Cristãos Violentos

Eu já li a Bíblia inteira muitas vezes. Tudo que aprendi sobre Jesus foi lendo sobre ele.

Em uma das passagens sobre Jesus, um dos seguidores (Pedro) pega uma espada e fere um homem que estava lá para pegá-lo.

A violência foi relatada nos quatro Evangelhos (João 18:10-11, Mateus 26:51; Marcos 14:47 e Lucas 22:49-51)

Os detalhes são vários pontos de vista mas em todos Jesus cura o homem ferido. No livro de Mateus a versão que mais admirei:

52 – “Então Jesus lhe disse: Embainha a tua espada; pois todos os que tomam a espada, morrerão à espada”.

Hoje nas eleições brasileiras vejo “cristãos” fazendo o símbolo da arma como símbolo de intenção de voto e decretando a morte alheia. Respiro fundo e penso naquele Jesus.

Comments

  1. Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

    Até ao aparecimento do Humanismo, algures em fins do século XV, a sociedade era manifestamente violenta. De lá para cá, vimos assistindo a avanços e recuos, embora creia que, grosso modo até ao fim dos anos 80 deste milénio, os avanços foram quase sempre superados pelos recuos.

    Hoje a ordem é diferente e o avanço do capitalismo pela mão do famigerado neoliberalismo está a provocar uma evidente recessão onde os conceitos de moralidade, de cidadania e de justiça, são claramente desvirtuados e atropelados, sendo defendidos a troco da ameaça, da chantagem e dos temores de um qualquer armagedão que se anunciou e ainda hoje se anuncia . É neste contexto que a actual “ordem” faz apelo à violência, em nada diferente dos temores lançados no tempo das cruzadas ou da Inquisição ou mesmo da evangelização IURD, só para citar três exemplos.

    Vejo muita gente preocupada – com razão, entenda-se – com o Brasil, parecendo esquecer que a mesma ordem fascista que por lá se prepara, se levanta hoje em países europeus, como a Polónia, a Hungria, a Roménia ou mesmo a Itália e a Áustria.
    O problema de fundo da sociedade é, claramente um problema educacional e cultural e tem raízes profundas num povo abastardado, desinteressado e fútil.
    E quando isso acontece, o campo é fértil para a utilização do recurso à violência e aos regimes fascistas.

  2. Paulo Marques says:

    Os cristãos são muito pouco cristãos.

  3. Com a suposta permissão do autor :

    ” …

    O meu Tio Olavo costumava dizer que “o fim do mundo não é esse fim do mundo todo que as pessoas pensam”. Costumava. Mudou de opinião. É que ele tem, como eu, uma quantidade imensa de brasileiros a frequentar o timeline do Facebook.
    Onde antes pululavam gatinhos e frases bonitas assinadas por Machado de Assis, Fernando Pessoa e Clarice Lispector, mesmo que nunca ditas pelos próprios, agora há ofensas em caixa alta, ameaças seguidas de múltiplas exclamações e muitos emojis zangados ou a vomitar.
    As recentes eleições transformaram as redes sociais brasileiras em batalhas campais, em que familiares se ofendem, amigos se insultam, conhecidos se bloqueiam.
    Isto nem é muito novo, apenas ganhou mais expressão. Desde as precursoras caixas de comentários dos jornais online (lar das mais bizarras opiniões, reduto dos que só são valentes por trás do anonimato) que a insanidade verbal se tornou o novo normal. O problema é que o que era só virtual vazou para o mundo real.
    O provável futuro Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, já avisou que o que os seus militantes fazem não é da conta dele. Ou seja, assobiou para o lado pois sabe que uma vez a porteira aberta a boiada não tem mais controle.
    Como todos os líderes extremistas, Bolsonaro funciona como o fulano que cobre a floresta de querosene, mas não se considera incendiário, pois quem levou o isqueiro foi um amigo. E, assim, alguns milhões de brasileiros mostram ao mundo o que há de mais feio, rude e violento.

    Peço desculpas antecipadas aos eleitores de Bolsonaro que não fazem parte da imensa militância fascista que o acompanha. Mas, diz-me com que votas e tirarei algumas ilações sobre quem és.
    Para os que gostam de relativizar, o argumento que os petistas também eram e são chatos e radicais, apesar de verdadeiro, não serve como justificativa para os péssimos comportamentos da nova direita.
    Os novos bárbaros misturam-se aos bem-intencionados, desinformados, ingénuos ou revoltados contra o sistema criando o caldo de cultura que dá força a um verdadeiro gangue que quer ditar comportamentos (“Morte aos maconheiros”, “Vamos acabar com a ditadura gay”, “Quem adora o diabo que vá para o inferno”), reativar preconceitos (“Lugar de negro é na senzala”, “Brasil: ame-o ou deixe-o”, “Mulher é ser inferior”), regredir a um passado que só na cabeça deles era bonito, limpo, honesto, seguro, onde todos eram felizes e os rios eram de chocolate.
    A narrativa de Bolsonaro é tão eficaz quanto irreal. O que faz lembrar Aristóteles que alertou na sua “Poética” o quanto o ser humano tinha necessidade de ficcionar o mundo. Só tenho pena que o meu Brasil está a um passo de optar em se tornar um filme de época, em preto e branco e de terror.»

    Edson Athayde

  4. Rui Naldinho says:

    Não existem cristãos violentos. Existe sim gente violenta, alguns e gente não violenta, bastantes. Mas existe também gente alienada, o que ainda é pior. Muito pior. Com a mente subjugada a uma doutrina religiosa, tal como alguns se deixaram no passado alienar por algumas ideologias que preconizavam a teoria do: Ou eu, ou o caos.
    É por isso que eu não acredito nas confissões religiosas. São todos uns charlatães. Os políticos, apesar de tudo, estão num patamar melhor.

    • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

      Subscrevo o que escreve, excepto a parte relativa aos políticos. Estes, na minha opinião, estão num patamar bem mais baixo e explico-lhe porquê.
      Torquemada, um monstro acreditava que praticava o bem queimando hereges e portanto, tinha um padrão de comportamento rectilíneo (o que é diferente de correcto, entenda).
      Os políticos apenas se acreditam no poder dos votos, aquilo que lhes permite, ou não, continuar com certas mordomias e poder, o que torna o seu comportamento perigosamente aleatório e dependente do “vento” que sopra.
      Desculpar-me-á, mas no actual contexto, o político como se apresenta e actua, é um poderoso cancro da sociedade, capaz de defender o A e o Não A, ao mesmo tempo. É, na minha óptica, aquilo que se designa como entidade perigosa e letal para a democracia.

      • Rui Naldinho says:

        Ainda assim, eu considero o político, e refiro-me mais às democracias, personagens menos detestáveis.
        Um político tem convicções, tem demagogia, faz-se de sonso, é corrupto, mas é ao mesmo tempo destronavel.
        Os chamados grupos religiosos, ou se quiser as lideranças das confissões religiosas tem um poder absoluto sobre as mentes dos seus crentes. Daí afirmarem que não se discute a infalibilidade do Papa, no domínio do religioso, por exemplo. Ou a virgindade de Nossa Senhora.
        O republicanismo não é mais do que o triunfo do laicismo sobre o clericalismo, assente na ideia de que o Rei, o monarca, herdeiro da coroa por via dinástica, era uma entidade abençoado por Deus.

        • Ernesto Martins Vaz Ribeiro says:

          Completamente de acordo consigo, mas o problema está no “destronável”…
          De facto, assim se destrona um, aparece outro igual a ele, com os mesmos tiques e verborreia.
          Se quiser, veja o caso de Portugal, desde há 43 anos com o arco da governação, onde é obsceno o encobrimento de actos ilegais, de verdadeiros cartéis e divisão dos tachos de forma a protelar o sistema.
          Mas há mais: com o ar monolítico de instituições como a Igreja, posso eu. Só lá vou se quiser e não há qualquer obrigatoriedade de os ouvir ou seguir.
          Infelizmente, na política, temos mesmo que os gramar, mesmo percebendo que somos sodomizados com tanta mentira e falta de coluna vertebral.
          O caro Rui Naldinho perdoar-me-á, mas acredite que detesto visceralmente esta corja de políticos que hoje dizem servir-me … Mas não é por isso que deixo de votar, pois creio na democracia 🙂

  5. Jesus: o gajo de quem tanto se fala há tantos séculos, mas de quem não existe uma só prova (nem uma pinturazinha da época) que tenha existido.

    E não deixa de ser muito curioso que, há medida que a sociedade foi evoluindo, que as pessoas passaram a saber ler e escrever, que deixaram de ocorrer milagres e aparecimentos com aquela invenção às três pancadas da Cova da Iria…

  6. E em Homero, você acredita? E Pitágoras? Conhece alguma pinturazinha da época de Pitágoras? E Flávio Josefo, acredita? E no verbo haver, acredita?

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