O Brasil quer mesmo uma ditadura?

Jair Bolsonaro não é homem de rodeios. Diz ao que vem, com todas as letras, de forma tão cristalina que ninguém pode alegar não saber ao que vai. Votar Bolsonaro significa votar num regime que discrimina e persegue com base na cor, no género, na orientação sexual ou na ideologia politica. Um regime que defende a tortura, a pena capital, a morte de inocentes como meio para uma estranha forma de ordem social e a posse generalizada de armas de fogo. Que promove a desinformação, o ódio e a rejeição da laicidade do Estado, cruzada que partilha com as seitas evangélicas que exploram, sem vergonha ou escrúpulos, milhões de brasileiros. Que é partidário da violência, da censura e de todas as outras formas de repressão. Votar Bolsonaro, é votar na instauração de uma ditadura. É votar para não mais votar.

Estudos de opinião levados a cabo recentemente indicam que cerca de 27% dos inquiridos é favorável à instauração de uma ditadura no Brasil, que é o que na prática significa votar em Jair Bolsonaro. Não são meia-dúzia de gatos pingados. Admito que o historial de criminalidade que caracteriza a classe política brasileira, a todos os níveis e em toda a extensão do seu espectro político, possa levar alguns a procurar discursos bélico-messiânicos, desenvolvidos de forma cirúrgica para apelar aos instintos mais primários do seu humano, focados em dividir pela diferença e pela criação de inimigos comuns. Mas desde quando é que uma ditadura é a solução para o que quer que seja?

O cenário torna-se ainda mais preocupante dada a plasticidade da política brasileira. Da mesma forma que Temer foi vice de Dilma, a possibilidade de outros partidos se unirem em torno de Bolsonaro, sejam eles de esquerda ou direita, é real. A história recente da política brasileira mostra-nos isso. O próprio Bolsonaro, totalitário, não admite outro cenário que não a sua vitória, o que nos diz muito sobre o que acontecerá à frágil democracia brasileira caso seja eleito. Será esmagada.

Será que o Brasil quer mesmo uma ditadura? Será que os brasileiros querem viver num apartheid governado por um tiranete sem escrúpulos, sem vergonha, sem respeito por ninguém, sem um pingo de humanidade? Quem é que quer viver numa trituradora de direitos e liberdades, sujeito aos preceitos mais fundamentalistas de uma falsa moralidade, não muito diferente daquilo que é a realidade do Daesh ou do Boko Haram? Que tipo de pessoa vota na obliteração da sua própria existência e livre-arbítrio? Felizmente, um estudo da Datafolha revela que ainda há esperança para a segunda volta. E seja qual for o cenário, será sempre melhor do que eleger um tipo a beira do qual Donald Trump parece um menino de coro. Um tipo que tem tudo para ser o próximo BFF de Kim Jong-un, Rodrigo Duterte ou Steve Bannon. Ele não, Brasil.

 

Comments

  1. Lucinha Pisarro says:

    Percebo que esse “João” não sabe de nada…

    O Brasil deseja mudanças! E vamos mudar!

    O bêbado ladrão lula (minúsculo mesmo) continua preso.
    E vários dos seus cúmplices!
    O ladrão mor deste imenso país quase acabou com o Brasil.
    E agora quer eleger um POSTE!

    Escreva aí “seu João”

    BOLSONARO SERÁ O FUTURO PRESIDENTE DO BRASIL 👏👏👏👏👏👏

    E vai ter festa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    • João Mendes says:

      Vai ter festa vai. Festa de tortura, homicídio, perseguição e violência indiscriminada. Quando chegar a sua vez de levar no focinho, não se esqueça de agradecer ao Bolsonaro por ter acabado com a sua liberdade. Aliás, agradeça-lhe também passar a ser cidadã de segunda, que é que as mulheres são para ele. Como é que é? Deu uma “fraquejada” e saiu uma mulher. Boa sorte, imbecil.

      • Miguel Bessa says:

        Malandras das pessoas que não sabem votar! Não sabem seguir o que os defensores do Povo vos indicam?

        • João Mendes says:

          As pessoas votam em quem quiserem. Mas votar para perder esse direito é estúpido.

        • Manuel Silva says:

          Senhor Bessa:
          Foram as pessoas que votaram no Hitler.
          E, depois do golpe inicial, no Mussolini.
          E em muitos outros ditadores.
          Excepto nos marxistas, em que os 99% das suas vitórias são meramente fictícios.
          Mas depois de votarem, as pessoas sofrem as consequências: boas ou más.
          É evidente que, em democracia, são as pessoas que decidem.
          Mas nem sempre decidem bem.
          E não se pode criticar um governante eleito democraticamente?
          O senhor nunca criticou nenhum?
          Nem um candidato?
          Este senhor Bessa é um santo.

        • Rui Rodrigues says:

          Miguel Bessa, o Lula ganhou sempre democraticamente e todas as sondagens indicam que, se não fosse impedido de concorrer por um poder judicial não eleito e com uma agenda política evidente, ganharia de novo sem quaisquer problemas a qualquer Bolsonaro. Mas se calhar aí, o Bessa não já não vê tão claras as vantagens da democracia…

          • João Mendes says:

            A questão é essa: no caso do Brasil, o Bessa só vê vantagens na supressão da democracia. Daí a defesa empenhada de Bolsonaro.

    • ZE LOPES says:

      Hei, Lú: qui é aquela coisa à frenti de “futuro Presidente”? Cê tá esvasiando mais frigorífico, é? Qui frigorificão!

      Sim, Lu, Bolsonaro tá quasi Presidente! E vossa ecelência tem futuro lá na DISA! Sim, porque cada comentário de Vossa Ecelência é uma perfeita tortura!

      Viva!!!!!!!!!!!!!! A direita é uma babacada!

    • brasucafora says:

      “E agora quer eleger um POSTE!”

      “Escreva aí “seu João””

      Em português por favor

      Em crioulo não

  2. Lucinha Pisarro says:

    ELE#SIM

  3. Não dizem que a democracia é o melhor dos sistemas? Então deixem os brasileiros, livremente, escolher. Nem que seja um ditador. Se é o que eles querem, ninguém tem nada que ver com isso. Só mesmo eles que lá vivem.

  4. Miguel Bessa says:

    Mas o Trump não é Hitler? Afinal este ainda é pior? Para si todos são Hitlers! Provavelmente na realidade nenhum o é e não passa de name calling.

    • ZE LOPES says:

      Deixo aqui um estracto do Samba Enredo da Iscola di Samba Cá Gadela:

      “Vou votá por Bolsonaro,
      Vou votá bem dipressa!
      Pr´a dipois de ilegir Bolsonaro,
      Botar di costas Miguel Bessa!”

      É em sua hominagem, Bessão! Não dá di cabra não!

    • ZE LOPES says:

      Hei Bessão! Viva Bolsonaro. tal como diz o refrão do cèlebre samba enredo da iscola di samba Cá Gadeira:

      “Vamos ileger Bolsonaro!
      Vamo já, rapidamente!
      Dipois d’eleger Bolsonaro,
      Fic’ó Bessa cá prá a gente!”

    • Paulo Marques says:

      Nisso tem razão, Hitler só houve um, mas isso não quer dizer que não faltem fascistas reaccionários. Quer Trump, quer Bolsonaro são dementes sem qualquer competência mesmo sem anos de meta-anfetaminas, pelo que a comparação faz pouco sentido.

  5. JgMenos says:

    « Mas desde quando é que uma ditadura é a solução para o que quer que seja?»

    Já se têm visto por aí, e em alguns lugares são muito reputadas; veja o caso de Cuba: pouca criminalidade apesar de andarem meio-esfomeados, polémicas poucas e a corrupção tem um muito limitado número de actores.

    • Paulo Marques says:

      Eu a pensar que ia mencionar a Arábia Saudita ou o Chile de Pinochet ou qualquer outro país com os “nossos fIlhos da puta”.

    • Carlos Almeida says:

      O caríssimo Igmenos, já visitou Cuba ?

      Ou fala por ter ouvido falar ?
      “pouca criminalidade apesar de andarem meio-esfomeados”
      Não percebi se lamenta a “pouca criminalidade” ou se manifesta alegria ao dizer que “apesar de andarem meio-esfomeados”

      Já estive em Cuba e não confirmo o motivo da sua alegria, mas verifiquei a ausência de criminalidade

      Porque é que não fala em Israel, onde os Israelitas de origem árabe não têm direitos e os Palestinianos são mortos pelas tropas sionistas ao menor pretexto.

      • JgMenos says:

        Já por lá estive uns dez dias e devo acrescentar que o que lá há para roubar é tão pouco que tenho de admitir que esse seja um fator relevante para a baixa criminalidade.

        • Carlos Almeida says:

          O que havia para roubar já o F Batista e os “amigos americanos” tinham roubado há 60 anos atrás. E com a continuação do boicote económico por parte dos mesmos admira-me é que em Cuba, não haja a fome que insinuou inicialmente. Quem fala de “meio esfomeados” em Cuba não conhece a miséria que existe nos países da África Ocidental, nomeadamente na Guine Bissau.

        • ZE LOPES says:

          Muito bem! Está provado! E, já agora, quanto menor for uma população, menos assasínios. Há menos gente para matar!

          Aliás, estamos a caminho da segurança total!

    • Ouvi aqui falar em “gente esfomeada” em Cuba.
      Por acaso sabem que no país do admirável capitalismo selvagem (Estados Unidos) há 41 milhões de sem abrigo com os quais ninguém se preocupa? Vou repetir: 41 milhões de sem abrigo!!!
      Quarenta e um milhões milhões é só quase toda uma Espanha cheia de pessoas que dormem na rua!

      E depois, como não sabem o que lhes fazer, mudam-nos para bem longe (incluindo para o estrangeiro) assim mais ou menos como quem não quer mais um cão e vai abandoná-lo longe de casa:

      https://www.theguardian.com/us-news/ng-interactive/2017/dec/20/bussed-out-america-moves-homeless-people-country-study

      Bem-vindos à América real:

      https://www.theguardian.com/society/2017/dec/15/america-extreme-poverty-un-special-rapporteur?CMP=share_btn_gp

  6. Maria Costa says:

    As pessoas em Cuba passam fome e vivem literalmente na miséria. Prisioneiros de um país, não obrigada.

    • Paulo Marques says:

      Coisa que, aliás, não existe nem na União Europeia nem nos iluminados Estados Unidos, isso são fake news e pessoas de raças inferiores.

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