviu falar no mistério da Santíssima Trindade? É semelhante!

  2. Só falar Passos Coelho agradecer ao Tribunal de Coimbra, fiel defensor dos princípios do respeitinho e sempre na defesa de quem manda.

  3. esteve,ayres says:

    Coelho (PSD)e o seu governo com o Portas e Cristas(CDS), foi um dos governos de traição-nacinal, com o apoio do Cavaco(PSD). Não preciso de escrever mais nada…

  4. António Afonso says:

    Só pode ser agente do Costa (ou do Sócrates) para dizer tanto disparate!

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